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quinta-feira, 28 de março de 2024

Repressão: carta aberta de três presas políticas no Equador

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Hoje, 8 de março de 2012, nós, que nos encontramos presas em uma penitenciária feminina do setor Inca simplesmente por pensar diferente do critério oficial do regime, estendemos nossas fraternas saudações a todas as mulheres que lutam cotidianamente por um país diferente e mantemos nosso compromisso de continuar firmes em nossas posições críticas.

Ao mesmo tempo denunciamos a demagogia, a prepotência e o autoritarismo de um governo que enquanto diz respeitar os direitos da mulher, na prática demonstra o contrário quando persegue, molesta, insulta, denigre e inclusive prende quem de maneira legítima diverge dele e se preocupa com as condições em que vivem as maiorias populares.

Somos mulheres que nos perguntamos: do que nos acusam?

Talvez por me chamar Cristina Campaña, de ter estudado incansavelmente, tendo méritos que me permitiram viajar a diferentes países por meus estudos ou ao encontro de mulheres de base para discutir os direitos da mulher, ou talvez por ter sido eleita para diferentes cargos como dirigente estudantil na Faculdade de Ciências Administrativas e ter participado das eleições da Federação dos Estudantes Universitários do Equador contra todos os candidatos governistas e ter denunciado como se violam os direitos estudantis ou como se elevam os deveres, ou será que agora também é um delito trabalhar durante anos para manter meus estudos por pertencer a uma família humilde?

Pode-se também, talvez, acusar alguém por ter 18 anos, estar grávida e se chamar Fadua Tapia e ter concluído meu bacharelado em Ciências e o bacharelado Internacional no Colégio Banalcázar, ou por ter participado em grupos de dança e ter realizado ações comunitárias como ter construído com meus companheiros um berçário em Chamal, província de Orellana, ou posso ser acusada talvez de ser uma estudante universitária que participou do Acampamento Internacional Antifascista e Antiimperialista da Juventude, na Turquia, no qual me destaquei entre a delegação equatoriana.

Ou talvez também seja um delito ser uma advogada de 28 anos de idade e se chamar Abigail Eras e morar em Cuena, onde me graduei no Bacharelado em Ciências Sociais e estudei Teatro na Casa da Cultura, Núcleo de Azuay, ou por ter sido integrante do grupo de teatro “Sonrisas” e ter realizado obras sociais, como “Clown”, em SOLCA, na área de crianças e no Hospital Vicente Corral Moscoso, da cidade de Cuenca, ou também por ter dado assistência no consultório jurídico gratuito da Universidade de Cuenca ou ser parte da Associação Feminina Universitária, ou por acaso seria agora também proibido ter um filho de três anos de idade, que se encontra sem sua mãe?

Sem dúvida está claro que somos mais que perseguidas políticas a quem nos querem rotular de maneira grosseira com a intenção de nos desprestigiar diante dos setores progressistas e da esquerda que se encontram lutando em defesa da vida, da água, da liberdade e da dignidade.

Por isso pedimos a solidariedade das organizações sociais e populares e dos homens e mulheres progressistas e democráticos e que mostrem que isso é parte do autoritarismo e das intenções de impor o medo e criminalizar os protestos sociais.

Também exigimos nossa imediata liberdade pois somos vítimas da prepotência e também somos mães, filhas e irmãs que estão tendo seus direitos violados.

Ana Cristina Campaña
Fadua Tapia
Abigail Eras

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