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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Documentos da ditadura militar são liberados

 

tio-samRecentemente o governo americano liberou a Casa Civil brasileira cerca de 538 documentos da ditadura militar, mantidos sobre sigilo até hoje pelo Arquivo Nacional dos EUA, depois da visita da presidenta Dilma Rousseff no ultimo 30 de Junho. O gesto do presidente americano foi uma espécie de tentativa de reaproximação com o nosso governo, sobretudo após as relações diplomáticas entre Brasil e EUA ficarem abaladas com as denuncias de que a Casa Branca espionava o governo brasileiro.

A documentação é composta por relatórios, memorandos, dossiês e até pesquisas sobre nossa economia, e até ordens para os militares que governavam o país e deixam ainda mais claro que o governo americano organizou, orientou e patrocinou, desde o início, as ações dos militares durante os 21 anos do regime militar. As informações eram enviadas pelos embaixadores norte americanos e seus funcionários e ocorriam quase que em tempo real.

Entre os arquivos estão, por exemplo, informações sobre o desaparecimento de Rubens Paiva, deputado cassado depois de golpe de 64 e desaparecido em 1971. Detalhe: a morte dele só foi confirmada aqui no Brasil em 2012, mas os documentos mostram que o governo dos EUA já sabia logo após sua prisão.

Outros casos que deixam claro a intervenção dos ianques é o informe da prisão de Stuart Angel (militante do MR8), também desaparecido em 1971. Sua mãe, a estilista Zuzu Angel faleceu sem ter notícias do paradeiro de seu filho, quando o governo americano possuía um dossiê sobre a prisão do militante, assim como de Carlos Lamarca, inclusive com depoimentos de ex-companheiros dele, que contribuiu para sua morte em 1971 na Bahia.

Outros documentos detalham o apoio por parte do governo brasileiro a outras ditaduras,
como no caso de 16 oficiais chilenos que aqui receberam treinamento do Serviço Nacional de Informações (SNI), uma clara ligação entre com a ditadura de Pinochet, por meio da operação Condor. O atentado em abril de 1981 ao Rio Centro com um carro bomba também foi informado religiosamente ao Tio Sam.

A descoberta desses documentos representa mais um passo no esclarecimento das atrocidades cometidas pelas autoridades militares durante os 21 anos de regime militar no Brasil bem como desmascara o caráter antidemocrático do governo americano, que além de apoiar e financiar diversos golpes em todo o mundo, escondeu (e esconde) a verdade sobre sua participação nessa vergonhosa página de nosso país, na defesa daqueles que até hoje se beneficiam com o espólio dos regimes autoritário na América Latina. É preciso que a participação do governo americano seja investigada, assim como deve haver a punição para os funcionários e diplomatas que espionaram nosso país e interferiram na vida social de nosso país, patrocinando e orientando uma ditadura sanguinária.   Uma assessoria da Comissão Nacional da Verdade vai analisar e organizar os 538 documentos, que já estão disponíveis no site do Arquivo Nacional Brasileiro.

Link: http://www.arquivonacional.gov.br

Cloves Silva, Estudante de Letras da UFRPE, MLC-PE

 

 

 

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