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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Quilombolas, representando 37 comunidades, ocupam o INCRA em Belém

Sede do Incra, em Belém, segue ocupado por quilombolas, os quais somente desocuparão o espaço após a vinda de algum representante nacional do órgão que assuma o compromisso pela titularização das comunidades.

Cerca de 100 lideranças quilombolas, de várias regiões do estado do Pará, ocupam, desde o último dia 08 de maio, a sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em Belém. A ação consiste em pressionar o órgão para agilizar os 37 pedidos de demarcação de terras quilombolas, onde mais de 25 mil pessoas habitam, dos quais apenas 7 pedidos estão em tramitação no Instituto.

A investida de milícias sob o controle de latifundiários levou a Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Pará (Malungu) a tomar imediatas providências. Grandes grupos da agropecuária e do agronegócio pressionam o Incra para não conceder a titularidade das terras, medida que coibiria a especulação fundiária e a grilagem de terras nas zonas de demarcação quilombola.

O ano de 2017 já registrou, na zona rural do Pará, índices alarmantes de violência no campo. Mais de 10 lideranças rurais foram assassinadas em emboscadas, desde Castanhal até Parauapebas. “Nós denunciamos que estamos sendo ameaçados, que tem milícia ameaçando o povo. Nós não queremos sair da terra que nós nascemos, não queremos sair de lá”, diz a quilombola Analu dos Santos.

A ocupação ocorre às vésperas do Encontro Nacional das Comunidades Quilombolas, que será realizado entre 22 e 26 de maio, em Belém. No Pará, de acordo com a Fundação Cultural Palmares, há 245 comunidades certificadas como remanescentes de quilombos. Já, segundo a Malungu, esta é uma sub-notificação, e o número de comunidades que se auto-declaram quilombolas passa de 400.

Diversas entidades, entre elas o DCE UFPA, iniciarão uma campanha de arrecadação de alimentos e produtos básicos de higiene destinada a contribuir com a luta dos quilombolas. Segundo Débora Santos, diretora do DCE pelo Movimento Correnteza, “a atual gestão, eleita com uma inédita participação massiva de estudantes quilombolas na nossa chapa, tem o dever de se somar às lutas históricas dos povos indígenas e de quilombos contra o latifúndio e as injustiças, por isso apoiamos unanimemente a ocupação do Incra.”

Matheus Nascimento, Belém

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