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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Mais de 11 mil estudantes podem ficar sem Restaurante Universitário na UFSC

Reitoria anuncia o pacote dos cortes de verbas e estudantes articulam greve universitária para defender seus direitos.

Patrícia Egerland, União da Juventude Rebelião


Foto: Cauê Baasch de Souza

LUTA ESTUDANTIL – Reunião dos estudantes pressiona o Reitor no momento do anúncio dos cortes.


SANTA CATARINA – Essa semana, o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Ubaldo Balthazar, apresentou uma nova rodada de cortes na Universidade, com medidas que preveem a redução de 1,8 milhões de reais por mês. A reitoria afirma que essas medidas devem ser tomadas para garantir o funcionamento da instituição pelos próximos meses.  

Em maio, o MEC anunciou o corte de  30% das verbas de manutenção das universidades, que incluem a contratação de serviços e assistência estudantil. Na UFSC isso significou um corte de 43 milhões de reais. Além disso, dos 70% restantes dos investimentos, foram repassados até então somente 58% (R$84.163.696,00). Nessa situação, o que foi apresentado pela reitoria é que a partir do dia 15 de setembro o RU (Restaurante Universitário) será destinado somente aos estudantes que possuem isenção – 5,2 mil estudantes -, atendidos pelo programa de assistência estudantil, deixando outros 11,5 mil estudantes sem acesso a esse direito. 

Além disso, essa nova rodada de cortes afeta também os repasses de recursos mensais aos centros de ensino, congelamento de bolsas de estágio, extensão e monitoria, além do cancelamento de contratos de serviços: até agora já foram demitidos 95 terceirizados da limpeza e segurança. A demissão desses trabalhadores já tem afetado inclusive aulas noturnas, que foram canceladas no Centro de Ciências Biológicas, por não haver a garantia de segurança para os estudantes.  

Mesmo com essas medidas por parte da reitoria e com a liberação dos 12% que faltam (R$17.819.213,00) por parte do MEC, a universidade tem seu funcionamento garantido somente até o outubro. Em reunião aberta, o reitor e o secretário de Planejamento e Orçamento, Vladmir Fey, apresentaram essas medidas e foram cobrados pelos estudantes, afinal, em que condições a universidade se manterá de portas abertas? Qual o posicionamento da reitoria frente a esses cortes do MEC?  

Nesse contexto de sucateamento do ensino público, em julho deste ano, o MEC apresentou o programa Future-se que prevê a desresponsabilização do Estado no financiamento das universidades e institutos federais, abrindo para capitalização com empresas privadas, além de ceder patrimônios da União às empresas investidoras e abrir para as Organizações Sociais a gestão das instituições federais de ensino. Desde a volta às aulas, os estudantes têm pautado o programa Future-se e mobilizado a comunidade acadêmica para debater e tomar medidas contrárias a este projeto.  

Na próxima terça-feira (3) irá ocorrer o Conselho Universitário que irá deliberar o posicionamento da Universidade em relação ao programa. Em assembleia estudantil, que ocorreu na última terça-feira (27), os estudantes já deram o recado, e não aceitarão qualquer outra resposta que não seja a completa negação de tal programa, sem nenhuma ressalva, pois não há nada desse projeto que garanta uma universidade pública, gratuita e de qualidade. Pelo contrário, o objetivo é entregar toda a produção de conhecimento de nossas instituições para as mãos das empresas. 

A comunidade acadêmica tem pautado também a construção de uma greve universitária para pressionar o MEC e barrar os cortes e o programa Future-se. Agora se faz necessária uma ampla mobilização e organização da luta pela educação em todo o país, pois somente com todas as universidades dizendo não aos cortes e não ao Future-se é que conseguiremos acabar com o descaso de Abraham Weintraub e Jair Bolsonaro com a educação.  

 

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