UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sexta-feira, 19 de abril de 2024

A solidariedade de classe do povo equatoriano é a garantia das vitórias contra o governo

Entre os dias que marcaram o levante geral do povo equatoriano, a solidariedade de classe foi uma característica marcante para as vitórias do povo contra o governo.

Thales Caramante


Foto: Jonatan Rosas/AA

QUITO – Desde que se iniciaram as manifestações dos trabalhadores equatorianos contra as políticas de austeridade do Presidente Lenín Moreno no dia 03 de outubro, uma política de classe marcante que caracterizou os momentos mais pacíficos dos dias, era a total solidariedade de classe entre todos os lutadores e lutadoras do país.

Mesmo diante de cercos polícias, cavalaria, blindados da polícia e do exército, o povo se manteve unificado e, sem nenhuma espécie de vacilação, não deixou de compartilhar o pão com um camarada ao lado, não deixou de dividir sua água, de prestar ajuda ao ferido, de encontrar novos métodos de defesa, organizar comissões de trabalho etc. Essa política de classe traz uma consequência insustentável para Moreno e o conjunto da burguesia e um ensinamento enriquecedor para o movimento operário de toda a América Latina.

Médicos, Socorristas, Estudantes

Em todos os dias de luta, a categoria trabalhadora dos médicos e socorristas não deixou um dia sequer de trabalhar. Porém, mesmo convocada a greve nacional, a categoria, junto aos numerosos estudantes de medicina, decidiu que o momento era de trabalhar nas ruas, atendendo aos manifestantes feridos pela brutal repressão da polícia e do exército e se manifestando ao lado de todo o povo.

O Presidente da Juventude Revolucionária do Equador (JRE), Enver Aguirre, não deixou de valorizar o corajoso trabalho prestado pelos estudantes de medicina que “abandonaram os livros e que hoje um grupo se dedica a estar junto ao seu povo para atender aos feridos pela repressão do governo Moreno.”

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Além do trabalho entre as manifestações que vêm salvando uma série de vidas desamparadas e atacadas pelo governo, após o decreto de toque de recolher aprovado no sábado (12), médicos, enfermeiros e socorristas protegeram massivamente nas madrugadas policiadas de Quito, vestidos com seus jalecos brancos, os manifestantes que corajosamente se opunham ao decreto em um massivo cordão humano que bloqueava o contato entre a polícia e o exército dos lutadores feridos.

Foto: Reprodução

Os médicos e estudantes de medicina, por esses atos, demonstraram que sua consciência, mesmo em constante disputa com a burguesia, no acirramento da luta de classes, ela pertence não a mesquinharia pequeno burguesa que move muitos jovens para tais cursos pela remuneração ao final do mês, mas sim que sua consciência pertenceu ao proletariado, pertenceu àqueles que nada possuem e que mais sofrem com a burguesia. Sendo essa uma das mais belas demonstrações de solidariedade de classe na atual luta de classes do Equador.

Pão e Água Para Todos

Não é possível acreditar que os trabalhadores, indígenas e estudantes equatorianos passaram por mais de dez dias consecutivos de acirrados e decisivos combates contra o aparato de repressão do Estado sem que o povo não se alimentasse ou que não se hidratasse. Dessa forma, foi o próprio povo que buscou se auto sustentar, como sempre o faz.

Em meio à fome, os trabalhadores equatorianos organizaram doações aos manifestantes, recolhendo caminhões e distribuindo aos lutadores na linha de frente, alguns deles ainda vestindo suas máscaras de gás. Assim, nenhum operário ou operária, estudante e indígena passaram fome ou sede entre as lutas de rua.

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Na capital, os trabalhadores, principalmente indígenas, organizaram um corredor de alimentos onde toda a comunidade pôde desfrutar da solidariedade de classe. Assim, criaram-se novos companheiros e companheiras, pois estão eles e elas compartilhando o mesmo pão comum, fortalecendo seus laços e comunhão de classe, reconhecendo no companheiro ou companheira ao lado, seu irmão de luta.

Foto: Reprodução

A Classe Operária Organiza sua Autodefesa

Mesmo sendo uma classe que não possui nada além da sua força de trabalho, a classe operária equatoriana não deixou de dispor essa condição a serviço da luta revolucionária de todo o povo.

Soldadores, operários simples, organizaram em um galpão desconhecido uma produção em massa de escudos de latão para os manifestantes. Cortando a chapa de ferro, soldando um aro de manuseio ao centro do escudo, esses trabalhadores garantiram que centenas, senão milhares de manifestantes, não fossem atingidos pelas balas de borracha, pelas bombas de gás lacrimogêneo e pelos franco atiradores posicionados nos prédios de Quito que covardemente assassinam mais trabalhadores.

Fotos: Reprodução



Por essa iniciativa da classe operária, junto a centenas de outras iniciativas, é possível fazer com que o povo compita com o Estado e o exército burguês, mostrando, também, que as palavras de Manoel Lisboa de Moura estão ainda atuais: “O exército burguês pode e deve ser destruído”. Não é para menos, ainda ontem (13), um comboio de 70 (setenta) soldados do exército equatoriano se rendeu e desertou para o lado do povo.

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Uma das características da moral proletária é o fato dela ser solidária, de compartilhar o pouco, de aplicar seus conhecimentos e energias, mesmos que singelos, à causa comum do povo. Os trabalhadores, estudantes e indígenas do Equador vêm mostrando que estão adquirindo rapidamente essa consciência a partir de sua própria experiência revolucionária das lutas contra Moreno. Mostrando, assim, aos trabalhadores de todo o mundo o caminho que os revolucionários devem seguir para destruir o capitalismo.

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