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sexta-feira, 29 de março de 2024

Enver Hoxha: “Os trágicos eventos no Chile, uma lição para os revolucionários no mundo”

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Enver Hoxha
Artigo Publicado no jornal “Zeri I Popullit”

TIRANA – No Chile, a tormenta contrarrevolucionária continua a esmagar as massas trabalhadoras, os patriotas e os lutadores desse país. As forças direitistas que tomaram o poder como resultado do Golpe de Estado, promovido em 11 de Setembro, estabeleceram um reino de terror do qual até mesmo os Hitleristas teriam ficado com inveja. As pessoas estão sendo brutalmente assassinadas e massacradas em todo canto, nas ruas ou no trabalho, sem julgamento e sob qualquer pretexto. Os estádios esportivos foram transformados em Campos de Concentração. Toda Cultura progressista está sendo pisoteada. Os livros marxistas estão sendo queimados em fogueiras nas praças, ao perfeito estilo nazista. Enquanto os partidos democráticos, sindicatos, e organizações democráticas estão sendo proibidas, um obscurantismo medieval está sendo espalhado por todo o país. As mais fanáticas, ultrarreacionárias forças obscuras, os agentes do Imperialismo Americano estão pavimentando esse estágio político. As liberdades democráticas que as pessoas conquistaram através da luta e de derramamento do próprio sangue foram erradicadas em somente um dia.

Os eventos do Chile não só afetaram os chilenos, mas também todos os revolucionários, progressistas e forças amantes da paz no mundo todo, sendo assim, os revolucionários e os trabalhadores não só do Chile, mas também de outros países, devem tirar conclusões desses eventos. É claro que nós não estamos falando de fazer uma análise puramente dos detalhes nacionais e aspectos ou ações específicas, atalhos ou erros da Revolução, os quais não ultrapassam as características particulares e internas dessa revolução. Nós estamos falando daquelas leis universais que nenhuma revolução pode evitar e que toda revolução é obrigada a aplicar. O problema é examinar e pôr à luz, dos eventos do Chile, quais visões se provaram corretas e quais distorceram as demandas da teoria e prática da revolução, verificar quais teses foram revolucionárias e quais foram as oportunistas, e determinar quais atitudes e ações fortaleceram a revolução e quais fortaleceram a contrarrevolução.

Em primeiro lugar, deve ser dito que o período em qual o governo de Allende permaneceu no poder não foi um período que pode ser facilmente apagado da vida do povo chileno ou de toda a História da América Latina. Interpretando as demandas e desejos das mais extensas massas populares, o governo da Unidade Popular adotou uma série de medidas e levou a cabo um número de reformas que pretendiam fortalecer a soberania nacional e a independência do país e o desenvolvimento independente de sua economia.

Esse governo deu grandes derrotas a oligarquia local e aos monopólios estadunidenses os quais detinham todas as decisões centrais e faziam a lei no país. O inspirador desse curso progressista e anti-imperialista foi o Presidente Allende, uma das mais nobres figuras a emergir da América Latina, um incomparável patriota e lutador democrático. Sob sua liderança o povo chileno, lutou pela reforma agrária, pela nacionalização das companhias estrangeiras, pela democratização da vida do país e pela liberdade do Chile da influência estadunidense. Allende apoiou incisivamente os movimentos de libertação anti-imperialistas da América Latina e fez de seu país um asilo para todos os guerreiros da liberdade perseguidos pelos bandoleiros e camarilhas militaristas da América Latina. Ele deu aos movimentos populares, anti-imperialistas e de libertação um ilimitado suporte e estava em total solidariedade as lutas dos vietnamitas, dos cambojanos, dos palestinos e de outros inúmeros povos.

Poderiam os grandes latifundiários, que viram sua propriedade ser distribuída aos camponeses pobres perdoarem ele por seguir esse curso e essa atividade? Poderiam os industrialistas de Santiago, que foram expulsos de suas fábricas nacionalizadas tolerarem isso? Ou as Companhias Estadunidenses que perderam seu poder? Era claro que algum dia todos esses se uniriam para derrubá-lo e retomar seus privilégios perdidos. Aqui uma indagação natural surge: Estava Allende alerta da atmosfera que o cercava, ele podia ver as conspirações que estavam sendo armadas contra ele? É claro que ele poderia. A Reação operava abertamente. Ela assassinou ministros de gabinete, funcionários dos partidos governantes e oficiais leais. Ela instigou e dirigiu a organização de ataques contrarrevolucionários de caminhoneiros, mercantes, doutores e outros membros da pequena-burguesia. Finalmente ela tentou fortalecer o golpe militar de Junho, que se provou derrotado. Inúmeros planos da CIA para derrubar o Legítimo Governo foram descobertos.

Esses ataques da Reação interna e externa deveriam ter sido suficientes para tocar o alarme e fazer Allende refletir. Ele teria ampla razão para implementar a grandiosa lei de toda revolução: que a violência contrarrevolucionária deve ser combatida pela violência revolucionária. Certamente, Allende não pode ser acusado de insuficiência de ideais. Ele amava a causa pela qual lutava com todo o coração e, até o final, permaneceu acreditando na justiça dessa causa. Ele não demandava de coragem e estava preparado para dar, e de fato o deu, seu supremo sacrifício. Mas sua tragédia foi acreditar que ele poderia convencer as forças reacionárias, pela razão, à abandonar sua atividade e abrir mão de suas posições e de seus privilégios do passado de bom e livre grado.

No Chile se acreditava que as relativamente velhas tradições democráticas, parlamentares, a atividade legal dos partidos políticos, a existência de uma “imprensa livre”, etc., fossem um insuperável obstáculo para qualquer força reacionária que tentasse tomar o poder pela violência. O Golpe de Estado das forças direitistas provou que a Burguesia tolerará certas liberdades somente até quando seus interesses essenciais não forem afetados, mas quando esses interesses parecerem ameaçados, ela não mais se preocupará com a ética.

As forças revolucionárias e progressistas do Chile sofreram uma derrota. Isso é muito sério, mas temporário. O governo constitucional pode ser derrubado, milhares de pessoas serem mortas e inúmeros campos de concentração serem erguidos, mas o espírito da liberdade, o espírito da rebeldia do povo, não pode ser morto ou aprisionado. As pessoas estão resistindo e isso prova que as massas trabalhadoras não abaixaram a cabeça para a derrota, que elas tiraram conclusões desses eventos e que estão prontas para fazer avançar o caminho revolucionário. A luta de libertação contra a reação e o imperialismo tem seus zigue-zagues, seus ascensos e descensos. Não há dúvidas que o povo chileno deu inúmeras provas de seu devoto patriotismo, que tomaram tamanho amor pela Liberdade e pela Justiça e que odeiam o Imperialismo e a Reação de forma tão profunda, que saberão como mobilizar suas forças e lutar contra os inimigos, dando a eles derrota após derrota, até assegurar a vitória final.

Para o povo chileno isso é um grave, porém temporário, desfortúnio, porém para os revisionistas modernos, tal fato constituiu uma enorme derrota, um completo rebaixamento de suas teorias oportunistas. Todos os revisionistas, dos de Moscou até os da Itália, França e de todos os lugares, apresentavam a “Experiência Chilena” como um concreto exemplo que provava suas “novas teorias” sobre o “caminho pacífico para a revolução”, sobre a “transição para o socialismo” sob a liderança de muitos partidos, sobre a “natureza moderada” do Imperialismo, sobre a “morte da luta de classes” em condições de “coexistência pacífica”,etc. A imprensa revisionista fez um grande teatro louvando o “Caminho Chileno” em ordem de confirmar as teses oportunistas do XX Congresso do Partido “Comunista” da União Soviética e os programas utópicos e reformistas de tipo Togliattista.

Da “Experiência Chilena” os revisionistas esperavam não só confirmar suas “teorias” sobre o “Caminho Parlamentar”, mas também dar um “clássico” exemplo da construção do socialismo sob uma coalizão de partidos “marxistas” e burgueses. Eles esperavam a confirmação de suas teses de que a transição ao socialismo era possível através de eleições parlamentares e sem nenhuma revolução, de que o Socialismo pode ser construído, não só sem esmagar o velho aparato do Estado Burguês, mas também até mesmo com sua ajuda, não somente sem estabelecer o poder revolucionário do povo, mas através de sua negação.

As teorias de “coexistência pacífica” e do “caminho pacífico parlamentar”, propagadas pelos revisionistas soviéticos, em primeiro lugar, e pelos revisionistas italianos e franceses e seus outros lacaios, são responsáveis por consideráveis e extensos propagandeamentos das ilusões pacifistas e posições oportunistas perante a Burguesia e do desvio da luta revolucionária.

Todos os documentos programáticos os quais os partidos revisionistas ocidentais adotaram desde o XX Congresso do P‘C’US, absolutizavam o “caminho parlamentar” de transição do Capitalismo ao Socialismo, da qual a necessidade de qualquer ação extraparlamentar ou revolucionária foi definitivamente excluída. Na prática, isso levou esses partidos a renunciarem totalmente a luta revolucionária e caminhar por reformas ordinárias de carácter econômico e administrativo. Eles se tornaram em partidos burgueses de oposição e se ofereceram somente para gerenciar as riquezas da burguesia, assim como fizeram todos os velhos partidos sociais-democratas até então.

O Partido Comunista do Chile, que era uma das principais forças do governo de Allende, aderiu fervorosamente as teses Khrushchovitas de “transição pacífica”, tanto em teoria como na prática. Seguindo instruções diretas de Moscou, defendia que a burguesia nacional e o Imperialismo agora se “comportavam”, que ambos tinham ficado tolerantes e justos, e que nessas “novas condições de classe”, alegadamente criadas pelo “desenvolvimento do mundo atual”, eles não poderiam mais efetuar a contrarrevolução.

No entanto, como o caso do Chile provou mais uma vez, essas e outras similares teorias fizeram das massas trabalhadoras irresolutas e desorientadas, enfraqueceram seu espírito revolucionário, e as mantiveram imobilizadas face as ameaças burguesas, paralisando sua capacidade e fazendo impossível que decisivas ações revolucionárias fossem levadas a cabo contra os planos contrarrevolucionários e contra as ações da Burguesia.

Todos os verdadeiros partidos Marxistas-Leninistas previram e os eventos posteriores confirmaram, os revisionistas estavam contra a Revolução e tentavam transformar a União Soviética, assim como já o tinham feito, em um país capitalista, transformá-la de base da revolução em base da contrarrevolução. Eles trabalharam por um longo período para levar confusão até os ranks revolucionários e minar a revolução. E, todo lugar e todo momento eles agiram de forma a extinguir as chamas das batalhas revolucionárias e das lutas de libertação nacional. Mesmo que para propósitos demagógicos eles fingiam estar do lado da revolução, com suas visões e atividades, os revisionistas cortavam os brotos dessa ou os sabotava quando eles floresciam.

Seu desvio do Marxismo-Leninismo, seu abandono dos interesses de classe do proletariado, sua traição da causa de libertação nacional dos povos, levaram aos revisionistas a completa negação da Revolução. Para eles, a teoria e a prática da revolução foram reduzidas a algumas poucas demandas reformistas, as quais podem ser realizadas ainda sob o domínio da ordem burguesa, sem tocar em sua base. Os revisionistas tentam provar que a linha divisória entre a revolução e as reformas foi apagada e que nas “condições atuais do desenvolvimento mundial” não há mais necessidade de uma tomada revolucionária do poder, por causa de que, alegadamente, a atual “revolução” técnico-científica está rompendo com as contradições sociais de classe da Sociedade Burguesa, dessa forma, são alegados também meios para a integração do Capitalismo ao Socialismo, meios para criar uma “nova” sociedade  com prosperidade para todos. Sendo assim, segundo essa lógica confusa, ninguém mais pode falar de exploradores e explorados, desde que, segundo eles, a revolução social, o esmagamento da maquinaria burocrática do Estado Burguês e o estabelecimento da Ditadura do Proletariado se tornaram desnecessários.

Sob a máscara do Leninismo e de seu “desenvolvimento criativo”, os revisionistas aspiravam a dominação mundial, transformando a si próprios em sociais-imperialistas. Eles começaram com as teses Khrushchovitas de “coexistência pacífica”, de “competição pacífica”, de “um mundo sem armas e sem guerras”, de “caminho parlamentar”, etc., e terminaram com a restauração do Capitalismo na União Soviética e com a degeneração do Socialismo em Social-Imperialismo.

Sendo assim, eles estavam contra a revolução, contra a luta dos povos por libertação e também estavam contra os Partidos Comunistas que continuaram fiéis e que defenderam Marxismo-Leninismo. Em ordem de conseguir seus objetivos, especialmente os de extinguir as lutas de libertação e os movimentos revolucionários, os revisionistas fizeram do “caminho pacífico” o fundamento de suas “teorias”. Revisando a questão fundamental do Marxismo, que é a teoria da revolução, e propagando suas teses oportunistas, eles queriam convencer aos trabalhadores de desistirem de sua luta revolucionária de classe, e a se submeter a Burguesia e aceitar a escravidão assalariada.

Por outro lado, a “coexistência pacífica”, a qual os líderes soviéticos proclamavam como linha fundamental de sua política externa e a qual eles queriam impor a todo movimento comunista e de libertação nacional do mundo, foi um completo e estratégico plano para chegar a um grande acordo com o Imperialismo, para estrangular o movimento revolucionário e sufocar as lutas por sua libertação, para preservar e estender suas esferas de influência. Os revisionistas queriam usar, e de fato usaram, esse tipo de “coexistência”, que era inteiramente adaptável ao Imperialismo e a Burguesia, como uma grande distração para desarmar as massas ideologicamente e politicamente, para açoitar sua vigilância revolucionária e imobilizá-las, para deixá-la sem defesas em face dos futuros ataques dos imperialistas e dos sociais-imperialistas.

Os revisionistas soviéticos, bem como outros revisionistas que conseguiram chegar ao poder de um Estado, destruíram o partido despojando desse, sua teoria revolucionária, rejeitando e pisoteando todos os princípios Leninistas, e pavimentando o caminho para o Liberalismo e a degeneração do país. Ao espalhar suas teses antimarxistas de que o “Capitalismo está sendo integrado ao Socialismo” e que “partidos não-proletários podem também carregar os ideais do Socialismo e liderar a luta pelo Socialismo”, que “até mesmo os países onde a Burguesia Nacional está no poder estão se movimentando para o Socialismo”, os revisionistas não só objetivam negar a teoria do partido de vanguarda da classe trabalhadora, mas também querem deixar o proletariado sem liderança em face dos ataques organizados pela Burguesia e pela Reação.

A História provou, e os eventos no Chile, os quais ainda não eram questões do Socialismo, mas de um regime democrático, também comprovaram, que o estabelecimento do Socialismo através de um caminho parlamentar é ulteriormente impossível. Em primeiro lugar, deve-se dizer que até agora a Burguesia nunca permitiu os comunistas a ganharem maioria em um parlamento e a formarem um governo independente. Até mesmo nas situações ocasionais em que os comunistas e seus aliados conseguiram estabelecer um balanço a seu favor no parlamento e entrar em um governo, isso não levou a uma mudança no caráter burguês do parlamento ou do governo, e a ação desses nunca foi tão longe quanto daqueles que esmagaram a velha maquinaria do Estado e estabeleceram uma de novo tipo.

Dentro das condições em que a burguesia controla o aparato burocrático-administrativo, assegurando sempre uma “maioria no parlamento” falar de mudar o destino do país não é só impossível, como também não confiável. As partes centrais da maquinaria do Estado Burguês são o poder econômico, político e militar. Enquanto essas forças se mantiverem intactas, ou seja, enquanto elas não forem dissolvidas e novas forças forem estabelecidas em seu lugar, enquanto os velhos aparatos de polícia, de serviços secretos de inteligência, etc. forem mantidos, não há nenhuma garantia que um parlamento ou um governo democrático dure muito; Não somente o caso chileno, mas muitos outros provaram que os Golpes de Estado contrarrevolucionários são levados a cabo precisamente pelas Forças Armadas comandadas pela Burguesia.

Os revisionistas Khrushchovitas deliberadamente criaram grande confusão em respeito as teses Leninistas muito claras e precisas sobre a participação dos comunistas no parlamento burguês e sobre a tomada do poder do estado da Burguesia. É sabido que Lênin não negava a participação dos comunistas no parlamento burguês em certos momentos. Mas ele considerava essa participação só como mais uma tribuna para defender os interesses da classe trabalhadora, para expor a burguesia e seu poder de estado, para forçar a burguesia a tomar certas decisões que favoreçam a classe trabalhadora. Ao mesmo tempo, porém, Lênin alertava que, enquanto uma força lutava dentro do parlamento pelos interesses da classe trabalhadora, esta deveria permanecer em guarda contra a criação de ilusões parlamentaristas, contra a farsa do parlamentarismo burguês.

“A Participação no parlamento burguês – dizia Lênin – é necessária para que o partido revolucionário do proletariado ilumine as massas, esclarecimento esse que é obtido através das eleições e da luta dos partidos no parlamento. Porém limitar toda a luta de classes a luta dentro do parlamento, ou considerar essa luta como a mais avançada, a decisiva, a qual todas as outras formas de luta estão subordinadas, significa de fato ir para o lado da burguesia contra o proletariado.”
– Vladimir Lênin: Coletânea de Obras, Vol.30, páginas 304-305.

Criticando o “cretinismo parlamentarista” dos representantes da Segunda Internacional, que transformaram seus partidos em partidos eleitoreiros, Lênin claramente mostrou aonde que esse parlamentarismo levava ideologicamente, politicamente e na prática. Ele mostrava que:

“O Estado Proletário (Ditadura do Proletariado) não pode gradualmente substituir o parlamento burguês (ou a Ditadura da Burguesia), mas em regra geral, somente através de uma revolução violenta. ”
– Vladimir Lênin: Coletânea de Obras, Vol.25, p.473.

Ele mostrou também que:

“A necessidade de sistematicamente educar as massas com essa ideia, precisamente a ideia da revolução violenta, é a base de toda a doutrina de Marx e Engels.”

Advogando ainda hoje o “caminho parlamentar”, os revisionistas modernos estão simplesmente seguindo o curso de Kautsky e companhia. Mas ao proceder ainda mais nesse curso, eles expõem a si mesmos cada nova derrota que sofrem. Toda a história do movimento comunista e proletário internacional provou que a revolução violenta, o esmagamento da maquinaria burocrática do Estado Burguês e o estabelecimento completo da Ditadura do Proletariado, constitui a lei universal da Revolução Proletária.

“O avanço, isso é, para o Comunismo, é feito – Lênin dizia – pela Ditadura do Proletariado e não pode seguir qualquer outro caminho, pois não há outra classe nem outro jeito de esmagar a resistência dos exploradores capitalistas. ”
– Vladimir Lênin: Coletânea de Obras, Vol.25, p.548.

No estágio do Imperialismo, tanto em seu início, como atualmente também, há o risco do estabelecimento de uma ditadura militar fascista, sempre que os capitalistas pensarem que seus monopólios estão ameaçados. Além disso, foi provado, especialmente a partir do fim da Segunda Guerra Mundial até hoje, que o Imperialismo Americano, o Imperialismo Britânico e outros deram assistência a Burguesia de vários países para eliminar aqueles governos, ou suprimir aquelas ou para suprimir aquelas forças que, de um jeito ou de outro, ofereciam até mesmo o mínimo de ameaça as bases do Sistema Capitalista.

Enquanto o Imperialismo existir, ainda existirá a base e a possibilidade, por sua política imutável de interferência nos assuntos internos de outros países, da existência de conspirações contrarrevolucionárias, de derrubada de governos legítimos, da liquidação de forças democráticas e progressistas, e do enforcamento da Revolução.

É o Imperialismo Americano quem banca os regimes fascistas da Espanha e de Portugal, quem incita a ressurreição do Fascismo Germânico e do Militarismo Japonês, quem apoia os regimes racistas da Coreia do Sul e da Rodésia e quem mantém a matança de negros no seu próprio país. É o Imperialismo Americano que ajuda os regimes reacionários da Coreia do Sul e as marionetes de Saigon e Phnom Penh, quem instiga a agressão sionista e ajuda Israel a manter sua ocupação sob territórios árabes. Todos os furiosos ventos anticomunistas, toda opressão nacional e exploração capitalista são soprados pelo Estados Unidos da América. Por toda a América Latina, com raras exceções, o Imperialismo Americano estabeleceu regimes fascistas tirânicos, que sem nenhum escrúpulo massacram e exploram os povos. Nesse continente, todas as armas são utilizadas contra qualquer demonstração política, armas que matam os operários e os camponeses, que são feitas pelos Estados Unidos e financiada pelos mesmos.

O Golpe de Estado militar e fascista no Chile não foi um feito somente da reação local, mas também do Imperialismo. Por três anos inteiros, durante todo o período em que Allende esteve no poder, as forças direitistas chilenas foram incitadas, organizadas e encorajadas na atividade contrarrevolucionária pelos Estados Unidos. A reação chilena e os monopólios americanos se vingaram contra o Presidente Allende pela política progressista e anti-imperialista que ele seguiu. A atividade de sapa que os partidos de direita e todas as forças reacionárias, seus atos de terror e violência foram coordenados com as pressões externas exercidas pelos monopólios americanos, com o bloqueio econômico e com toda a luta política travada pelo Governo Americano contra o Chile. Por de toda essa camarilha militarista estava a CIA, a mesma mão criminosa que deu cabo a outros inúmeros Golpes de Estado na América Latina, na Indonésia, no Irã, etc. Os eventos no Chile mais uma vez revelaram a verdadeira face do Imperialismo Americano. Provaram mais uma vez que ele permanece como um raivoso inimigo de todos os povos, um brutal inimigo da Justiça e do Progresso, das lutas por liberdade e independência, da revolução e do Socialismo.

Mas a Contrarrevolução no Chile não foi somente feita pelas forças abertamente reacionárias e pelos Imperialistas Americanos. O governo de Allende sofreu também de sabotagem e de uma radical oposição de movimentos “democratas” cristãos e outras frações da burguesia que se autodenominavam radicalmente democráticas, similares a aquelas que hoje os partidos “comunistas” da Itália e da França dizem que vão avançar o Socialismo através de reformas e do caminho pacifista e parlamentar.  O Partido dos Freis no Chile não somente carrega a “responsabilidade intelectual”, como alguns dizem, de se negar a colaborar com o governo de Allende, ou pela insuficiência de lealdade para com um governo legítimo. Ele carrega a responsabilidade também por ter usado todos os meios possíveis para sabotar a atividade do governo, por ter se unido as forças de Direita para subjugar a economia nacionalizada e criar confusão no país, por ter perpetrado mil e um atos de subversão. Esse lutou para criar um clima político que foi o prelúdio da contrarrevolução.

Os revisionistas soviéticos também tiveram responsabilidade pelos acontecimentos no Chile. Inúmeras provas mostram que os soviéticos estavam ligados a intrigas e conspirações com o Imperialismo Americano. Eles não pretendiam nem queriam ajudar o governo de Allende quando esse estava no poder, pois isso os levaria a conflitos e danificariam suas relações cordiais com o Imperialismo Americano.

Essas posições dos revisionistas Khrushchovitas perante o Chile e a teoria da revolução foram confirmadas antes mesmo dos eventos chilenos. Elas foram confirmadas em repetidos trágicos eventos como no Irã: onde a reação local matava e aprisionava centenas de milhares de comunistas e revolucionários progressistas, mesmo assim os revisionistas soviéticos não moveram um dedo, nem mesmo cortaram relações diplomáticas! Essas posições foram também confirmadas nos eventos bárbaros da Indonésia, onde quase 500 mil comunistas e progressistas foram assassinados e massacrados. E mais uma vez, os revisionistas soviéticos não fizeram nada, nenhuma ação e nem mesmo consideraram retirar sua embaixada de Jacarta. Essas posições dos revisionistas soviéticos não são acidentais. Elas comprovam a existência da colaboração secreta com os Imperialistas Americanos para sabotar os movimentos revolucionários e destruir as lutas populares de libertação.

Essas posições expõem à luz do dia o caráter demagogo das muitas publicações falando do “agravamento das relações diplomáticas com o Chile” agora.

Essa é a realidade. As boas palavras de sua alegada solidariedade com o povo chileno, como toda as suas lágrimas de crocodilo demagogas, são somente para enganar a opinião pública e esconder a traição a revolução e aos movimentos de libertação.

O Governo Soviético cortou relações com o Chile para explorar a oportunidade de posar como um defensor das vítimas da reação, para parecer que eles estão do lado daqueles que lutam por liberdade e independência e que os revisionistas são defensores dos regimes progressistas. Os revisionistas soviéticos ajudam qualquer regime progressista somente até onde esses auxiliam seus interesses imperialistas. Mas nunca vão adiante. Sem dúvidas, eles não estão envergonhados de manterem relações diplomáticas abertas com regimes tão burocráticos e corruptos como o de Lon Nol, enquanto mantém silêncio sobre o grande movimento de libertação popular do povo cambojano.

Os eventos no Chile revelaram toda a grande tragédia por qual os povos da América Latina estão passando. Mais uma vez, eles trouxeram luz de novo para os desfechos, limitações e fraquezas da revolução nesse continente, as enormes dificuldades e crueldades a qual esse está subjugado. Mas eles providenciaram uma lição não só para os revolucionários da América Latina. Todos os revolucionários do mundo, todos aqueles que lutam por libertação nacional e social contra a interferência e violência imperialista, pela democracia e pelo progresso da Humanidade devem tirar conclusões desses eventos. Isso inclui os revolucionários da União Soviética, que devem se levantar contra os traidores revisionistas e derrubarem esses, junto com todas suas “teorias” oportunistas e anti-leninistas. Assim como os revolucionários da Itália, da França e de outros países capitalistas desenvolvidos devem tirar lições dos acontecimentos chilenos e lutar contra o Revisionismo resolutamente, rejeitando as teses reacionárias sobre o “caminho parlamentar pacífico” os quais os Togliattistas e outros revisionistas propagam.

Nós acreditamos que os acontecimentos no Chile, o ataque fascista da reação contra as vitórias democráticas do povo chileno, a brutal interferência do Imperialismo Americano e seu suporte a junta militar de Pinochet vai encorajar as pessoas de todo o mundo a serem vigilantes, a resolutamente rejeitarem os slogans imperialistas, revisionistas e oportunistas de toda matiz e mobilizar todas as suas forças em uma corajosa defesa de sua soberania nacional e sua independência, paz e segurança.

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