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quinta-feira, 28 de março de 2024

Famílias sem teto de São Bernardo sofrem despejo

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HOMENAGEM – A Ocupação buscava homenagear o padre Leo Comissari. (Foto: Reprodução/Adriano Tomé)
Redação São Paulo 
Jornal A Verdade

SÃO BERNARDO DO CAMPO (SP) – Na madrugada de sábado (21), duzentas famílias organizadas de diversos bairros pobres da cidade ocuparam um terreno há anos abandonado na cidade. O espaço vazio gerava perigo e insegurança à população que se deslocava pelos arredores, servia como descarte de lixo e descumpria o Estatuto da Cidade da Constituição Federal no que diz respeito à função social da propriedade.

Os moradores decidiram por homenagear Padre Leo Comissari, figura bastante conhecida em São Bernardo por sua trajetória de solidariedade aos mais pobres.

Porém, as famílias sofreram, de imediato, um violento despejo a mando do prefeito Orlando Morando (PSDB), executado pela Guarda Municipal. O subtenente Vaz, que comandou a ação, estava descontrolado e com desejo de carnificina, agredindo a imprensa, militantes e o corpo jurídico ao entrar na ocupação arrombando o portão da mesma empunhando uma arma, tudo sozinho.

O jornalista de A Verdade que estava presente relata a ação truculenta como uma ação muito distante do que havia sido negociado e com o clima do momento. Ao continuar as negociações, o subtenente agrediu uma advogada que estava presente e se negou a participar das conversas. Mesmo a cidade tendo um déficit habitacional de 92 mil pessoas sem teto, os terrenos e prédios que hoje não cumprem função social não podem ser utilizados como moradia.

UNIÃO – Trabalho coletivo para erguer a ocupação. (Foto: Reprodução/Manuelle Coelho)

Com a Ocupação Padre Leo Comissari, o terreno, além de ter função social de moradia, estaria cuidado em termos de segurança, de limpeza e organização do local, promovendo um espaço coletivo para as crianças e uma cozinha comunitária para assegurar os protocolos de saúde com maior rigorosidade, o estabelecimento de regras de prevenção e distanciamento social e a realização do planejamento das habitações e do sistema de saneamento.

“As pessoas que hoje ocuparam aqui são trabalhadores, mulheres, mães, negras e negros, em sua maioria desempregados, fruto desse fechamento de fábricas do ABC Paulista e da terceirização dos empregos que impediram que as famílias tenham renda o suficiente para pagar um aluguel nessa cidade. As passagens aqui estão um absurdo! O preço dos alimentos não param de crescer e os aluguéis também! Precisamos de um teto para proteger nossas crianças do coronavírus e, já que o Governo não faz nada e a cidade de São Bernardo do Campo já ultrapassou a marca de mil mortos vitimas da doença, decidimos ocupar esse espaço que estava há anos abandonado e fazer tudo pelas nossas mãos. Estamos ajudando uns aos outros assim como o Padre Leo Comissari fazia, por isso colocamos seu nome na nossa ocupação”, disse um morador.

O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) deixou claro que “as famílias da Ocupação Padre Leo Comissari resistem. Saem de cabeça erguida e já organizaram uma assembleia, tirando um calendário de novas lutas. Enquanto morar for um privilégio, ocupar é um direito!”

RESISTÊNCIA – Moradores buscaram resistir contra o despejo promovido pela polícia. (Foto: Reprodução/William Vieira)
VIOLÊNCIA POLICIAL – Idosas, mulheres e crianças foram violentamente ameaçadas pela polícia que agiu com truculência. (Foto: Reprodução/William Vieira)
TRUCULÊNCIA – A polícia fez uso excessivo da força e da violência para intimidar os moradores. (Foto: Reprodução/Adriano Tomé)

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