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quinta-feira, 28 de março de 2024

Cesta básica leva 60% do salário mínimo no Brasil

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Foto: reprodução

João Coelho

SÃO PAULO – A partir do mês de fevereiro de 2021 o salário mínimo no Brasil passara a ser de R$1.101,95, um aumento de R$46,95 em relação ao mínimo em 2020. Esse reajuste apenas repõe o valor da inflação, que em 2020 foi de 5,45%.

No entanto o reajuste não considera um problema fundamental para os trabalhadores: o preço dos alimentos disparou e subiu muito acima da inflação média, chegando a 19% de aumento de janeiro a dezembro de 2020 segundo o IBGE. A carestia tem se transformado em tragédia para as famílias mais pobres que entram nos supermercados e não conseguem comprar nem o básico: o preço do óleo de soja mais que dobrou, o arroz subiu 76%, a batata 67,27%, o tomate 52,76%, feijão preto 40%, leite 26,93%, frutas 25,4% e carnes 17,97%; somado a esse aumento dos alimentos há também o aumento do aluguel, que terá seus valores reajustados em 2021 em até 25%.

Em janeiro desse ano o valor da cesta básica, calculada pelo DIEESE em mais de R$600,00 em várias capitais do país, chegue à quase 60% do salário mínimo. É a pior situação desde 2005, o que significa que há pelo menos 15 anos as famílias brasileiras não sofriam tanto para colocar comida na mesa.

De fato há no país uma política de rebaixamento dos salários levada a cabo pelo Governo Federal, representante e associado aos grandes capitalistas. Desde 2004 a regra de reajuste do mínimo determinava que este fosse acrescido, além da inflação, pelo crescimento do PIB do país, elevando o poder de compra dos salários; essa regra venceu na virada de 2018 para 2019, primeiro ano do milionário Bolsonaro na presidência, e não foi renovada. Por isso, em 2020 e 2021 o salário mínimo não teve aumento real, prejudicando aqueles que vivem do salário e não do lucro.

O valor do mínimo tem grande importância, pois é uma referência para todos os salários e benefícios pagos no país. Para se ter ideia, 70% dos beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) recebem um salário mínimo por mês e 60% dos trabalhadores do país ganham menos que isso mensalmente, segundo o IBGE. 

A carestia somada ao rebaixamento dos salários tem transformado o Brasil em um país onde ter um emprego não garante que será possível pagar as contas mais básicas no final do mês, como comida, aluguel, água, luz e transporte. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o salário mínimo adequado para sustentar uma família com dois adultos e duas crianças é de R$5.304,90, porém o salário médio do brasileiro, segundo o IBGE, é de apenas R$2.530,00.

O governo militar do capitão reformado Jair Bolsonaro tem tomado o mesmo caminho seguido pela Ditadura Militar de 1964, que também destruiu o poder de compra dos brasileiros. Em 1960 uma cesta básica podia ser comprada com 30% do salário mínimo, sendo esse o maior poder de compra que o trabalhador brasileiro já teve; porém nos anos de 1960 e 1970 os governos dos generais fascistas deixaram de reajustar o salário com as perdas da inflação e esse poder de compra foi engolido, causando um crescimento acelerado da miséria no país, que se completava com o aumento do desemprego.

Nesse momento é fundamental combater as práticas desse governo e dos patrões que querem a todo custo jogar nas costas de quem trabalha o peso da crise. Enquanto o salário definha, os lucros dos grandes capitalistas crescem e eles têm cada dia um patrimônio maior. Lutar pelo salário e contra a carestia é lutar contra a exploração, é lutar contra o capitalismo.

 

 

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