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sexta-feira, 29 de março de 2024

Os desafios da educação revolucionária da juventude

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NOVAS GERAÇÕES. Lênin sempre se preocupou com a educação revolucionária da juventude (Imagem: Arquivo)

Os jovens comunistas precisam colocar em prática uma rotina diária de estudos marxista-leninistas e edificar a sua concepção de mundo, pois somente unindo a teoria e a prática teremos clareza para travar uma luta contra o fascismo e seus agentes.

Por Daniel Trajano e Igor Barradas
Militantes da UJR no Rio de Janeiro

JUVENTUDE – A sociedade brasileira vivencia uma profunda crise. Basta observar que a maior parte da população se encontra em estado de miséria e fome ao mesmo tempo que uma pequena minoria não precisa nem sair de casa para trabalhar. O fato de que essa minoria é precisamente a burguesia coloca em xeque o caráter do sistema em que vivemos. Torna-se cada vez mais real afirmar que a juventude pobre do nosso país colhe os frutos de uma política de velhos engravatados que priorizam o lucro acima da vida. O inimigo de classe é poderoso, urge então o dever da juventude de organizar a sua revolta e lutar com a mesma força de intensidade para derrotar esses verdadeiros genocidas fascistas.

De acordo com o Datasus, a taxa de homicídios de jovens negros e pardos entre 15 e 29 anos é de 98,5 por 100 mil. Fazendo o recorte apenas para homens negros nessa faixa etária, a taxa sobe para 185. Em maio de 2020, o estudante de 14 anos João Pedro Mattos Pinto foi alvejado por balas policiais dentro de sua casa, causando grande indignação e manifestações por todo o país. Meses depois, o brutal assassinato de João Alberto Freitas, um homem negro, por seguranças do Carrefour em Porto Alegre levou a grandes mobilizações antirracistas em várias cidades. Com medo da reação das massas, o vice-presidente fascista Hamilton Mourão tentou amenizar a situação ao afirmar que não existe racismo no Brasil, mostrando, dessa forma, que em nada se diferencia de Bolsonaro. Essa política de guerra dos generais e dos ricos contra os pobres e os jovens só pode ser vencida com a organização e a revolta popular.

Com o objetivo de manter uma visão utópica dos jovens no capitalismo, os idealizadores burgueses afirmam que esse sistema é democrático, de seres livres. É um propósito da juventude revolucionária travar uma luta contra essa ideologia burguesa e combater a alienação de classe. Pensando nisso, nos últimos meses de isolamento social, os militantes da União da Juventude Rebelião e do Movimento Correnteza promoveram cursos virtuais de formação teórica antifascista e de formação marxista em todo país, com o objetivo de formar ideologicamente a juventude para as lutas cotidianas e desenvolver a consciência revolucionária dos jovens para fazer um contraponto a essas mentiras dos capatazes do capital.

Um claro exemplo sobre a necessidade da ligação entre teoria e prática é o fato do Manifesto do Partido Comunista ter sido apresentado por Karl Marx e Friedrich Engels no 2º Congresso da Liga dos Comunistas, realizado em Londres no final de 1847. Esse detalhe cronológico liga a luta teórica ao terreno prático, pois foi em 1848 que ocorreu a revolta de Paris, que instaurou a Segunda República Francesa e está na origem da Comuna de 1871, que formou o governo operário da primeira república proletária da História. Esse período de intensa luta prática foi também de intensa produção teórica, particularmente por Marx e Engels.

Para maior compreensão da centralidade do ponto, citaremos aqui um trecho de um artigo publicado na Revista Problemas, nº 6, em janeiro de 1948. Esse artigo foi escrito pelo dirigente comunista estadunidense William Weinstone, um importante líder sindical que tomou a frente das atividades do Partido Comunista dos EUA entre os trabalhadores da indústria automobilista de Detroit, durante a década de 1930:

A importância da teoria marxista vem sendo compreendida por um número cada vez maior de militantes. Os acontecimentos dos últimos anos confirmaram a justeza daquilo que é hoje uma máxima – a prática sem a luz da teoria é cega. Todavia, muitos camaradas ligados a importantes trabalhos de massa, ainda subestimam a teoria; outros, reconhecendo seu valor, não conseguiram iniciar uma análise séria da teoria marxista, em virtude de hábitos antigos de pouco estudo. Eles também não se animam a iniciar um estudo individual porque acreditam, muitas vezes inconscientemente, que o marxismo só pode ser compreendido por alguns poucos, e, inclusive, somente por intelectuais.

Nada mais falso. Marx ensinou suas doutrinas em primeiro lugar nos clubes operários, tal como fez Lênin. Em sua introdução ao vol. I de O Capital, que foi escrito tendo em mente o leitor operário, Marx admitia que o livro seria rapidamente assimilado pelo leitor, pressupondo, dizia, que este desejava aprender e. por conseguinte, a pensar por si mesmo. Ele acreditava que o leitor só encontraria dificuldade na primeira parte, relativa à natureza do valor. A pedido do tradutor russo, prometera até fazer posteriormente uma popularização daquela parte, mas nunca encontrou tempo para isso.

Stálin afirmou que a teoria é acessível a qualquer um. Uma resolução do Comitê Central do PCUS salientando a importância do estudo individual como o melhor meio de dominar o marxismo dizia que, embora não seja fácil aprender uma ciência, isso pode ser realizado por quem quer que deseje dedicar, para isso, persistência e esforço. Essa verdade se aplica à aquisição de qualquer habilidade, manual ou intelectual.

No entanto, embora possuindo o desejo, muitos indivíduos deixam de estudar seriamente o marxismo porque o material a estudar é imenso. Imaginam que somente depois que o indivíduo conhece todas as obras é que pode ter um conhecimento seguro da ciência. Também isso está errado. Sem dúvida, para dominar o marxismo e aplicá-lo corretamente o indivíduo deveria conhecer tudo que os marxistas tenham escrito. Todos os estudantes, especialmente a juventude, como recomendava Lênin, deveriam ter por aspiração alcançar os cumes luminosos da ciência – estudando não somente as obras do marxismo como também as melhores obras de toda a humanidade. Contudo, pode-se adquirir um conhecimento útil do marxismo após a leitura de um número razoável de obras, e a compreensão e profundidade maiores virão com estudos ulteriores e a aplicação do conhecimento adquirido ao trabalho prático.”

É preciso, portanto, entender a relação entre estudar o socialismo científico e participar de reuniões partidárias, entre deliberar e cumprir tarefas, entre defender coletivamente um programa, se centralizar como agrupamento político e manter uma disciplina revolucionária, entre o cuidado que todo jovem tem de prezar pela sua formação teórica política, com a luta que se propõe a ser direta e nas ruas contra o fascismo. Os jovens comunistas precisam colocar em prática uma rotina diária de estudos marxista-leninistas e edificar a sua concepção de mundo, pois somente unindo a teoria e a prática teremos clareza para travar uma luta contra o fascismo e seus agentes. Lutar e estudar, estudar e lutar!

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