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quinta-feira, 28 de março de 2024

O genocídio contra os povos originários durante a pandemia

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DIREITO A VIDA – Diante do genocídio capitalista, povos originários lutam pelo direito a vida. (Foto: Reprodução)
“A política de genocídio contra os povos originários mata parentes por todo o Brasil, apaga suas histórias, assassina lideranças, traz o suicídio para as aldeias incluindo as crianças ali presentes, não reconhece suas identidades e marca sua existência com sangue e angústia.”
Amanda Assis

NATAL (RN) – Foi anunciado que os povos indígenas estão no grupo prioritário de vacinação, mas quem são os indígenas na visão do Governo? Quem é verdadeiramente indígena? Quem merece o mínimo, o direito à vida?

Parece que essas perguntas foram analisadas de forma completamente equivocada pelo Governo Bolsonaro, pois, em resposta, apenas 410.348 de um total de quase 900 mil indígenas estão incluídos no Plano Nacional de Vacinação. Mais da metade dos indígenas foram excluídos do processo de imunização. Isso porque o Ministério da Saúde colocou que apenas os indígenas aldeados e de aldeias demarcadas, homologadas, seriam vacinados. Basicamente, o restante não é indígena suficiente para o atual Governo.

Esse constante discurso discriminatório de “você não é indígena de verdade” sempre assombrou diversos povos originários e lhes causou múltiplas consequências, como: violências, direitos negados, negação de identidade, dentre outros. Um discurso errôneo e baseado nos estereótipos criados pelo homem branco faz com que um direito básico, o direito à vida, seja negado.

Nesse contexto, é importante pontuar que os povos indígenas compõem uma população extremamente vulnerável à pandemia e isso se dá devido a funções sociais, econômicas e de saúde, as quais são piores do que as dos não indígenas, o que amplifica o potencial de disseminação dos agentes causadores de doenças. Logo, os povos originários possuem maior vulnerabilidade no ponto de vista epidemiológico.

Porém, mesmo com todos esses fatores citados, no Rio Grande do Norte, por exemplo, nenhuma etnia indígena está participando do processo de imunização e isso devido ao revoltante fato de nenhuma comunidade do Estado ser reconhecida. Não existem terras demarcadas no RN.

Para completar o recorte incoerente feito pelo Governo, consta na pasta que “indígenas com 18 anos ou mais atendidos pelo Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (Siasi/Sesai)” serão vacinados, o que não quer dizer absolutamente nada, considerando que a grande maioria da população atendida pelo Sesai vive em terras regularizadas pelo Governo Federal, ou seja, o argumento para a exclusão foi apenas reformulado.

É importante pontuar também que 46% dos indígenas, segundo o IBGE, vivem no meio urbano, seja estudando, trabalhando com venda de seus produtos, ou até mesmo fugindo da perseguição feita contra seu povo.

Esse cenário, marcado por descasos e ataques é de longa data e nunca foi uma surpresa, pois uma coisa é fato: o Governo Bolsonaro põe em prática – todos os dias – a política de genocídio indígena. Nesse âmbito, o atual Governo sempre deixou clara sua discordância com o Estatuto Indígena, seja certificando fazendas em terras indígenas ou até mesmo prometendo não demarcar nenhum centímetro de terra, promessa que ele vem cumprindo.

Desde 1500, a política de genocídio contra os povos originários mata parentes por todo o Brasil, apaga suas histórias, assassina lideranças, traz o suicídio para as aldeias incluindo as crianças ali presentes, não reconhece suas identidades e marca sua existência com sangue e angústia.

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