UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Poesia | Promessa de Luta

Foto: Jorge Ferreira/JAV

Unidade Popular / É a nossa bandeira / E alguns dos nossos / Já estão com ela em mãos / E muitos outros ainda / A segurarão.

Rodrigo Henrique
Militante da UJR no Rio de Janeiro


Promessa de Luta

Na última vez
Que nos vimos
Lembro de te prometer
O mundo
Me perdoe
Eu não sabia
Naquela época
Que tinham
Transformado o mundo
Num lugar tão imundo

Pra te dar
Um mundo bom
De se viver
Precisaríamos de revolução

Aqui eu tô falando de amor
Por amor eu lutaria
Por amor eu morreria
Por amor eu sorriria
Preste bem atenção
Porque é pelo amor
Que eu amaria,
Assim como amo meus irmãos

E agora tô entendendo
Porque coisas as são como são
Porque os ricos
Não querem
Que os negros tenham
direito ao amor
Mas amam os nossos
Lamentando de dor

A gente é ensinado
A não demonstrar amor
Pelo nossos.
Porque quando a gente
Ama os irmãos
Não há outra caminho
Pra libertar eles
Que não seja a revolução.

Antes de me chamar de radical
Entenda como eu
Qual é a raiz do problema.
E porque isso nos faz tão mal.

As opressões e revoltas
Estão em choque
Desde o início.

E eu tô do lado certo:
Sou rebelde!
Desde pequenininho
Porque amar
É revolucionário.

Não é ter poder sobre a propriedade.
É sobre abolir a desigualdade!

E se você ama nossos irmãos
Vai querer libertar
Eles do sistema de posses
Que nos vê como objetos,
Não pessoas,
E por isso causa nossa morte

Eu tô aqui divagando
Porque a realidade
Parece vaga

A cada 23 minutos
Porque morre um jovem negro
Fica cada vez mais vaga
Fecham vagas de emprego
E nos demitem
Abrem vagas pra cadáver
E nos admitem
Em primeiro lugar

Pro senhorzinho que é patrão
A gente não tem perfil
pra trabalho bem remunerado
E olha a situação
Mas a nossa cara fica perfeita
Dentro do caixão
Ou dentro de uma reportagem
Quando chamam preto de ladrão.

A forma como assinam
A certidão de óbito 
do povo preto
Antes mesmo
de estarmos mortos
Mostra que o acaso
Não tem nada a ver
Com o fim dos nossos corpos

Não é o acaso
Que teleporta
As balas-perdidas
Que são achadas
Dentro dos nossos

Isso, é necropolítica
Que organiza a sociedade
De forma genocida
Que assassina o povo preto
Em cada cidade
O país da diversidade
Não ta tão amplo
Na prisão
Lá não tem igualdade
Nem dignidade
Talvez haja em algumas
Celas
Algum resquício da tão sonhada fraternidade

Depois de ter um bagulho
Plantado no bolso
Que o fardado
Tirou da bolsa
Pra efetivar
O investimento do sistema racista
Do patrão
– Que quer aumentar
Por todos os meios
A escravidão -,
A prisão tem em cada cela,
mais de nós
Que muita mansão

E quanto cê paga
Pra ter mais esperança?
É triste isso
Mas não é a alienação
Que muda o mundo
É a ação!
Organizada .

Porque sem revolução
Não tem salvação
A barbaridade tá aqui,
E ela nunca
Nunca, nunca,
Enquanto tiver capitalismo,
Vai deixar de existir

E se não fosse
A correnteza do amor
Me arrastando pra rebelião
Eu teria escolhido
No caminho da vida,
A partir do lugar onde vivo,
A ilusão das drogas
e outros meios de alienação
Enquanto fingiria não ser atingido
Pelas armas da opressão.

E se eu tivesse feito
Como muitos dos amigos meus
Como alguns dos meus irmãos
Que se perderam
Ou eu estaria morto e enterrado
Ou estaria na prisão

Por isso
Pra concluir
Eu queria dizer pra você
Que ensine pros teus irmãos
A não abandonarem seus filhos
E quero incluir
No pedido
Pra que cada criança
Além do direito a criação
Tenha direito de brincar,
a ser ensinado a sorrir
E sonhar.
Para que os sorrisos de crianças
Sejam mais do que lindos
Sejam também esperanças
De um amanhã
Cada vez mais bonito

E eu luto pelo dia
Em que vamos ensinar
As nossas crianças pretas
A como não morrer por tiro
E essa é a promessa
Que eu quero fazer AGORA
É a de um mundo novo
Que nunca mais mate
Nenhuma Ágatha Vitória.

Que nunca mais torture
Nossos Amarildos e Emanueis Bezerras
E se você não se indigna por nenhum dos três
Pode ter certeza
Que eu vou gritar esses nomes
Hoje amanhã, depois até
Que reconheçam!

Porque ouço no meu ouvido
A história gritando por aqueles homens através da minha memória
Porque toda vez que levam
Um dos nossos
É parte de nós que
Vai com eles
É a nossa identidade
É o canto da nossa liberdade
Que querem calar

Que nunca mais
Prendam injustamente
Nossos Jovens negros
como Rafael Braga
Pra nós isso é
uma promessa e uma exigência
Que nós fazemos também por Marielle
Toda vez que levantamos aquela placa

Agora, eu te digo irmão
O capitalismo vai cair
E vai ser por nossas mãos.

Nunca mais ter que ver
as mães chorando ou lamentando
Enquanto correm 
rios de sangue
Que saem dos corpos de seus filhos.
Assassinados pelo estado fascista
E genocida.

Se você quer que esse sonho
De garantia de dignidade
seja possível
A solução é construirmos
O socialismo
Que só a organização
Pode conquistar.

Agora eu te pergunto
Socialismo ou barbárie?
Não precisa responder pra mim
Só precisa refletir
E acrescenta aí nas ideias
Que pra todo fascismo que surgir
Nosso quilombo
Vai resistir
Pique exército bolchevique.
No calor, seremos os que queimam a casa branca
No frio, seremos o grande inverno da Rússia

E o que define seu lugar
É de qual lado você
Vai estar
Nessa luta de classes
Que não para
De se acirrar

Unidade Popular
É a nossa bandeira
E alguns dos nossos
Já estão com ela em mãos
E muitos outros ainda
A segurarão.

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