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terça-feira, 16 de abril de 2024

Delegado Da Cunha, influenciador digital reacionário, é afastado do cargo

VIOLÊNCIA – Delegado ganhava dinheiro propagandeando abordagens violentas contra jovens das periferias (Foto: Reprodução)

Lucas Nascimento

SÃO PAULO – Na última quinta-feria (29), a Polícia Civil do Estado de São Paulo recolheu armas, distintivo e afastou das ruas o delegado Carlos Alberto da Cunha, conhecido nas redes sociais como Delegado “Da Cunha”.
A decisão foi tomada após a postagem de uma foto do agente com uma pistola em punho, participando da “Operação São Paulo” que aconteceu na Cracolândia, centro de São Paulo.

Dono de um canal na internet, o delegado é conhecido por filmar Operações Policiais nas periferias, supostamente de combate ao tráfico, mas que na prática são apenas prisões sem provas de jovens pobres. O agente ainda captura as imagens de sofrimento das famílias e da comunidade durante as prisões, realizadas em bairros como São Matheus, Vila Flávia e 9 de Julho.

O delegado é mais um exemplo, de muitos, de “comunicadores” que fazem carreira e dinheiro sobre a dor do povo: o famoso jornalismo marrom, que não tem ética nem compromisso com a verdade, se importa apenas com o tamanho da audiência. No Brasil, esse tipo de jornalismo ficou conhecido com o periódico Notícias Populares, que circulou de 1963 a 2001, e com programas policiais de televisão, como Cidade Alerta, apresentado por Datena, que depois viria a se tornar um político reacionário, e Alerta Nacional, do racista e homofóbico Siqueira Jr.

Utilizando as redes sociais, Da Cunha é mais um oportunista que ganhou força e tenta influenciar a população com mentiras, sensacionalismo e promoção de ideias reacionárias, racistas e anti povo. Faz isso com um novo formato: ao invés de passar a tarde na televisão contando tragédias, entra na favela para fazer um “filme de ação”, onde os policiais violentam a juventude pobre.

O ponto comum em todos os expoentes desse tipo de jornalismo é que não ajudam a resolver nenhuma questão social, apenas fortalecem a imagem de que o favelado é o grande problema do país. Enquanto falam sobre justiça, ordem e combate a corrupção, esses “comunicadores” não denunciam os grandes ricos, verdadeiros chefes do tráfico de drogas e promotores da violência no país, estão diretamente ligados aos políticos reacionários da direita corrupta, que domina a política nacional, e fazem carreira ganhando dinheiro sobre as mazelas do povo, promovidas pelo sistema capitalista.

Ao contrário do que fazem parecer esses “comunicadores”, a causa dos problemas sociais vividos pelos brasileiros não está nas periferias, mas nos bairros de alto padrão. A conta é simples: a riqueza produzida pelo trabalho dos brasileiros não é investida nas periferias, onde moram os trabalhadores, mas está parada nas contas da Família Safra, dona do Banco Safra (US$17,8 bilhões), da Família Trajano, dona da Magazine Luiza (US$15,48 bilhões), da Família Salles, dona do Banco Itaú (US$11,3 bilhões), da Família Pinheiro, dona da Hapvida, plano de saúde privado (US$8,5 bilhões), da Família Batista, dona da JBS (US$7,0 bilhões) outras poucas famílias de bilionários.

A concentração de renda, a exploração do trabalho e a falta de oportunidades gera a violência, o não desenvolvimento de milhões de jovens, a destruição de várias famílias. Por isso, as periferias precisam ter cada vez mais produção e acesso a mídias alternativas, que expliquem as origens dos problemas sociais e os crimes cometidos pela burguesia contra o povo; os bandidos que investem milhões nas campanhas de políticos como Bolsonaro, no momento em que acabam com os programas de moradia popular para os mais pobres, deixam a juventude sem acesso ao mercado de trabalho e sem esperança de se aposentar, sobem o preço dos alimentos, da água, da luz e do alguel e cortam as verbas da saúde e da educação, estão colocando, com uma canetada, (seja Bic ou Mont Blanc), uma geração inteira de jovens à disposição do tráfico e do uso de drogas,

Se for para falar de crime na sociedade brasileira, é preciso começar apontando os criminosos que obrigam famílias a pegar fila pra ganhar doação de ossos, a pagar caro em farelo de arroz ouu de feijão, na dúzia do ovo, no litro de óleo ou de leite, tudo porque usam nossas terras para produzir e exportar soja e não para alimentar os brasileiro.

São muitas as raízes da violência que não são apontadas por Da Cunha, Datena ou outros falsos moralistas a serviço dos ricos. Só a mídia popular pode esclarecer e organizar o povo, expressar a luta cotidiana contra o sistema e pela construção do poder popular e do socialismo.

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