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terça-feira, 16 de abril de 2024

O socialismo científico é a saída para a crise ambiental

PODER POPULAR – A preservação ambiental passa pera superação do capitalismo e pela construção do socialismo (Foto: Reprodução)

Guilherme Piva

BARBACENA – O modo de produção capitalista tem levado o planeta, gradualmente, para uma grande crise ambiental, devido a forma como explora e destrói a biodiversidade do globo. Diante disso, cada vez é maior o número de pessoas que se interessam pelo debate sobre como construir uma sociedade onde o desenvolvimento esteja em harmônia com a preservação do meio ambiente.

Esse debate gerou um conceito muito difundido: o ecossocialismo; no entanto é importante investigar mais afundo o que significa esse termo e quais as suas relações com o socialismo científico. Um primeiro ponto importante é que esse conceito pressupõe a criação de um “novo socialismo”, negando o marxismo-leninismo como alternativa à destruição que o capitalismo promove em relação ao meio ambiente; dessa forma, os adeptos do ecossocialismo ignoram o desenvolvimento histórico da teoria marxista, que através da dialética, da crítica e da autocrítica, é capaz de absorver novas discussões, ao passo que mantém intactos seus princípios e posições de classe.

Na definição de Michel Löwy, principal teórico do ecossocialismo, esse sistema seria: “[…] uma economia de transição ao socialismo, na qual a própria população – e não as leis do mercado ou um “burô político” autoritário – decide, num processo de planificação democrática, as prioridades e os investimentos […]”. Fala-se, portanto, da transformação do sistema econômico sem tratar da questão da tomada do poder e nega-se o papel do partido revolucionário no trabalho consciente de construção e edificação de uma nova sociedade, defendendo um processo de transição abstrato, totalmente horizontal e sem uma revolução. Tratam-se e posições que já foram desmentidas e superadas pela teoria e prática marxistas há mais de um século, no processo das lutas e das revoluções populares.

A origem desse “novo socialismo” vem, nas palavras de seus próprios proponentes, da reflexão ecológica em conjunto da reflexão sobre as experiências socialistas, nas quais, segundo os ecossocialistas, ocorreram processos de industrialização destruidores do meio ambiente. Encontra-se ai mais um erro: nas experiências socialistas, em especial a União Soviética, a discussão ambiental sempre foi presente.

A Revolução Bolchevique triunfou na Rússia em 1917 e, em 1919, Lenin assinou um decreto que criou a primeira reserva ambiental da URSS, a zapovednik de Astrakhan, no delta do Rio Volga; em 1950 – já na era Stalin – eram 47 reservas. Nos anos 20, Lenin chamou a atenção para a emissão de poluentes das fábricas e o Partido emitiu diversas resoluções a esse respeito, como: “Sobre medidas para melhorar ainda mais a proteção da natureza e o uso racional dos recursos naturais”,“Das Medidas na Luta Contra a Poluição da Atmosfera e no Melhoramento das Condições Sanitárias de Áreas Populosas”, etc. Todas estas medidas foram decisões coletivas da direção do Partido Bolchevique, organizado através do centralismo democrático.

Em outubro de 1948, em meio ao processo de recuperação do pós-guerra, foi publicado, por iniciativa de Stalin, o decreto conjunto do Conselho de Ministros e do Comitê Central do Partido: “Plano de florestação para proteção dos solos, de introdução de culturas forrageiras rotativas, construção de açudes e reservatórios de água para assegurar elevadas colheitas estáveis nas regiões de estepe e de floresta de estepe na parte europeia da URSS”, que ficou conhecido na imprensa como “Plano de Stalin para a transformação da natureza”; previsto para ser executado dentro de 15 anos, o plano era um esforço de combate à seca através de florestamento, proteção dos solos contra erosão, introdução de culturas forrageiras rotativas, construção de açudes e reservatórios de água, prevendo a criação de oito faixas florestais com extensão superior a 5.300km. Ao passo que previa uma produção agrícola maior e mais estável, a proteção do solo por medidas de florestamento e irrigação ocupava um lugar central no Plano do Partido. Ou seja, esse plano já previa, nos anos 40, o que hoje se discute no âmbito da agroecologia e de um desenvolvimento harmônico com a natureza, pois se de um lado buscava melhoramentos na agricultura, não buscava fazer isto pelo esgotamento dos recursos naturais, mas sim pela recuperação de áreas degradadas e proteção da terra, adotando ainda medidas para proteger o Mar Cáspio, as bacias dos rios Volga e Ural e para preservar a riqueza do Lago Baikal.

Mas, se a maior experiência socialista da história é repleta de exemplos de que o marxismo leninismo é uma alternativa à barbárie capitalista inclusive nas questões ambientais, de onde nasce a necessidade de criar um novo socialismo? Primeiro das mentiras contadas pelos capitalistas, que escondem as vitórias das revoluções socialistas ao redor do mundo para negar a superioridade do socialismo; segundo da incompreensão do marxismo por parte de diversos socialistas, que não compreenderam que trata-se de uma teoria viva, que através da dialética é capaz de avançar constantemente e tornar-se cada vez mais completa conforme a humanidade avança seus conhecimentos.

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