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sexta-feira, 29 de março de 2024

Capitalismo mata pessoas de frio

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Foto: reprodução

Se a passagem do inverno é fenômeno habitual do sistema climático, que pode ser monitorado e previsto, como então atribuir a ele a causa da morte?

Emilly Laís
Militante da União da Juventude Rebelião

Nas últimas semanas, o país tem sido palco de ondas de frio, diminuindo drasticamente a temperatura de grande parte do território brasileiro. O fenômeno marca a estação de inverno, que se iniciou no final do mês de junho e se estende até meados de setembro. Este período é consequência de um movimento natural do globo terrestre, que ocorre anualmente, quando a porção sul da Terra recebe menor incidência de energia solar, reduzindo as temperaturas principalmente nas regiões sul e sudeste do país.

Na última semana do mês de junho, a capital paulista chegou a registrar 6,3°C, segundo o Instituto

Brasileiro de Meteorologia (Inmet), caracterizando a menor temperatura em cinco anos. Após a ocorrência desta onda de frio, a grande imprensa divulgou em seus canais a morte de 12 moradores de rua em São Paulo, provocadas pelo frio intenso. Oito desses óbitos ocorreram na região central da cidade, sendo cinco deles somente na Sé.

No entanto, se a passagem do inverno é fenômeno extremamente habitual do sistema climático brasileiro, que pode ser monitorado e previsto, como então atribuir a ele a causa da morte desses cidadãos brasileiros? A questão ultrapassa os limites da dinâmica natural dos sistemas atmosféricos e denuncia as desigualdades produzidas pelo sistema capitalista.

Os corpos dormindo ao relento ficam muito mais vulneráveis às bruscas quedas de temperatura e, por vezes, acabam falecendo.

Enquanto isso, na área central da capital paulista, a Sé lidera a lista de propriedades ociosas, onde uma grande quantidade de imóveis desocupados serve somente para a especulação imobiliária. Além disso, dentre os imóveis ociosos, pelo menos um terço deles são classificados no registro imobiliário do cadastro municipal como garagens, escancarando que a prioridade desse espaço é assegurar a propriedade privada.

No censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010, os pesquisadores contabilizaram mais de 293 mil imóveis vazios na cidade de São Paulo, sendo quase 20 mil somente na área da subprefeitura da Sé.

A naturalização das desigualdades sociais se faz cada vez mais presente nos noticiários da grande imprensa. No entanto a ocorrência destes fenômenos compreende um problema que vem da lógica de produção do sistema capitalista: a desumanização dos sujeitos que habitam a cidade, que uma vez marginalizados, têm o seu direito à cidade negado.

Enquanto isso, a contradição dos grandes centros urbanos escancara mais uma vez o interesse de classe, nos lucros, em detrimento da sobrevivência do povo brasileiro.

 

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