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sexta-feira, 29 de março de 2024

Nasce a Ocupação Anita Garibaldi em Florianópolis

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Redação Santa Catarina

No final de semana do dia 18, cerca de 100 famílias sem-teto ocuparam um prédio abandonado do Estado de Santa Catarina que não possuía função social há pelo menos 15 (quinze) anos.

Estas famílias, em um ato exemplar de resistência, organizaram-se junto com o MLB – Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas e realizaram essa ocupação por não possuírem outras alternativas em meio à crise econômica, social e sanitária agravada por um Estado que não possui políticas públicas de moradia eficientes.

De modo disciplinado, organizado e conscientes de seus direitos e da necessidade de lutar para ter acesso a eles, as famílias, com imensa maioria de mulheres negras, ocuparam esse prédio público buscando lutar para conquistar moradias populares.

No mês em que se celebra a suposta independência do Brasil, o nome da mais nova ocupação urbana de Santa Catarina e da primeira ocupação urbana de um prédio público que se tem notícia no estado foi definido em assembleia popular pelas famílias do movimento que conheceram a história da revolucionária catarinense Anita Garibaldi e a escolheram para simbolizar a organização e a luta do povo por justiça e por sua verdadeira independência.

Anita Garibaldi, filha de um casal pobre e simples, foi uma mulher catarinense, mãe de 4 filhos, lutadora, que nasceu em Laguna em 1821 com ódio as injustiças e coragem para lutar. Anita nunca se submeteu as amarras impostas as mulheres no seu tempo, sendo excelente montadora de cavalos, atiradora e lutadora. Casou-se com Giuseppe Garibaldi e participou da Revolução Farroupilha, fundando a República Juliana onde antes era Laguna, da “Guerra Grande” em defesa da nova República do Uruguai e da independência e unificação da Itália, sendo apelidada de “heroína de dois mundos”. Com esta digna biografia foi a opção escolhida pelas famílias no ano em que se celebram 200 anos de sua existência.

Inspiradas na coragem e no amor pela justiça e liberdade de Anita Garibaldi, as famílias ocuparam para se tornarem independentes do aluguel, da fome, da miséria, do desemprego, da carestia, da violência policial e da violência urbana. Buscando se tornar independentes do sistema financeiro, dos bancos, das imobiliárias e das construtoras. Querendo se tornarem independentes dos grandes proprietários de imóveis urbanos ou rurais.

Em nosso país aproximadamente 8 milhões de famílias são vítimas da falta de política habitacional do Estado, mesmo estando na Constituição Federal o dever de garantir moradia digna para o povo. Em Santa Catarina mais de 200 mil famílias estão nessa condição, sendo mais de 20 mil apenas em Florianópolis/SC.

Em Florianópolis (SC) é esse tipo de estado que se encontra no poder nos últimos 25 (vinte e cinco) anos. O estado agiu construindo pouquíssimas moradias sociais, regularizou poucas áreas de moradias populares, forneceu poucos aluguéis sociais, não expropriou nenhum imóvel (terreno, prédio, casa) sem função social, e quando doou ou vendeu imóveis públicos, sejam prédios, casas ou terrenos, fez na maioria das vezes doando para os ricos e as grandes empresas. Enfim, omitiu-se em sua suposta tarefa de conciliação de classes, demonstrando às classes despossuídas que não há o que se esperar nem dos grandes possuidores (burgueses) nem do Estado.

A cidade de Florianópolis, com um déficit habitacional de mais de 20 mil famílias, viu o Prefeito Gean Loureiro (DEM), durante 4 anos (2016 – 2020) construir apenas 3 casas populares. O Conselho Municipal de Habitação de Interesse Social teve sua realização iniciada e suspensa por duas vezes nos mesmos 4 anos (2016 – 2020). Houve por parte da administração uma modificação na composição dos conselhos incluindo mais membros das instituições da elite do que do povo, buscando reduzir ou esvaziar o poder popular.

Assim, sem alimentar ilusões apenas nas vias institucionais ou em milagres da vida, as famílias resolveram se organizar e lutar disciplinada e coletivamente para ter seu direito à moradia e a uma vida digna. Viva a luta do povo brasileiro para conquistar, defender e aplicar seus direitos! Viva a luta das famílias do MLB! Viva Anita Garibaldi! Anita Garibaldi vive e luta em cada e em cada uma de nós contra todas as injustiças de nosso mundo.

 

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