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sexta-feira, 29 de março de 2024

Temporada de chuvas expõe consequências do loteamento de MG ao setor privado

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Tragédia se repete – Em 2020, mais de 100 cidades do estado declararam situação de emergência após as chuvas. (Foto: Reprodução/G1)

Dique transbordou em Nova Lima, causando danos ambientais e obstruindo a BR-040. Em várias cidades há alagamentos e pessoas desalojadas. 

Redação Minas Gerais 


MINAS GERAIS – O início de ano trouxe transtornos para o povo mineiro. Em Nova Lima, um dique de uma barragem da mina de Pau Branco transbordou, causando danos ambientais e interrompendo o trânsito na BR-040. Autoridades preveem que a rodovia siga fechada por mais dias devido ao risco de deslizamentos de terra. Agora, o dique entrou em situação de ruptura iminente. Outras rodovias também estão bloqueadas.

Em várias cidades, alagamentos e pessoas desabrigadas são uma realidade no momento. A cidade de Raposos ficou ilhada após as duas estradas que dão acesso ao município ficarem intransitáveis, bloqueadas pela água. Em Itabirito e Mariana, os estragos também são grandes. Brumadinho, cidade devastada pela mineração em 2019, enfrenta grandes alagamentos devido ao aumento do nível do rio. As piores situações ocorrem nas cidades situadas nas bacias do Rio das Velhas e do Rio Paraopeba.

Em Capitólio, houve mortes e ferimentos após parte de um cânion ceder devido a trombas d’água, atingindo lanchas que estavam no local. Apenas após a tragédia foi determinada a proibição do turismo no local. Fraturas nas rochas e erosão por água e vento explicam o desabamento. A lagoa artificial, criada por uma barragem e para fins turísticos, gera um impacto contínuo sobre o paredão rochoso.

Tudo isso não ocorre por acaso, ou por força da natureza: Por todo o estado, avança a especulação imobiliária. A construção de cada vez mais empreendimentos, edifícios e loteamentos nas cidades, resulta em cada vez mais estrangulamento dos cursos d’água, desmatamento, níveis cada vez menores de arborização, o que contribui para temperaturas mais elevadas e ar mais seco. Também o avanço das mineradoras sobre os municípios expõe cada vez mais as populações mineiras à insegurança. Em Congonhas, região central do estado, há uma grande barragem da CSN que há anos causa apreensão.

No ano passado, houve uma reunião extraordinária com o governo estadual convocada em regime de urgência a pedido da mineradora francesa. A reunião autorizou a ampliação da pilha de rejeitos Cachoeirinha, da Mina Pau Branco; o Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM) acatou. Romeu Zema (NOVO) já havia feito uma reunião com os representantes da Vallourec em 2019, que autorizou a expansão da Mina.  

A cumplicidade segue marcando as ações do poder público perante as mineradoras. Após o vergonhoso acordo feito com a Vale a portas fechadas, impedindo a participação da sociedade civil e das populações atingidas, a cumplicidade segue marcando as ações do poder público perante as mineradoras. Sobre o dique que transbordou, o TJMG determinou a suspensão da disposição de rejeitos, obrigação de informar os moradores sobre eventuais riscos de rompimento e evacuação, atendendo a uma ação do Ministério Público, porém negou o bloqueio de R$1 bilhão da Vallourec, mineradora responsável pela estrutura.

Zema segue atuando a serviço das mineradoras, enquanto o povo mineiro sofre as consequências. Nesta segunda, foi realizada uma reunião emergencial sobre os desastres causados no estado, com os prefeitos das cidades mais atingidas. Segundo o jornal O Tempo, o governador apenas abriu a reunião, passando a condução ao secretário de governo, Igor Eto, e deixando o encontro sem anunciar nenhuma medida efetiva para mitigar os impactos das chuvas. 

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