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quarta-feira, 7 de agosto de 2024

Engorda de Ponta Negra gera lucro para empresários e prejuízos para a população

O atual prefeito de Natal, Álvaro Dias (Republicanos), faz de tudo para aprovar a engorda da praia de Ponta Negra, para aumentar o lucro do setor imobiliário, expulsando as comunidades que dependem da praia para se sustentar e destruindo a natureza.

Caju Bezerra e João Romeu | Natal (RN)


BRASIL – Na última terça-feira (09), a prefeitura orquestrou um ato pequeno com comissionados e representantes de seu mandato em direção ao IDEMA (Instituto de Defesa do Meio Ambiente em Natal) para cobrar que o instituto colocasse um laudo que daria um passe livre para o processo da engorda, mesmo o próprio instituto argumentando que aumentar a faixa de areia da praia com sedimentos do fundo da praia talvez seja extremamente corrosivo ao meio ambiente e não apresenta provas de que seja inofensivo.

O ato realizado pela prefeitura não teve participação popular, pois não é do interesse do povo aumentar a faixa de areia da praia turística de Natal. Grande parte dos que participaram são empresários ou comissionados pelo prefeito.

Interesses da burguesia

Esse evento evidencia como a cidade de Natal enfrenta a ganância de lucro dos empresários e fascistas. O plano diretor aprovado pelo prefeito bolsonarista Álvaro Dias tem um projeto liberal típico de sua gestão. Ele usa como argumentos o aumento da economia e o turismo na cidade para justificar mudanças na orla da praia de Ponta Negra.

O projeto para o litoral sul conta com a “engorda” da praia, criando um aumento da faixa de areia de forma artificial, usando a justificativa de evitar a erosão que ocorre em Ponta Negra há anos, assim como melhorar a economia da região. No entanto, o povo natalense não teve envolvimento no processo de aprovação desse projeto, que apesar de se vender como uma solução, desconsidera os exemplos de fracasso que outras “engordas” tiveram e os seus impactos sociais e ambientais, se mostrando uma medida que só favorece os ricos da cidade.

Contradições do capitalismo

O bairro de Ponta Negra, próximo à praia onde se planeja a engorda, conta com uma diversidade cultural em abundância, conta com a região da Vila de Ponta Negra, o conjunto de Ponta Negra e as praias de cartão postal.

Sendo uma região em que se vê a contradição latente do sistema capitalista: na Vila, há pouquíssimo investimento público, onde moram grande parte daqueles que dependem da praia para se sustentarem, como os autônomos e pescadores. Enquanto isso, o conjunto de Ponta Negra concentra a pequena burguesia da cidade, tendo grandes hotéis e negócios próximos da praia. O interesse é em aumentar esse setor, e diminuir o acesso da população à praia.

É em tom de urgência e revolta que os moradores e comerciantes de Ponta Negra clamam que as políticas públicas se voltem ao bem-estar dos moradores. Seus protestos se voltam para mais investimento em saúde, visto que o bairro possui apenas uma Unidade Básica de Saúde e nenhuma UPA. Na economia local dos moradores e na qualidade das praias, que servem de ganha-pão para grande parte dos moradores da parte mais turística da cidade, e que vêm servindo de depósito de esgoto para os grandes produtores de lixo locais – empresas de hotéis ricos que ocupam grande parte da orla.

Inconsistências do Plano Diretor

O plano diretor é vendido como um projeto urbano de cidade pensando no seu bom funcionamento para a população. É pensado para que as ruas sejam mais fáceis de transitar, para evitar que regiões de prédios comerciais não sufoquem a zona de moradia, garantir a memória da cidade e das suas zonas ambientais. Porém, o plano diretor aprovado pelo governo de Álvaro Dias possui enormes inconsistências quando colocado para a realidade de quem deveria servir: a população. Não é de hoje que a prefeitura da cidade prioriza o lucro acima da vida. Tudo isso beneficia os investidores do mercado imobiliário, mas prejudica, e muito, a vida do povo natalense.

Foi noticiado pela mídia burguesa orgulhosamente que o novo plano diretor deve trazer um investimento de R$ 6 bilhões para o mercado imobiliário até 2026. Fica evidente que são os grandes empresários que realmente irão aproveitar, enquanto o índice de pessoas sem moradia na cidade só cresce. Para se ter uma ideia, o orçamento anual da prefeitura de Natal gira hoje em torno dos R$4 bilhões.

Prioridades para a burguesia

O prefeito Álvaro Dias e sua mídia conivente tentam convencer a população. Seu objetivo é claro: enriquecer alguns investidores. Para ele, é melhor conciliar do que investir na saúde, bem como no transporte ou na educação dos trabalhadores natalenses. Essa é uma das razões que não temos passe livre e nem sequer um transporte público digno. É por isso que as nossas escolas estão com a infraestrutura caindo aos pedaços. É por isso que as filas dos médicos e hospitais são tão grandes. Não é por falta de dinheiro, mas por escolhas políticas que beneficiam alguns enquanto prejudicam outros.

Os planos para a orla de Ponta Negra incluem o crescimento de imóveis de alto custo, como hotéis e apartamentos, previstos pelo setor imobiliário para ocuparem a vista e o dia a dia dos banhistas. Enquanto esses prédios crescem na praia, o povo da Vila de Ponta Negra sofre com o descaso na situação do saneamento e urbanização. Isso demonstra que o plano diretor não está destinado para a população.

Só a luta popular muda a vida

Devemos lutar por um novo plano diretor que coloque o povo no centro de suas decisões e de seu debate. O foco deve ser a vida dos moradores da cidade acima do lucro dos empresários e do setor imobiliário. A Unidade Popular vem organizando há mais de um ano núcleos em Ponta Negra para lutar ativamente pelos direitos que a população realmente precisa. Eles reivindicam um saneamento básico de qualidade, escolas com infraestrutura moderna, mais espaço para lazer e a preservação dos recursos naturais da área.

A mobilização popular é essencial na luta pela preservação da história, moradia e espaço, bem como na relação com a natureza. A busca deve ser pela melhoria da vida, e não pelo lucro a todo custo. Nada mais oportuno do que lembrar o que está escrito na entrada da Vila de Ponta Negra: “Não estamos à venda”.

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