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domingo, 17 de novembro de 2024

“Aqui não existem direitos humanos”

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A Verdade esteve presente à coletiva de imprensa realizada no dia 25 de janeiro, em São José dos Campos, quando o advogado das famílias, Antônio Donizete Ferreira (Toninho) falou sobre o despejo de Pinheirinho. A seguir, seu depoimento. 

“Em primeiro lugar eu gostaria de aproveitar essa coletiva para agradecer a solidariedade que temos recebido de todo o País e também fora dele, de movimentos sociais, movimento sindical, intelectuais, artistas, estudantes. Então gostaria de agradecer a solidariedade, o carinho, o trabalho na internet, que está sendo maravilhoso. A gente agradece todo esse apoio. Agora eu queria dizer que o que a polícia fez aqui foi absolutamente irregular, porque havia uma liminar do Tribunal de Justiça, e ela não poderia ter feito o que fez, e o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo bancou essa atividade totalmente irregular e continua totalmente irregular, à medida que derrubam as casas sem que as famílias tenham conseguido tirar seus móveis. Vocês podem perceber, conversando com os moradores, que as famílias não conseguiram retirar seus móveis lá de dentro – inclusive perderam documentos, roupas. É mais uma irregularidade; absolutamente o Estado de Direito aqui acabou, aqui foi [instalado] um Estado de Exceção, e isso é uma “doideira” dentro dessa situação que nós estamos vivendo.

Então, nós queremos fazer essa denúncia e dizer o seguinte: essas pessoas que estão nos abrigos – são abrigos precários – não têm condição de vida ali; então, o direito da pessoa humana aqui se acabou, não existem direitos humanos, não têm sido respeitados de forma nenhuma. Nas pessoas que estão no abrigo a prefeitura coloca uma pulseirinha, como se elas estivessem em um campo de concentração; as pessoas, quando saem do abrigo com essa pulseirinha, são perseguidas pela polícia ou pela Guarda Municipal, ou seja, não podem transitar pela cidade. E aqui se trata de moradores que tinham parentes no bairro, amigos no bairro, que viviam nessa região e agora estão com toda essa dificuldade.

A prefeitura fez com que as mães fossem separadas das crianças – isso até mesmo com o Conselho Tutelar presente, o que é um absurdo. O Conselho Tutelar não poderia permitir esse tipo de coisa, separar mãe de criança, isso é como se estivéssemos num regime fascista, e nós não podemos concordar com isso.

Agora temos alguns passos a encaminhar. Sabemos que na Justiça está muito difícil, porque a Justiça neste país é pra rico, não é pra pobre. Na verdade, retiraram milhares de famílias de dentro de um terreno para entregá-lo a uma pessoa só, e essa pessoa todo mundo sabe que é um notório criminoso do colarinho branco, que já foi condenado, foi preso na operação Sathia Graha e várias outras vezes.  E esse “dono” nunca foi dono desse terreno. Esse terreno pertenceu aos alemães que foram assassinados, e, portanto, deveria estar na mão do Estado, já que eles não tinham herdeiros. Não só esse terreno, mas toda a região, todos esses bairros aqui em volta. Fizeram uma falcatrua, fizeram, na verdade, uma grilagem. Um homem aqui da região chamado Comendador Bento grilou dos alemães, com o consentimento das autoridades, dos cartórios da época e, depois, fez essa negociata com o Nahas, esse criminoso conhecido e reconhecido pelo mundo inteiro – aliás é procurado pela Interpol, não podendo entrar em muitos países do mundo”.

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