O Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro repudia veementemente a privatização dos aeroportos de Brasília, Guarulhos e Campinas. Juntos, esses aeroportos detêm 70% do faturamento da Infraero
A privatização inviabiliza todo o sistema de funcionamento da estatal. Só a rentabilidade de Cumbica, em Guarulhos, mantinha 12 aeroportos deficitários.
Antes das privatizações, a rede Infraero era composta de 67 aeroportos, 83 grupamentos de navegação aérea, diversos terminais de carga, tudo sem aporte do governo. A pergunta que não quer calar é: agora que os aeroportos mais lucrativos começam a ser privatizados, de onde sairão os recursos para manter os deficitários – da Educação? Saúde? Previdência Social? Habitação? Segurança?
Inviabilizado o atual sistema – que não teria mais como se manter sem aporte de novos recursos – como serão administrados os aeroportos dos estados menores da federação e os de áreas de difícil acesso e fronteiras? Pois saiba: quem vai sustenta toda essa negociata é você, povo brasileiro, por meio do BNDES. Os consórcios vencedores nos leilões já consumados em Brasília, Guarulhos e Campinas poderão recorrer ao banco estatal para financiar em 80% as prometidas obras de ampliação e reforma!
Mas se a estatal tem dinheiro para bancar empresas estrangeiras, interessadas unicamente em seus próprios lucros, por que não poderia aplicar esses mesmos recursos na Infraero?
Outra pergunta: como explicar o grande aporte de recursos dos fundos de pensão no consórcio Invepar, que arrematou Cumbica? No que diz respeito à Petros, os conselheiros eleitos pelos trabalhadores, tanto para o Conselho Fiscal quanto para o Conselho Deliberativo, não foram sequer consultados!
Gravíssima, ainda, é a questão da segurança nacional. Sobretudo depois da descoberta de petróleo na região do pré-sal, o Brasil se tornou mais vulnerável a invasões, o que acentua o caráter estratégico dos aeroportos. A presença da 4ª Frota nas costas brasileiras deveria servir de alerta. É por razões estratégicas que 85% dos aeroportos, no mundo, são estatais. No entanto, em lugar de investir na proteção do território, abrem-se as áreas estratégicas do país para empresas estrangeiras, o que é inexplicável e inaceitável.
No mundo, entre os 15% aeroportos privatizados há grandes problemas. O de Ezeiza, em Buenos Aires, na Argentina, é administrado pela Corporação América, a mesma empresa que ganhou a concessão em Brasília. Lá, a concessionária não fez nenhum dos investimentos prometidos e os problemas são gritantes. Qualquer passageiro que aterrize em Ezeiza poderá comprovar. Entre os problemas mais visíveis, estão os constantes atrasos nos voos, informações contraditórias transmitidas aos passageiros, tumulto, calor intenso nos meses de verão e falta de espaço físico. Mas não é só.
As companhias de seguro das aeronaves, depois da privatização, começaram a cobrar mais caro em Ezeiza, onde o risco de acidentes no pouso de grandes aeronaves, a exemplo do 747-777 e do 767-400), que seguia de São Paulo (Guarulhos) para Buenos Aires (Ezeiza), aumentou no país vizinho, em consequência da falta de investimentos, como assegura o Sindicato Nacional dos Aeroviários.
Por estes e outros motivos igualmente relevantes, conclamamos o povo brasileiro a se mobilizar. Os próximos da lista são o Aeroporto Tom Jobim, na base do Galeão, o no Rio de Janeiro; o Salgado Filho, em Porto Alegre; o Tancredo Neves (Confins), em Belo Horizonte, e o Luiz Eduardo Magalhães, em Salvador.
A população não pode assistir impassível à entrega do patrimônio nacional. Essas negociatas estão em contradição com os compromissos assumidos durante a campanha eleitoral pela Presidenta Dilma. O povo brasileiro exige que a Presidenta Dilma reveja essas privatizações que se consubstanciam em crime de lesa-pátria! Não existe pátria sem patrimônio! Todos em defesa da soberania nacional!
Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro – Sindipetro-RJ