Terra Fria – A dura realidade das operárias

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Terra Fria - A dura realidade das operáriasTerra Fria (North Country) é baseado no livro Class Action: The Story of Lois Jenson and the Landmark Case That Changed Sexual Harassment Law, de Clara Bingham e Laura Gansler, que conta a saga de Josey Aimes (interpretada por Charlize Theron) no Minnesota de 1989, não tão diferente de qualquer outro lugar assolado pelo capitalismo, de onde ela parte sozinha numa jornada pelos direitos da mulher.

Depois de abandonar o marido, cansada de constantes agressões, precisa buscar o sustento de sua família. Até que a necessidade a obriga a trabalhar numa mina de ferro. Então se inicia um duro cotidiano de agressões, não mais físicas, mas não menos dolorosas. Devido à grande concentração de homens – 31 para cada mulher – se instala um grande assédio moral nos locais de trabalho, seja tratando-as como incapazes de executar o serviço, como desnecessárias para o desenvolvimento da produção, e ainda sendo vistas como instrumentos sexuais. Soma-se a isso o fato de Josey Aimes não estar enquadrada na condição que a sociedade atrasada da época determina: pelo contrário, é separada, seus filhos são de pais diferentes, além de desejar trabalhar e viver por conta própria. No limite dessa situação, essa jovem mulher toma uma difícil decisão: processar a empresa pelo descaso, confrontando a todos, pois a pacata população acredita que a mina garante “o pão” das famílias da região.

A luta contra o machismo e sua horrível manifestação, o assédio sexual, tem muita história a contar e, sem dúvida, faz enfrentamento direto ao sistema capitalista, pois é o combate às diversas formas de opressão existentes. Além disso, o “longa” também aborda outros temas paralelamente, a exemplo de gravidez na adolescência, estupro, dominação ideológica, alienação. Ora sutilmente, ora sem máscaras.

A empreitada de Josey Aimes, sem apoio do parceiro, da família, das colegas de trabalho, é uma lição a todas as mulheres que lutam por uma sociedade igualitária, e graças a ela foi engendrada a primeira ação de classe por perseguição sexual nos Estados Unidos, abrindo precedente para várias outras mobilizações na defesa da mulher trabalhadora. Um emocionante filme para ser conferido neste dia 8 de março.

Alexandre Felix é militante do PCR