Dança tradicional do Nordeste, o coco de roda tem sua origem na união da cultura negra com os povos indígenas no Brasil. Apesar de frequente no litoral, acredita-se que o coco surgiu no interior, provavelmente nos quilombo, a partir do ritmo originado da quebra dos cocos para a retirada da amêndoa, com sua dança e tradição musical cantada, tornou-se um modo privilegiado de transmissão e manutenção do conhecimento e da tradição popular.
No entanto, devido à sua origem nas camadas oprimidas e marginalizadas da sociedade, o coco sempre sofreu a discriminação dos meios de comunicação das classes dominantes. Assim, a difusão e a manutenção do coco como expressão cultural deve-se unicamente à sua resistência.
É enfrentando essas dificuldades que os mestres coquistas passam grande parte de suas vidas sem apoio, apesar de sua arte possuir grande valor histórico, que persiste através dos tempos.
Jackson do Pandeiro, por exemplo, um dos artistas mais célebres do coco, que começou sua carreira acompanhando sua mãe nas rodas de cocos enquanto tocava zabumba, morreu pobre e até hoje seu talento é desprezado pela grande mídia, apesar de ser referência nacional para vários artistas que alcançaram o estrelato.
Por sua vez, as leis de incentivo à cultura nunca colocaram o coco como prioridade nas ações e projetos considerados de interesse público. Também a maioria dos grandes espetáculos promovidos com o dinheiro do povo não tem o coco como foco das ações. Mesmo assim, esses órgãos gastam altos cachês e investimentos na propaganda de uma “cultura de massa” voltada para o lucro.
Apesar desta realidade, são cada vez mais notáveis as iniciativas populares para promover a valorização do coco de roda e resgatar essa tradição popular. Com frequência, vemos aumentar a realização de Sambadas, numa ação que pretende levar à juventude a valorização das vivências culturais que fortalecem a identidade popular.
Projetos como “O Coco do Amaro Branco”, que envolve mestres e discípulos de um coco tradicional há mais de 100 anos em Olinda, agora tem tido o coco de roda levado adiante como a Sambada Divina, organizada no dia 24 de março pelo Coletivo Bacurau, e que levou aos jovens do Recife uma alternativa de qualidade e difusão de talentos da música popular como o Grupo Sagaranna – novo grupo de música popular a desabrochar na cena pernambucana – apresentando o trabalho do Mestre Zé de Vina e seus Mamulengos vindos de Lagoa de Itaenga-PE e o talento da Mestra Dona Cila do Coco – Olinda.
Fernanda Toscano, Recife
legal
2013/11/13 Disqus
legal
2013/11/13 Disqus
“(…) surgiu no interior, provavelmente no Quilombo dos Palmares e, a partir do ritmo originado da quebra dos cocos pelos escravos para a retirada da amêndoa”. Cara autora, se eles estavam no Quilombo, acredito que eles não eram mais escravos. Outra coisa, eu por exemplo não me considero descendente de escravos, mas sim de negros que foram escravizados. São simples expressões, mas diz muito de como nossa história foi contada.
nn gostei deveria ter mais informaçoes como: musica e ritimo, roupas,coreografia e etc.
muito legal achei muito interessante
beleza o pouco que informa já é suficiente para se ter uma idáia do que é o coco de roda !
Muito bom. Só faltou falar dos diversos tipos de coco como: coco praieiro, coco de obrigação, coco rural etc.