Vitória das mobilizações e lutas que foram organizadas pelas entidades estudantis, a década de 1980 celebrou em diversos estados o direito à meia-entrada nos eventos esportivos e culturais para os estudantes, garantindo em parte o acesso da juventude à cultura e ao lazer.
Em outubro do ano passado, a Câmara dos Deputados aprovou o Estatuto da Juventude, que estabelece uma legislação nacional para o direito à meia-entrada aos jovens de 15 a 29 anos. Agora, o Estatuto está em tramitação no Senado.
Na contramão, a Câmara aprovou a Lei da Copa anulando o direito da juventude à meia-entrada, com a única finalidade de aumentar os lucros da corrupta Fifa e suas empresas.
A verdade é que para os grandes mandatários do futebol mundial, entre ele Joseph Blatter e Jérôme Valcke (aquele que disse que o Brasil precisava de “um chute do traseiro”), o esporte que é a paixão nacional dos brasileiros nada mais é que um negócio. Para eles, pouco importam os gastos da Copa (que será mais cara do que as três últimas edições juntas) ou as famílias desabrigadas com as obras.
Quanto aos ingressos, serão estabelecidos “ingressos populares” para beneficiários dos programas sociais do Governo Federal, estudantes e idosos, restritos à chamada categoria 4. Toda a comercialização e controle dos ingressos será feita pela Fifa, que determinará suas cotas de venda avulsa ou vinculada a pacotes turísticos. Celebrar a Copa do Mundo em nosso país não será, portanto, motivo de festa e de alegria para o povo brasileiro, pois este estará excluído dos estádios.
Infelizmente, a Copa 2014 será marcada pelo desrespeito aos direitos da juventude, descumprimento das leis do país (como a liberação da vendo e do uso de bebidas alcoólicas no estádio, tudo para beneficiar uma única marca de cerveja), superfaturamento de obras e bilhões do dinheiro público indo para nos bolsos das grandes empreiteiras e da Fifa.
Um país com tanta identidade com o futebol, tendo-o como verdadeiro patrimônio cultural, não pode ser tratado dessa forma.
Da Redação