Golpe de estado no Paraguai

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Golpe de estado no ParaguaiO Paraguai vive uma tentativa de golpe de Estado. A burguesia e os grandes latifundiários tentam dar aparência legal à ação. A Câmara dos Deputados aprovou a abertura do processo de impeachment do presidente da República, Fernando Lugo, em rito sumário no final da manhã de quinta-feira (21). Nesta sexta, Lugo terá duas horas para se defender e, em seguida, o processo será julgado pelo Senado paraguaio.

A Câmara dos Deputados paraguaia abriu um “julgamento político” contra o presidente, sob a acusação de má gestão do país, em especial em relação a um confronto entre policiais e trabalhadores rurais em uma fazenda no último dia 15, que terminou com 17 mortos. O presidente Fernando Lugo culpou o candidato à presidência pelo Partido Colorado, Horace Carter,e setores conservadores desse ato inconstitucional.

Por trás dessa atitude estão os interesses das oligarquias paraguaias em não permitir o avanço da reforma agrária no país. “O presidente colocou o dedo na ferida da oposição”, afirma Marcos Ybáñez, secretário de comunicação do Partido Tekojoja, em entrevista ao site Opera Mundi. “A maioria dos deputados de direita é proprietária de grandes latifúndios e a situação da oligarquia paraguaia se tornou insustentável quando o presidente colocou em debate questões tão sensíveis como a reforma agrária”, explicou o partidário do atual presidente.

Ybáñez também afirma que esse movimento dos partidos Colorado e Liberal Radical Autêntico (responsáveis pelo processo de impeachment na Câmara de Deputados e no Senado) foi planejado para atrapalhar as eleições presidenciais de 2013. “Eles querem boicotar o desenvolvimento normal do processo eleitoral. Eles temem que a esquerda ganhe espaço no próximo ano”, declarou o secretário.

A resistência popular cresce nas ruas. Milhares de representantes de movimentos sociais, sindicais e camponeses cercam o congresso nacional. Uma vigília em apoio ao presidente Lugo foi realizada essa madrugada. Uma comitiva de chanceleres dos países da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) chegou ao Paraguai e acompanha o processo.

Natália Alves