Em visita a Cuba, cinco pernambucanos – dos quais três amigos do Centro Cultural Manoel Lisboa (CCML) – fizeram rotas “alternativas” às rotas turísticas normalmente apresentadas aos visitantes. Optaram por percorrer os íngremes caminhos da revolução abertos por Fidel, Che e Raúl, especialmente nas quebradas da famosa Sierra Maestra. De volta, depois de 4.570 quilômetros percorridos, trouxeram ao CCML as suas percepções do que viram e sentiram ao lado do bravo povo cubano.
Araújo, Jaime, Rosa, Lucimar e Angélica passaram 32 dias andando e conversando com o povo por todo o território de Cuba e, entre as impressões mais marcantes, destacaram as de que a revolução permitiu de fato a independência daquele povo que luta de forma abnegada e permanente em defesa das conquistas da sua revolução. Entre as andanças pelo país, os amigos não poderiam deixar de participar da marcha do 1º de Maio na Praça da Revolução, que este ano teve como tema “Preservar e aperfeiçoar o socialismo”. Registraram na marcha, ainda, manifestações de apoio aos cinco heróis cubanos prisioneiros do império norte-americano.
Um país de dimensões geográficas pequenas, com um território semelhante ao de Pernambuco, com uma economia extremamente limitada que tem por importante suporte a exploração turística e que sofre um embargo econômico de mais de meio século, imposto pala maior potência militar da terra, os Estados Unidos, consegue manter o seu povo com um alto índice de educação, cultura, prática esportiva e um grande respeito à cidadania e ao sentimento de solidariedade humana.
A mulher é tratada, como de fato esperávamos numa nova sociedade, com dignidade, liberdade e respeito, podendo andar nas ruas a qualquer hora do dia ou da noite sem medo dos assédios ou de outros tipos de violência tão comuns em nossa sociedade capitalista. São, de um modo geral, baixíssimos os índices de violência – para se ter uma ideia mais clara, é indispensável estudar o significado do registro de oito assassinatos por ano em todo o país, com uma população de 11 milhões de habitantes, situado a 90 milhas dos EUA, onde existem as maiores taxas de violência e a maior população carcerária do mundo.
Ao indagar sobre a condição da juventude, daqueles que não participaram da tomada do poder pela revolução, suas condições, seus sentimentos, suas atitudes perante a ideologia da revolução socialista, tendo em vista tantas transformações sociais e tecnológicas no mundo, afirmaram os companheiros existirem fortes exemplos de “homens novos” que servem de referência para a juventude, como são os cinco patriotas cubanos presos nos EUA por defenderem a revolução dos ataques terroristas da extrema direita cubana residente em Miami.
À juventude e às crianças é dada especial atenção em relação à educação, à cultura e aos esportes. Desde o nascimento, quando é concedida licença-maternidade de um ano, sendo os seis primeiros meses concedidos diretamente à mãe e os seis meses restantes sob decisão do casal, quando estes em conjunto decidem quem cuidará da criança; posteriormente, a partir de 1 e até os 5 anos de idade, às crianças é assegurado o acesso às creches durante todo o dia. Na escola regular, as crianças passam o dia. Têm acesso assegurado às universidades, onde ingressam avaliadas por seu mérito, além de terem garantido o primeiro emprego com a conclusão de seus cursos. Têm ainda alto índice de acesso à cultura e esporte, em que têm encaminhamento assegurado às escolas especializadas, de acordo com seu desempenho. Não é diferente o cuidado com o acesso à escola, que é garantido, sendo, inclusive, os transportes de melhores condições destinados para este fim.
Ao final da visita ao CCML, os companheiros transmitiram o sentimento de “terem retornado de Cuba mais socialistas do que quando partiram daqui” e guardaram o sentimento de que a revolução cubana, mesmo com tantas conquistas importantes, não é um paraíso, pois tem vários problemas de ordem econômica e política, em parte devidos ao terrível bloqueio econômico imperialista dos EUA, há mais de 50 anos.
Entre outros problemas, que não sabemos ainda como serão resolvidos: as reformas econômicas recentes, ao permitirem a exploração privada de algumas atividades (restaurantes, pousadas) e a contratação de trabalhadores por esses neocapitalistas, reintroduziram em Cuba a apropriação privada da mais-valia nessas atividades. Terão os cubanos a sabedoria de, no seu devido tempo, corrigir essas distorções, tal como souberam fazer os bolcheviques na época da Nova Economia Política na Rússia?
Bem, esta é uma grande interrogação, mas, enquanto não a resolvemos, é certo afirmar que os povos de toda a América têm muito a aprender com o revolucionário povo cubano.
Thays Santos, Recife