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sábado, 23 de novembro de 2024

Cúpula dos Povos denuncia Rio+20

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Entre os dias 13 e 22 de junho, delegações de 186 países reuniram-se na Cúpula da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, com o objetivo de buscar soluções para os problemas ambientais do mundo. A conclusão de um texto consensual entre os países acerca de temas como a sustentabilidade foi o principal trabalho das delegações diplomáticas que durante meses trabalharam no que foi chamado de Rascunho Zero, a ser entregue aos chefes de Estado.

Oficialmente, a Rio+20 ocorreu entre os dias 20 e 22 de junho, com a chegada dos chefes de Estado, que se revezaram em discursos sobre o texto elaborado anteriormente por suas delegações negociadoras. Digno de nota foi o discurso do presidente de Cuba, Raúl Castro, que afirmou que “há 20 anos, nesta sala, o líder da revolução cubana disse que uma espécie muito importante corria o risco de desaparecer: o homem. O que poderia ser considerado algo alarmista, hoje é uma realidade irrefutável”.

A grande discussão da Rio+20 girou em torno do conceito de “Economia Verde” defendido pelos países imperialistas como novo paradigma para o desenvolvimento sustentável. Conceito novo de velhas ideias que se resume na privatização e mercantilização dos recursos naturais.

Da Rio+20 pouca coisa se produziu de concreto. Os interesses econômicos das grandes potências novamente foram entrave para a produção de propostas que solucionem os grandes problemas e males ambientais que assolam o mundo. As metas e o conceito de Economia Verde não foram definidos, e apenas recomendações gerais foram aprovadas. Uma verdadeira farsa foi montada nos dez dias de encontro no luxuoso centro de convenções da Barra da Tijuca.

Fracasso, decepção, desilusão, frustração, entre outros termos, são usados pelos movimentos sociais que participaram da Rio+20 ou acompanharam na Cúpula dos Povos o desenrolar dessa conferência, que teve um gasto de R$ 122 milhões somente com segurança. Na verdade, na semana do evento o Rio de Janeiro foi tomado por tropas do Exército que, com fuzis, tanques e todo o seu aparato, sitiaram a cidade para impedir qualquer tipo de manifestação contrária aos rumos tomados pela Rio+20.

Um momento importante da Cúpula dos Povos foi a presença do diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, no debate “Diálogo sobre Economia Verde”. Ao usar da palavra, foi vaiado por cerca de 300 pessoas ao defender ideias favoráveis à especulação financeira. O papel do Pnuma foi inclusive um dos principais temas debatidos na Rio+20. Para as potências imperialistas interessava transformar o Pnuma num organismo autônomo com poderes similares aos da Organização Mundial do Comércio (OMC), tornando-se assim um instrumento de “governança global” acima da soberania das nações.

O momento marcante da Cúpula ocorreu no dia 20 de junho, quando mais de 80 mil pessoas se concentraram entre as avenidas Presidente Vargas e Rio Branco em uma passeata que partiu rumo à Cinelândia, reunindo movimentos de todos os tipos: de trabalhadores sem-terra, feministas, estudantes, indígenas, sindicalistas e militantes de partidos de esquerda.

A Cúpula dos Povos encerrou suas atividades reafirmando a necessidade de se lutar contras as propostas capitalistas e convocando a todos para que “voltemos aos nossos territórios, regiões e países animados para construir as convergências necessárias e para continuar em luta, resistindo e avançando contra o sistema capitalista e suas velhas e renovadas formas de reprodução. Em pé, continuamos em luta!”.

Emerson Lira, Rio de Janeiro

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