Foram 24 dias de greve, entre 28 de maio e 19 de junho. Os servidores da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), organizados pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas da Paraíba (Stiupb), realizaram um combativo movimento em todo o estado, que contou com adesão total em Campina Grande e no Sertão e se espalhou por outras regiões, desenvolvendo uma série de piquetes, atos, passeatas e assembleias gerais permanentes.
Houve também adesão na Capital João Pessoa, mesmo sem apoio do sindicato local. O Movimento Luta de Classes (MLC), juntamente com sindicados aliados, chegou a organizar manifestações e a paralisar setores importantes.
A deflagração da greve aconteceu após quase três meses de tentativas de negociação no Ministério do Trabalho, onde a Diretoria da Cagepa sustentou que não tinha condições de dar qualquer reajuste ou benefício à categoria, apelando para que os servidores “sejam compreensivos com a falta de recursos e aguardem o próximo ano”.
Os principais eixos da greve foram: a campanha salarial 2012 e o combate à situação caótica por que passa a empresa há anos, que agora se agravou pela falta de recursos, as péssimas condições de trabalho, as terceirizações, os altos salários dos cargos comissionados e o fantasma da privatização.
No fim, veio a vitória. Contando com grande repercussão na mídia e com a simpatia da população paraibana, que enxergou na greve a defesa do patrimônio público, o movimento conseguiu dobrar a intransigência da Cagepa e do Governo do Estado, conquistando 5% de reajuste nos salários, 5% no vale-alimentação e o pagamento de 60% do plano de saúde pela empresa.
Para Wilton Maia, presidente do Stiupb e militante do MLC, “conseguimos nesta greve o que poucos acreditavam do ponto de vista financeiro. No entanto, o mais importante foi a demonstração de força da categoria, que não permitirá mais que a Cagepa seja desmantelada ao ponto de ser privatizada. Todos estão de parabéns pelo despertar de consciência, pela certeza de que só com a luta poderemos conquistar dias melhores”.
Rafael Freire, João Pessoa