Elmano de Freitas é advogado, formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC), onde participou do movimento estudantil no Centro Acadêmico Clóvis Beviláqua e no Diretório Central dos Estudantes (DCE). Iniciou sua carreira defendendo os trabalhadores, atuando em sindicatos e também na luta juntamente com os movimentos sociais, em especial o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Entre 2001 e 2009, foi coordenador da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (Renap). Participou da gestão da prefeita Luizianne Lins (PT), em Fortaleza, ocupando a direção do Orçamento Participativo (OP), onde as comunidades decidem sobre políticas públicas a serem efetivadas pelo Poder Executivo, e logo depois foi secretário de Educação do Município. Elmano é o candidato do PT à Prefeitura de Fortaleza e concedeu entrevista a A Verdade.
A Verdade – Você é um candidato com uma longa trajetória de lutas e participação no movimento popular. Conte-nos mais um pouco sobre o seu histórico de militância.
Elmano de Freitas – Desde os meus 16 anos, sonho em mudar o mundo, o país e a cidade. As convicções e intenções que tinha, aos 16 anos, continuam extremamente vivas até hoje. Lembro sempre do padre Eldazio e da irmã Elvira, que me orientaram desde o início da militância e na luta pelos direitos das pessoas mais pobres. A minha militância começou nas Comunidades Eclesiais de Base, na cidade onde nasci, em Baturité, no trabalho de alfabetização das crianças que não contavam com escola pública.
Foi nessa época também que resolvi cursar a faculdade de Direito, por ver na profissão o caminho para defender quem mais precisa, ou seja, os mais carentes que vivem à margem da sociedade. A minha trajetória como advogado dos movimentos sociais, com a Comissão Pastoral da Terra, da irmã Dorothy, segue o caminho da minha militância ainda na adolescência.
Você conhece, de perto, os movimentos sociais e sindicais. Como será sua abordagem com os mesmos sendo prefeito de Fortaleza?
Com muito diálogo, como sempre foi em toda a minha vida. O que quero levar como prefeito, caso seja eleito, é justamente a minha experiência ao lado dos movimentos sociais. Isso faz parte da minha vida. Acredito que os movimentos populares são imprescindíveis para a realização das transformações sociais que almejamos, caminhando para uma sociedade mais justa.
Na gestão da prefeita Luizianne Lins (PT), a coordenação do Orçamento Participativo foi desenvolvida sob sua direção. Para o seu mandato, quais mecanismos de participação popular pretende criar para avançar num projeto popular e democrático?
Quando eu assumi o Orçamento Participativo, conseguimos dobrar o número de demandas efetivamente executadas. A participação das pessoas foi o que fez a diferença para que isso acontecesse. A minha proposta é consolidar essa experiência e ampliar ainda mais a participação popular. Quero fazer o OP digital, para facilitar e incluir mais pessoas nas decisões sobre ações e obras importantes para Fortaleza.
Um grande movimento vem sendo organizado pelos movimentos sociais, entidades de direitos humanos e partidos políticos exigindo a abertura dos arquivos da Ditadura. Qual a sua opinião sobre esse tema?
Sou plenamente a favor da abertura dos arquivos da Ditadura. O direito à memória e à verdade é fundamental para todos os brasileiros. A abertura dos arquivos é decisiva para garantirmos o direito à verdade para o povo brasileiro conhecer os fatos ocorridos.
Um recado aos leitores do Jornal A Verdade.
Gostaria de agradecer o espaço, ainda mais em um jornal como A Verdade, que se coloca como um canal dos trabalhadores e da organização coletiva. Assim como é importante a liberdade de imprensa, é importante ter veículos de informação com abordagem diferente dos tradicionais, da grande imprensa. Isso ajuda a provocar debates para que a política não seja monopolizada por uma quantidade restrita de visões.
Michell Plattini, Fortaleza