Com a participação de mais de 300 estudantes, de 6 a 13 de janeiro, na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), realizou-se o Congresso Brasileiro dos Estudantes de Medicina (Cobrem). Este grande encontro de caráter deliberativo da Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina (Denem) cumpre um importante papel na organização do movimento estudantil ao organizar diversos centros e diretórios acadêmicos de todo o País na construção coletiva do planejamento estratégico das principais bandeiras de luta dos estudantes de medicina para este ano, bem como elegendo e empossando as novas coordenações.
Aprofundando a discussão nos temas de conjuntura nacional e internacional, saúde e educação, evidenciam-se no País processos de reformas governamentais que legitimam a precarização e a retirada de direitos da classe trabalhadora, através da desresponsabilização do Estado e o incentivo à iniciativa privada que acontece atualmente de diversas formas.
Na saúde, o avanço das políticas neoliberais destituem qualquer forma de controle popular, o que fere frontalmente esse direito, como através da privatização dos hospitais universitários pela criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, a implementação das Organizações Sociais (OSs) e das Fundações Estatais de Direito Privado, o seu subfinanciamento, o descaso com a atenção primária, a desvalorização da multidisciplinariedade e as contradições da educação médica.
Na educação, há um fomento do ensino subordinado à lógica do mercado que determina a desvirtuação do tripé universitário ensino, pesquisa e extensão, o subfinanciamento e uma falta de amplo controle estatal das instituições pagas, sobretudo pela ausência de uma regulamentação que impeça atitudes abusivas, antidemocráticas e corporativistas. Nesse sentido, ao invés de se investir em educação publica, políticas de acesso servem para garantir a transferência de recursos para o setor privado e formação de profissionais que se adaptem facilmente às condições extremamente precárias de trabalho. Diante disso, por exemplo, tivemos em 2012 a maior greve da educação superior dos últimos anos, que envolveu docentes, técnicos administrativos e estudantes, com adesão maciça da quase totalidade das instituições federais de ensino superior.
Após uma semana de intenso debate sobre o panorama geral das realidades econômica, política e social, que hoje se expressam em nosso país, elencaram-se as principais frentes de atuação da executiva, destacando-se opressões, saúde e mercantilização da educação como temas prioritários. Vale enfatizar que, com muita luta política, a bandeira contra toda e qualquer forma de opressão, garantindo o amplo debate sobre suas vertentes, causas e consequências, que em diversas vezes é secundarizada, torna-se prioritária para as ações praticas, educativas e formativas da Denem.
O congresso encerrou-se com uma renovação do espírito combativo para os grandes enfrentamentos que teremos ao longo do ano em defesa de uma saúde e educação 100% pública, estatal, de qualidade, integral, equânime, com amplo e efetivo controle popular, sem nenhuma subordinação aos interesses de mercado e que atendam às reais necessidades da classe trabalhadora.
Grace Urrutia,
Coordenadora-geral do DA da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais