Apesar dos vários direitos conquistados nas últimas décadas, as mulheres continuam oprimidas e exploradas. Para se ter uma ideia, apesar de representarem 55% da população mundial, apenas 40% delas estão no mercado de trabalho e são responsáveis por somente 10% da renda do mundo. Para a mesma função, as trabalhadoras ainda ganham menos que os homens; em 2011, no Brasil, elas ganharam até 28% menos que eles, de acordo com o IBGE.
O machismo, cultivado pelos meios de comunicação da burguesia, não só faz perpetuar como amplia a violência contra as mulheres. Nos últimos dez anos, foram mais de 43,5 mil mulheres assassinadas no Brasil, sendo que 80% dos casos denunciados foram praticados por maridos ou namorados.
O descaso com a saúde pública também gera inúmeras dificuldades e sofrimentos às mulheres pobres. Milhares de gestantes, por exemplo, sofrem sem atendimento pré-natal ou com acompanhamento insuficiente. Um exame ginecológico leva meses e até anos para ser agendado. Segundo o Ministério Público da Saúde, cerca de 52% dos partos realizados no Brasil são cesáreos, ultrapassando a porcentagem recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 15%. Também existe outro caso de saúde pública que é desprezado pelos governos: o aborto inseguro. Estima-se que 31% dos casos de gravidez no Brasil terminam em abortamento, ou seja, de cada 10 mulheres grávidas três abortam de forma espontânea ou induzida, e todos os anos ocorrem cerca de 1,4 milhão de abortos espontâneos ou inseguros.
Essas e tantas outras situações reforçam a necessidade de as mulheres pobres continuarem a luta para conquistar igualdade de direitos e uma vida digna. Afinal, como bem demonstra a realidade, elas fazem parte de um grande exército de homens e mulheres que são explorados pelos patrões e seus governos.
Por isso, devemos afirmar, em especial nesse dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, que essa luta deve continuar. Devemos aproveitar esse dia para promover passeatas, debates, seminários e visitas aos bairros, e para convocar homens e mulheres a lutarem por políticas públicas que liberem as mulheres do trabalho doméstico, como a instalação de lavanderias, creches, restaurantes comunitários e delegacias de polícia em maior número e aptas a atender durante as 24 horas do dia.
Precisamos lutar para conquistar mais direitos, como o direito da mulher à maternidade e ao trabalho, assim como o direito ao aborto legal para não morrer, sempre afirmando a causa do socialismo, pois somente numa sociedade baseada na igualdade é que as mulheres provarão o sabor da verdadeira emancipação.
Izabelle Gomes, Campina Grande