Descontentes com o sucateamento das escolas e com a carreira do magistério, profissionais em Educação das redes municipal e estadual do Rio de Janeiro deflagraram greve por tempo indeterminado. Foi no dia 8 de agosto que a luta dos professores da Rede Pública do Rio ganhou mais força e combatividade.
O prefeito Eduardo Paes e o governador Sérgio Cabral, ambos do PMDB, vêm adotando políticas meritocráticas a fim de melhorar o índice de avaliação da educação a qualquer custo. Eles são responsáveis por medidas que passam por cima da autonomia pedagógica do professor com o objetivo de aprovar o maior número de alunos e elevar o Ideb da cidade e do Estado, e ainda economizar com a educação.
Na rede municipal foram estabelecidas metas de aprovação por série segundo as quais as direções escolares pressionam os professores a atingi-las custe o que custar. Já no Estado, turmas são fechadas e alunos são obrigados a procurar escolas longe de suas casas, tudo para “otimizar” a educação pública, segundo o discurso do secretário estadual de Educação.
O que observamos é que tanto no Estado como no município prevalece uma lógica economicista e empresarial a fim de aumentar a produtividade das escolas, ou seja, aumentar a aprovação e reduzir os custos, pois o dinheiro deve sobrar para ser investido em outras áreas em que prevalece o interesse destes governos.
As reivindicações dos profissionais de Educação do Estado são reajuste de 28%, derrubada do veto ao projeto de lei que vincula cada professor a apenas uma escola (que já foi aprovado na Assembleia Legislativa e vetado pelo governador), eleição para direção de escolas, redução da jornada de trabalho de 40 para 30 horas semanais para funcionários administrativos.
Na rede municipal, a categoria reivindica um reajuste salarial de 19%, plano de carreira unificado, autonomia pedagógica, melhores condições de trabalho e que os recursos do Fundeb (verba federal) sejam aplicados de forma transparente.
Os profissionais das redes estadual e municipal também querem o direito de reservar 1/3 da sua carga horária para o planejamento pedagógico, e o fim do plano de metas, que prevê gratificações para escolas que alcançarem metas estabelecidas pelo governo.
Os profissionais de Educação do município, que não faziam greve há muitos anos, conseguiram adesão de mais de 80% da rede. Realizaram grandes assembleias e passeatas, chegando a ter até 20 mil profissionais marchando pelas ruas da cidade. A greve da rede estadual vem ganhando força a cada semana com assembleias cada vez maiores.
Os educadores lutam contra a política de desvio do dinheiro público para empresas e fundações privadas. A greve é mais um instrumento na luta por uma educação de qualidade, pública e gratuita para o povo.
Gabriela Gonçalves (professora da rede estadual) e Igor Andrade (professor da rede municipal)
Não adianta ficar fazendo protesto atrás de protesto, se esse já é um assunto que já está sendo resolvido. Os professores deveriam voltar a dar aula pois estão prejudicando os alunos.