O usineiro João Lyra (PSD-AL), deputado federal mais faltoso da Câmara dos Deputados (apenas cerca de 30% de presença), além de deputado mais rico do país com uma fortuna de mais de R$ 240 milhões, coleciona em sua trajetória diversos crimes, personificando tudo que existe de pior na prática do coronelismo.
Fundador e presidente do Grupo João Lyra. Foi presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar do Estado (1971-1974), conselheiro da Associação Comercial (1994) e é presidente da Associação dos Produtores Independentes de Açúcar e Álcool desde 1995.
Começou a sua carreira como usineiro na década de 1950, com a Usina Laginha, fundada na cidade de União dos Palmares, na Zona da Mata alagoana. Em mais de meio século de vida empresarial, acumulou mais quatro usinas, uma delas em Minas Gerais – a Uruba. Além dela, empresa de táxi aéreo, adubo, jornal, rádio, concessionária de veículos, entre outras.
Porém, toda esta riqueza acumulada é resultado da superexploração dos trabalhadores canavieiros e de benesses recebidas por parte do Estado e bancos públicos.
Prova disso é a recente decisão do juiz titular da Vara do Trabalho de Coruripe, Sérgio Queiroz, que determinou o bloqueio de 30% de seu salário de deputado federal, que, segundo o Portal da Câmara, é de R$ 26.723,13. A condenação tem por objetivo garantir o pagamento de um dos cerca de 500 processos que seu grupo responde por desrespeito a direitos trabalhistas somente na vara do município.
Apenas em 2013, os trabalhadores de uma de suas usinas, a Guaxuma, sofreram com mais de seis meses de salários atrasados. Romperam com o medo e realizaram várias lutas, greves, protesto na frente da residência do usineiro e até fechamento de rodovias. A mesma situação também foi vivenciada por trabalhadores de outras usinas que João Lyra possui em Alagoas.
Punição é necessária
A influência do poder econômico de João Lyra na Justiça alagoana é conhecida há tempos. Em 1991, Lyra foi acusado pelo Ministério Público de mandar matar o amante da ex-esposa. O deputado, por meio de sua rede de influência, conseguiu engavetar os processos até que prescrevessem.
Não bastasse, em 2007, no auge do escândalo do Senado que envolveu seu conterrâneo Renan Calheiros (acusado de ter contas pessoais pagas por um lobista), João Lyra confirmou sociedade oculta com o senador alagoano, que durou entre 1999 e 2005, incluindo um jornal e duas rádios.
Em 2008, as usinas do deputado foram devassadas por uma Força Tarefa do Ministério do Trabalho, onde foi detectado trabalho escravo. A situação foi verificada em 56 dos mais de três mil trabalhadores de suas usinas de açúcar. Recebeu multa de R$ 20 milhões. Em março de 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) acatou ação penal contra o deputado. Apesar disso, em 2012, foi novamente denunciado pelo Ministério Público do Trabalho, acusado de manter 207 trabalhadores rurais em situação análoga à escravidão, em uma usina localizada no Município de Capinópolis (MG).
A trajetória de João Lyra evidencia como agem os capitalistas para alcançar seus objetivos: desconhecem a vida humana e praticam toda a espécie de desmandos para enriquecer. O Estado burguês e a sua justiça, pela própria natureza, não garantem a punição devida contra os exploradores do povo.
Magno Francisco, Maceió