Considerado um dos maiores camarotes do Carnaval de Salvador, o Planeta Band, parceria do Grupo Bandeirantes de Comunicação e da Rede de Hotéis Othon Palace, foi local de mais um caso de racismo.
Dessa vez, a vítima foi o advogado e compositor Leandro Oliveira, que teria sido impedido de entrar no camarote pela produção e segurança do local, mesmo vestido com a camisa do evento. “Você conseguiu com quem essa camisa, nego? Essa camisa é só para convidado”, teriam dito os seguranças.
Diversos movimentos de combate ao racismo já repudiaram tal ato. O presidente do Olodum, João Jorge, compartilhou em seu perfil no Facebook a denúncia de Leandro.
A Secretária Estadual de Promoção da Igualdade Racial, Vera Lúcia Barbosa, comentou: “Não podemos achar que isso é banal, que é normal. Racismo é crime e imediatamente quando eu soube orientamos que fosse formalizada a denúncia para que as medidas cabíveis fossem tomadas”.
Abaixo reproduzimos o depoimento de Leandro que circula pelas redes sociais:
Sou Leandro Oliveira, advogado, compositor de grandes artistas no cenário baiano como Olodum, Margrethe Menezes, Harmonia do Samba, Araketu e outros.
No dia 13 de fevereiro de 2015, fui vítima de racismo pela produção e segurança do camarote Planeta Band. Ao tentar entrar no camarote Planeta Band, fui impedido pelos produtores e seguranças do mesmo.
Vale salientar que estava vestido com a camisa vermelha do camarote HC Band, quando, em meio a outras pessoas, frisa-se não negras, foi cobrado apenas de mim a apresentação do ingresso pelo senhor que se identificou como chefe de produção de prenome Marcos.
De forma ríspida, perguntou: cadê seu ingresso? Disse a ele que não tinha entendido, e ele novamente de forma ríspida perguntou: cadê seu ingresso? Disse a ele que ele estava sendo discriminatório que em meio a tanta gente ele estar exigindo apenas de mim o ingresso para poder entrar no estabelecimento.
Ele então disse que eu só iria passar se apresentasse o ingresso. Quando eu disse que não iria me sujeitar a tal abordagem discriminatória o mesmo então disse: “Você conseguiu com quem essa camisa, nego? Essa camisa é só para convidado”. Percebi que estava sendo vítima de racismo e comecei a discutir com ele quando o mesmo me empurrou.
Logo em seguida, fui cercado pelos seguranças, passando por momento vexatório e constrangedor. Fiquei quase 50 minutos para conseguir entrar enquanto centenas de pessoas não negras passavam sem qualquer apresentação de ingresso.
Quando eu me apresentei como advogado e mostrei o ingresso, a equipe de produção tentou ocultar o crime de racismo pedindo para as outras pessoas apresentarem o ingresso.
Porem já era tarde de mais, pois foi tudo filmado por uma colega que estava no local e presenciou o ocorrido. Ainda depois de estar dentro do camarote fui obrigado a entregar a camisa do camarote HC vermelha, em troca eles me deram uma camisa de um camarote inferior que era da camisa verde.
Logo após do episódio, passei muito mal com o ocorrido e dei entrada na emergência da Vitalmed com a pressão arterial alterada.
Assim, indignado por ter sofrido racismo em pleno carnaval de Salvador, peço aos amigos, amigas e pessoas que abominem esse sentimento asqueroso que divulguem o ocorrido.
Já registrei boletim de ocorrência e registrei o fato também frente ao Observatório Racial e à Comissão de Ética e Direitos Humanos da OAB-BA.
Conto com a ajuda de todos para divulgar o ocorrido.
Grato,
Leandro Oliveira
Redação CE