As FARC – Forças Armadas Revolucionária da Colômbia – acabam de lançar um SOS pela manutenção da trégua com o Exército colombiano, declarada em 20 de dezembro de 2014. Ao mesmo tempo, ordenam às suas tropas que se alinhem e estejam preparadas para combater a ofensiva do Exército Nacional. O presidente Juan Manuel Santos, por sua vez, utiliza a ofensiva militar para pressionar a delegação das FARC em Havana a assinar um protocolo de paz agachado, covarde, submetido apenas aos interesses do governo. Em comunicado anterior, a delegação de paz das FARC já havia anunciado que “manifestamos ser impossível um acordo que preveja um só dia de prisão para qualquer guerrilheiro pelo fato de ter exercido o direito à rebelião, de alto valor humanitário, para acabar com as injustiças que nosso povo padece”.
Leia o manifesto em defesa da manutenção da trégua:
“Alertamos nossas forças guerrilheiras em todo o país sobre a grave situação:
A partir de 20 de dezembro setores belicistas continuaram em seus esforços para sabotar o cessar-fogo unilateral e o processo de paz, operando a partir de instituições do Estado e do comando do exército em particular.
Em todo o território nacional se intensifica a ofensiva militar. O envio de tropas acompanhado por bombardeios, desembarques e agressões, causou até o momento seis guerrilheiros mortos, seis feridos, 2 capturados, e também o lamentável saldo de 14 soldados mortos e cinco feridos.
Presidente Santos, no meio de um processo que busca a reconciliação, é incoerente provocar dessa maneira o reinício do fogo e o ataque à infraestrutura econômica do Estado, em vez de promover o calar das armas. Essa irresponsabilidade tem rarefeito a atmosfera, tornando-se cada vez mais insustentável o cessar-fogo unilateral.
Em Chocó, Sr. Presidente, estão distribuindo folhetos com fotos de nossos porta-vozes de Paz, incitando à deserção dos guerrilheiros com a falácia de que seus comandantes estão em férias em Havana. Em vez de distribuir propaganda suja, e de perseguir e assassinar líderes populares, faça alguma coisa para gerar condições favoráveis à paz. Não custa nada responder à guerrilha com reciprocidade e grandeza.
Você rejeitou o cessar-fogo bilateral argumentando que a guerrilha utiliza a trégua para se fortalecer política e militarmente, mas o que estamos vendo é o exército se aproveitando do cessar fogo unilateral de nossas ações ofensivas para tirar vantagem militar, como a de patrulhar tranquilamente em áreas onde não poderia fazê-lo, pela presença de uma guerrilha combativa.
Ao mesmo tempo em que alertamos nossas forças guerrilheiras em todo o país sobre a situação, lançamos um SOS ao movimento social e popular na Colômbia, à Frente Ampla pela Paz, aos povos e países amigos, para que defendam esse processo e exijam o fim da provocação de setores belicistas, que buscam, com mesquinhez, murchar a esperança de paz”.
Redação Rio