PM sequestrou, torturou e assassinou o adolescente Davi da Silva

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No dia 25 de agosto de 2014, o jovem maceionse Davi da Silva, 17 anos, caminhava na companhia de outro adolescente, nas imediações da sua residência, no bairro Benedito Bentes, em Maceió, quando uma viatura da Rádio Patrulha da Polícia Militar os abordou. Davi da Silva foi levado pela viatura “para dar uma volta” e até hoje nunca mais apareceu.

Os parentes, em especial sua mãe, Maria José da Silva, fizeram várias denúncias à imprensa, OAB, realizaram protestos exigindo uma solução para o caso e o aparecimento do adolescente. Em contato com o jornal A Verdade, vários moradores do bairro onde Davi cresceu expressaram o clima de terror que vivem. “O medo é da polícia e do tráfico” afirmou João Pedro.

Passados quase seis meses do seu sequestro, a Polícia Civil concluiu seu inquérito, com diversas provas testemunhais e técnicas que indicaram que o adolescente foi sequestrado, torturado e depois assassinado, tendo o corpo ocultado em local ainda desconhecido.

De acordo com o inquérito, os policiais militares envolvidos no crime são Eudecir Gomes de Lima, Carlos Eduardo Ferreira dos Santos, Victor Rafael Martins da Silva e Nayara Silva de Andrade, integrantes da guarnição que abordou o adolescente Davi. Eles foram indiciados pelos crimes de tortura, sequestro e cárcere privado, homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

É importante colocar que Davi não tinha nenhuma passagem na polícia, tampouco havia qualquer suspeita de atos criminosos. “Era um jovem cheio de sonhos, que me ajudava como servente de pedreiro. Eles estão matando nossos filhos”, colocou Maria José da Silva, mãe do adolescente.

O caso se tornou emblemático em Maceió. Os policiais envolvidos no caso foram indiciados, mas estão em liberdade. Vários movimentos sociais têm prestado solidariedade à família e realizado atos exigindo punição. Pichações foram realizadas na cidade cobrando o aparecimento do corpo do adolescente. A família pressiona para que o corpo do garoto seja encontrado, para que se possa fazer um funeral digno.

Certamente o caso Davi da Silva não foi um fato isolado. É resultado de uma política violenta de extermínio da juventude pobre e negra da periferia. Nas comunidades periféricas dos grandes centros o tráfico e as milícias organizadas pela Polícia Militar controlam e agem como poder paralelo aterrorizando a população.

Redação Alagoas