Na noite do dia 01 de junho, o prefeito de Mauá (região do ABC Paulista), Donisete Braga (PT), foi com sua equipe até os bairros Jardim Sonia e Silvia Maria, na divisa com Santo André e São Paulo, para dar satisfações sobre as medidas tomadas para acabar com a falta d’água nos dois bairros.
Embora fiquem próximos do centro da cidade, os dois bairros são pouco atendidos pela prefeitura por serem quase apêndices da cidade – existe apenas uma rua ligando os bairros ao centro – que só dá valor mesmo aos altos impostos pagos pelas indústrias do pólo petroquímico instalado na região há mais de 50 anos e ignora as reivindicações da população.
A situação dos(as) moradores(as) beirava o desespero. Há mais de dez anos que existe o problema da falta de água, mas com a crise desse ano ela se agravou e a maioria das casas chegaram a ficar dez dias seguidos sem água. Foi nesse momento que foi organizado um protesto que interrompeu a Rua Oscarito, a única que liga o centro da cidade de Mauá ao bairro de São Mateus, na Zona Leste da capital paulista. Os moradores colocaram fogo em pneus e fecharam a rua por várias horas para denunciar o problema da falta de água nas torneiras.
O problema também ficou pior depois da privatização da SABESP e do sistema de abastecimento ter se tornado municipal em 1994. O bairro faz divisa com a capital paulista e recebia água diretamente do bairro vizinho, mas com a municipalização, houve mudança no caminho da água por causa da divisa entre as cidades. Isso baixou a pressão do sistema e deixou a região sem água. Além disso, mesmo cobrando de todos os(as) usuários(as) a SAMA (empresa que opera o sistema de água e esgoto em Mauá) tem uma dívida de R$ 2 bilhões com a SABESP e a população que sofre com a retaliação da SABESP depois que a empresa de Mauá deixou de pagar a dívida alegando que o valor é de apenas R$ 400 milhões.
Como saída, após a pressão popular, o prefeito disse que iria conversar com a SABESP para retomar o abastecimento de água, assim como era na época que a SABESP atendia a cidade de Mauá, ou seja, a partir do bairro de São Rafael que fica em São Paulo e é separado apenas por um córrego dos bairros Sonia e Silvia Maria. Já no dia seguinte à reunião com o prefeito, os moradores começaram a receber uma ligação eletrônica da SAMA anunciando que havia sido feito um acordo com a SABESP para retomar o fornecimento a partir do Parque São Rafael em até 30 dias, o que deve aumentar a pressão da água e garantir que ela chegue até as casas dos bairros de Mauá.
Ficou claro para todos(as) que não basta se queixar dos problemas. É preciso se movimentar e questionar os governantes, protestando e denunciando o descaso que o povo sofre todos os dias.
Glicia Marcelino, moradora do Jardim Silvia Maria.