Às vésperas do XI Congresso da Associação dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatística (AssIBGE), sindicato nacional dos servidores do IBGE, a direção executiva do instituto cometeu um novo ataque à livre organização.
Os servidores temporários eleitos delegados para o congresso não tiveram liberação de ponto para participarem do evento, abono garantido aos delegados que são servidores efetivos. Ao se manifestar a respeito, a direção do instituto afirmou que “a administração do IBGE não vislumbra razões de interesse público, ao autorizar o afastamento dos trabalhadores temporários, considerando a natureza transitória dos seus contratos de trabalho”.
Não bastasse a discriminação flagrante da direção do IBGE no tratamento de seus servidores, não foi garantida a autorização para os temporários compensarem suas faltas no trabalho devido à participação no congresso. Com isso, pior que desconto no salário, o próprio emprego do servidor temporário estaria em risco, pois seu contrato é renovado mensalmente de acordo com as necessidades de trabalho, disponibilidade de recursos orçamentários da instituição e de acordo com a nota da avaliação de desempenho, que leva em consideração, dentre outros critérios, a assiduidade do trabalhador. Se for mal avaliado em tal conceito, sua nota final poderia baixar a ponto de ser desligado do instituto.
Toda essa intimidação é uma clara tentativa de impedir que a parcela mais precarizada do IBGE se organize e lute mais incisivamente por direitos. Os temporários do IBGE correspondem a quase metade do total de servidores desta instituição.
O Congresso da AssIBGE, a ser realizado entre os dias 15 e 19 de junho, em Paty dos Alferes, no Rio do Janeiro, já começa com um grande papel a cumprir: denunciar que a direção do IBGE continua a perseguição aos que se mobilizam e lutam por direitos, e que ela é mais dura aos trabalhadores em condições contratuais mais frágeis, como as dos temporários. Na greve realizada em 2014, a direção do IBGE não teve dúvidas em demitir 169 trabalhadores temporários grevistas. Diante da crescente precarização do trabalho no IBGE e aos tantos ataques ao direito de organização, combatividade deve dar o tom na atuação da nova gestão da AssIBGE, para travar as lutas necessárias em defesa da instituição e em defesa dos trabalhadores.
Trabalhadores do IBGE em São Paulo