Ator e diretor de cinema, o venezuelano Miguel Ferrari esteve no Recife, no dia 13 de dezembro de 2015, durante o VI Festival de Cinema Venezuelano, para a divulgação de “Azul e não tão rosa”, primeiro filme da Venezuela a ganhar o Prêmio Goya como melhor filme hispano-americano de 2013. Miguel começou a atuar em 1986 e em 2000 foi para Madri, Espanha, estudar direção cinematográfica na Escola de Cinema. “Queria avançar mais no meu trabalho. Não quis me conformar em ser apenas ator. Tinha muitas inquietações e queria contar minhas próprias estórias”.
Seu primeiro filme como diretor, “Azul e não tão rosa”, foi financiado graças à Ley de Cinematografía Nacional de Venezuela, promulgada em 2005 por Nicolás Maduro. Esta Lei tem como objetivo desenvolver e fomentar o cinema nacional venezuelano através do Fundo de Promoção e Financiamento do Cinema. Desde então, as empresas privadas que trabalham com audiovisual na Venezuela são obrigadas a destinar uma porcentagem de seus lucros ao Fundo, que financia novos filmes nacionais. “Houve um grande salto, principalmente porque para se fazer um filme se requer muito dinheiro e o grande drama de todo cineasta é como conseguir financiamento para os filmes. Após essa Lei, não só houve um aumento da quantidade de filmes nacionais, como também tem crescido a qualidade dos filmes”, diz Ferrari.
“Azul e não tão rosa” retrata a vida de um homossexual que passa a viver com seu filho adolescente e mostra o preconceito e a violência de gênero sofrida por parte da família, sociedade e meios de comunicação. “O filme gera um debate em torno da violência de gênero, da intolerância, da homossexualidade e o papel dos meios de comunicação como a televisão, que é um meio muito poderoso e que pode influir de uma forma negativa na percepção que as pessoas têm sobre o coletivo dos gays, porque mostra os homossexuais de uma forma estereotipada, cheia de clichês. Minha intenção basicamente era mostrar que eles são gente como qualquer outra”, conta o cineasta.
Miguel reforça a importância do cinema em discutir temas que são tabus na sociedade. “O cinema, em sua essência, é primordialmente entretenimento, por isso é um meio muito poderoso para chegar às pessoas, pois através do entretenimento você pode enviar mensagens. Eu gosto de tocar nos temas, mas me colocar de uma forma que seja o próprio filme que gere o debate”, conclui.
Da Redação