Thales Caramante
Fotos: Paulo Iannone
Com informações da Fenametro
No dia 23 de setembro de 2016, no Instituto de Engenharia, o governo estadual de São Paulo apresentou o projeto de concessões em Audiência Pública. O documento teve como objetivo apresentar as concessões das linhas 5 – Lilás e 17 – ouro para empresários e monopólios interessados nas fartas rendas provenientes da operação do Metrô.
Durante a primeira parte do encontro, foram estabelecidos, através de um PowerPoint, os planos das empresas privadas. O próprio diretor-presidente do Metrô, Paulo Menezes de Figueiredo, explicou que a Parceria Público Privada se concretiza com a iniciativa privada se responsabilizando pela operação e manutenção das Linhas, e sua construção será de responsabilidade do Estado.
Para o companheiro demitido na greve Ricardo Senese, da Ação Metroviária e da Unidade Popular pelo Socialismo (UP), o entrosamento de governo e capitalistas foi notório: “durante a Audiência Pública pode se notar claramente que a afinidade entre eles é construída há muitos anos e essa parceria deve garantir que o estado entre com os gastos e o privado com os lucros”.
Concessões X Privatizações
As concessões de fato não são privatizações, porém são tão danosas quanto. As concessões permitem que as empresas gastem menos, lucrem mais e realizem contratos absurdos como o da Linha 4, no qual um dos itens contratuais prevê que o estado garanta o lucro em caso de diminuição da demanda de passageiros. Além disso, permite expedientes como as famosas pedaladas do Alckmin, que retirou dinheiro público proveniente do Metrô estatal direto para a privada Via 4.
Metroviários protestam durante a audiência
Os metroviários presentes fizeram intervenções contra os planos dos patrões demonstrando que haverá luta contra o projeto. Cantando bem alto palavras de ordem como: “Não, não, não à privatização” e carregando faixas e placas pressionou claramente a claque empresarial presente no auditório.
Metrô usa imagem de companheiros demitidos em vídeo de propaganda para os empresários
Durante a segunda parte do encontro aconteceu uma divulgação de um vídeo que demonstra que o Metrô de São Paulo é bom, valoriza os funcionários e o bom atendimento que de fato a categoria presta à população. Entretanto, em nenhum momento, a direção do Metrô ou do governo reconhecem que estão definhando propositalmente uma das empresas públicas que já teve ótima avaliação da população para facilitar a propaganda de que é melhor privatizar.
Não satisfeitos, no vídeo aparecem funcionários trabalhando e atendendo a população – entre estes, dois companheiros demitidos injustamente na greve de 2014. Fato que mexeu com o brio de muitos presentes. Para Ricardo Senese, a situação foi uma afronta: “O metrô usar a imagem dos demitidos trabalhando como vitrine privatista me indignou profundamente. Devemos canalizar a indignação como combustível para luta contra a privatização. De nada vai adiantar ganhar o nosso processo de reintegração e o Metrô ser privatizado”.
Após a apresentação do vídeo, aconteceu uma seção de perguntas e respostas em que as perguntas feitas pelos sindicalistas foram respondidas com negligência, debochando da inteligência e do caráter dos trabalhadores ali presentes.
O encontro acabou com um ar de evidência entre os metroviários. Todos ali entenderam que as concessões poderiam significar apenas uma coisa: aumentar os lucros a passos largos, sucatear o transporte público e promover a terceirização dos metroviários.
A categoria metroviária tem o poder em suas mãos de barrar mais esse ataque e o momento é de construir cotidianamente mobilizações e resistência ao processo em curso, que passa por demissões arbitrárias, assédio moral permanente, falta de funcionários, retiradas de direitos etc.
Participe da próxima data de mobilização
– Ato no CIDADE II, dia 29/9, às 15h30, pela reintegração dos demitidos, intrajornada e contra os descontos das setoriais.