No dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, aconteceu no Centro de Referência da Juventude (CRJ) o II Encontro Estadual do Movimento de Mulheres Olga Benario, em Minas Gerais.
Esse encontro reuniu cerca de 120 mulheres das cidades de Montes Claros, Viçosa, Ouro Preto, Contagem, Ibirité, Leopoldina e Belo Horizonte, dentre elas, mães, filhas, jovens estudantes, trabalhadoras, moradoras dos grandes centros e das periferias. O movimento cresceu muito após a ocupação de um prédio público no Centro de BH, no dia 8 de março, exigindo do governo uma Casa de Referência para atendimento de casos de violência sofrida pelas mulheres. A ocupação foi vitoriosa e conseguiu mobilizar uma grande rede de apoiadores. Hoje o Movimento de Mulheres Olga Benario dirige a Casa de Referência da Mulher Tina Martins e é um polo de luta e resistência das mulheres no estado, com a realização de debates, oficinas de formação profissional, rodas de conversas, atendimento jurídico e psicológico. Também uma biblioteca feminista e um memorial com a história das mulheres assassinadas pela ditadura militar estão sendo planejados.
Foi com esse clima de combatividade que o Encontro aconteceu. A abertura foi muito representativa e ampla, mostrou a força e o prestígio do Movimento de Mulheres Olga Benario em Minas Gerais. Teve início com uma mesa em homenagem às mulheres e movimentos que são referência nas lutas no estado. Estiveram presentes Daniela Tiffany, representando a deputada estadual Marília Campos (PT); Mariana Ferreira, da União da UJR; Beatriz Cerqueira, presidente da CUT-MG; Cleide Donaria, do Sindibel; Cristiane Veríssimo, do MLB; Luciana Prado, do Coletivo de Mulheres Alzira Reis; Thais Lopes, do Coletivo de Advogadas Margarida Alves; Charlene Cristiane, das ocupações da Izidora; Maria da Consolação, do Psol; Cida Falabella (Psol), vereadora eleita pelo “Muitas – Cidade que queremos”; Irlana Cassini, do coletivo de midiativismo Fora do Eixo; e Marcela Silviano, professora da Escola de Arquitetura da UFMG. A leitura de uma carta em homenagem às mulheres que lutam emocionou a todas e cada uma deu um pequeno relato de suas experiências cotidianas.
Logo após os debates sobre a conjuntura, foi reafirmada a necessidade de lutar contra a PEC 55 e o governo golpista de Michel Temer, pois o congelamento dos gastos públicos em áreas sociais afetará principalmente as mulheres, que já recebem os piores salários e têm empregos precarizados. A luta é contra todos os retrocessos que estão sendo impostos à classe trabalhadora e deve se inspirar nas lutas da juventude rebelde e combativa que ocupa as escolas e universidades.
As intervenções artísticas das companheiras do Olga Benario em memória ao Dia da Consciência Negra reafirmaram a importância histórica e o legado das mulheres negras, e emocionaram a todas, provando mais uma vez que é preciso resistir e reexistir todos os dias. Afinal, luta é um substantivo feminino.
À tarde, aconteceram seis grupos de debate: “Violência contra a mulher e feminicídio”; “Mulheres negras e a luta contra o racismo”; “Mulheres LBTs”; “Mulheres da periferia”; “Saúde da mulher”; “Mulheres trabalhadoras”. Nos grupos foi reafirmada a necessidade de unirmos forças contra todo tipo de opressão, discriminação, preconceito e, principalmente, lutar contra o patriarcado e o capitalismo, violência das quais todas as mulheres são vítimas.
O encontro terminou com a eleição de uma nova coordenação para o Movimento de Mulheres Olga Benario de Minas Gerais e a aprovação de uma carta do Movimento. A luta das mulheres no Estado de Minas se fortalece nas ações do dia a dia, seja através da Creche Tia Carminha, da Casa de Referência da Mulher Tina Martins, da horta comunitária da Ocupação Paulo Freire e de todas as lutas cotidianas, se inspirando em mulheres que dedicam suas vidas por um mundo melhor. Seguiremos em luta até que todas sejamos livres.
Thais Mátia, Movimento de Mulheres Olga Benario, Minas Gerais