No dia 8 de maio, mais de dois mil estudantes pararam as ruas do Rio de Janeiro para dizer não ao corte do RioCard (bilhete que dá aos estudantes a gratuidade nos transportes) proposto pelo Estado e os donos das empresas de ônibus. A medida afetaria mais de 27 mil estudantes das redes federal e municipal que precisam ir de trem, metrô ou ônibus intermunicipal para a escola. Assim, o Governo Pezão pretendia economizar cortando o direito dos estudantes, ao invés de cortar o dinheiro dos banqueiros e da corrupção.
Levantamento feito pela Associação dos Estudantes Secundaristas do Estado do Rio de Janeiro (AERJ) e pela Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico (Fenet) revelou que o gasto desses estudantes com passagem variava entre R$ 200 até incríveis R$ 1 mil para quem mora mais longe. Dessa forma, quem mora na Baixada Fluminense ou nas regiões mais pobres deixaria, na prática, deixaria de ter acesso aos institutos federais e colégios de referência como o Pedro II, já que, para continuar estudando, teria que pagar quase o preço de uma escola particular.
Resposta dos estudantes
O anúncio do corte indignou milhares de estudantes. Grêmios e associações estudantis protestaram. A AERJ e a Fenet convocaram uma grande manifestação dois dias após a divulgação da medida. Com muita disposição e combatividade, muitos estudantes pularam a catraca dos ônibus para garantir a mobilização das escolas e chegar à concentração.
Na Cinelândia, mais de dois mil estudantes caminharam denunciando a injustiça desse corte e a contradição do governo, que tira o passe livre dos estudantes para dar isenções fiscais às empresas, como foi o caso dos mais de R$ 100 milhões perdoados da Supervia, responsável pelos trens do Estado.
Em marcha até a Defensoria Pública, os estudantes exigiram mais esclarecimentos sobre o corte do cartão, já que, no dia anterior, somente com a nossa mobilização, já tínhamos conquistado uma liminar que impedia o corte imediato, ganhando tempo para organizar a luta.
Em Cabo Frio, cidade da Região dos Lagos onde os estudantes foram fortemente afetados pelo corte, 200 jovens organizados pela AERJ pararam os portões da empresa de ônibus e ocuparam a Prefeitura para exigir que o prefeito saísse de cima do muro e se posicionasse ao lado da nossa luta.
Continuamos na luta pelo passe livre todo dia, para ter acesso à cultura, esporte e lazer, enfim, por direito à cidade para a juventude!
Ruan Vidal, presidente da AERJ