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segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Polícia age com violência contra famílias que não têm casa para morar

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Rafael Freire
Jornalista

No dia  1º de maio de 2017, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), com o apoio de vários movimentos, organizaram a Ocupação Manoel Aleixo, na cidade de Mário Campos, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Várias famílias estavam no terreno ocupado há vários dias, com o objetivo de construir suas moradias e fazer uma horta comunitária. Outras 100 famílias se juntaram fugindo da cruz do aluguel. São trabalhadores rurais e urbanos desempregados e vivendo em condições de pobreza. O terreno estava abandonado há mais de dez anos e não cumpria nenhuma função social.

Na manhã do dia 1º, a Polícia Militar de Minas Gerais chegou ao local fazendo inúmeras ameaças e exigindo a imediata saída das famílias. À medida que as horas foram passando, o clima de tensão aumentou. Por volta de 11h00, sem nenhuma autorização judicial de reintegração de posse e desconsiderando os apelos de diálogo e de bom senso feitos pelos advogados, a PM, sob o comando do tenente Veloso, resolveu jogar bombas de gás e spray de pimenta no povo e invadiram a área, com toda truculência possível para intimidar e retirar as famílias do terreno. As famílias resistiram pacificamente e mostraram que estavam dispostas ao diálogo. Porém, a Polícia Militar ignorou os apelos e partiu para cima, utilizando todo o seu aparato, inclusive atirando balas de borracha. Neste momento, uma das balas foi disparada à queima-roupa contra a adolescente Nathaly Gabrielle da Silva (Gabi), moradora da comunidade Eliana Silva, militante da UJR, quebrando seus dentes e desfigurando seu rosto. Segundo todos os que presenciaram a cena, o policial atirou para matar. Gabi foi encaminhada para o Hospital João XXIII, no Centro de BH, passou por cirurgia e está reagindo bem. Uma vigília foi organizada no local e reuniu dezenas de pessoas, que acompanharam sensibilizadas e revoltadas com tamanha brutalidade.

Mas essa ação da PM não é uma novidade para as famílias de sem tetos e de sem terras de Minas Gerais. Essa é a prática cotidiana: truculência, agressões, prisões arbitrárias, crimes e assassinatos de lideranças, mulheres e trabalhadores, torturas e terror. Ou seja, completo desrespeito aos direitos humanos, às liberdades e à livre organização popular no estado. Tudo isso com a omissão e a cumplicidade do governador Fernando Pimentel, do PT, além de ausência de políticas públicas de habitação e de assentamento rural por parte do Estado. Com mais essa ação da PM, o governo Pimentel mostra mais uma vez estar à serviço dos ricos e contra os pobres; à serviço da especulação imobiliária, da propriedade privada e contra a dignidade humana.

Durante a ação, o professor Renato Campos, do Movimento Luta de Classes (MLC), e que apoiava as famílias na luta por moradia, foi preso arbitrariamente, sendo sequestrado e passando mais de cinco horas desaparecido em mãos de policiais, que se negaram a informar seu paradeiro. Posteriormente, Renato foi levado para a Delegacia de Betim, onde foi liberado, após muito tempo de conversações entre advogados e policiais.

As famílias da Ocupação Manoel Aleixo, seguem firmes, organizadas, e vão se preparar para as próximas mobilizações do movimento na cidade de Mário Campos. Os sem teto continuarão na luta por moradia sob os lemas “Enquanto morar for um privilégio, Ocupar é um direito!”, “Pelo Fim da Polícia Militar Fascista!”.

Fernando Alves, Minas Gerais

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