No dia 29 de setembro, ocorreu em Florianópolis (SC) uma palestra em comemoração aos 100 anos da Revolução Russa com o filósofo marxista italiano Domenico Losurdo. O professor, que leciona na Universidade de Urbino, na Itália, é conhecido no mundo todo por suas grandes obras críticas, como “Contra-História do Liberalismo”, “Stálin – História crítica de uma lenda negra” e “Guerra e Revolução” (recentemente lançado pela editora Boitempo).
Em sua palestra, falou sobre a importância de relembrarmos a grande Revolução de Outubro e resistirmos contra as tentativas capitalistas de borrarem e revisionarem a história dos trabalhadores. Contou sobre algumas das conquistas da Revolução e de sua importância para a luta contra o colonialismo, o escravismo, a emancipação das mulheres e da classe trabalhadora como um todo, e como isso influenciou no surgimento das políticas de bem-estar social nos países capitalistas (em especial pós-crise de 1929), na conquista do voto universal (que muitos países capitalistas ainda levaram pelo menos 20 anos até permitirem que as mulheres votassem), entre outras vitórias da nossa classe.
Depois de sua fala, houve um espaço para perguntas, entre as quais se o filósofo pretendia fazer uma obra, semelhante à que fez sobre Stálin, sobre Nikita Khrushchev. Losurdo, com seu bom humor, disse que não possui interesse algum em escrever sobre ele, mas recomendou o livro de Grover Furr, lançado em 2011, com título “Khrushchev Mentiu” (Khrushchev Lied), onde Losurdo escreveu o prefácio da edição italiana. O jornal A Verdade fez uma entrevista com Grover Furr em 2011, onde ele fala mais sobre seu livro e sobre como as acusações feitas por Khrushchev (entre outras fontes) contra Stálin são comprovadamente falsas. Losurdo deu certa atenção para esse ponto, afirmando que hoje já é possível reconhecer as diversas mentiras contadas contra a URSS e os militantes de esquerda que continuam a propagar essas propagandas anticomunistas estão contribuindo na derrota do comunismo.
Ao final do evento, conseguimos uma conversa rápida com o professor, que nos recebeu com bastante carinho. Ao ser questionado sobre qual o legado que a União Soviética e o socialismo deixaram para a humanidade, respondeu: as lutas contra o sistema colonialista escravista, a edificação de um estado de bem-estar social que o Ocidente acabou imitando em parte e que hoje já está se desmantelando, e as conquistas dos povos sobre a experiência socialista.
Perguntamos também quais teriam sido as principais contribuições de Stálin no processo de construção do socialismo na URSS. Prontamente, falou do seu papel fundamental na derrota do nazismo na Segunda Guerra Mundial e também da importância da experiência socialista sob sua liderança, que, por mais que tenham havido erros (como em qualquer governo), tiveram muitos êxitos e que servem como experiência para os trabalhadores do mundo todo.
Por fim, sobre a atual conjuntura política internacional e sobre qual deve ser o papel dos comunistas no momento atual, Losurdo respondeu que os comunistas devem estar prontos para lutar contra o surgimento de novas guerras (como uma possível guerra entre Estados Unidos e China, Coreia do Norte, Venezuela, etc.) que não servem aos interesses da classe proletária; que devemos combater também o desmantelamento do estado de bem-estar social e todos os direitos que foram garantidos com anos de luta e que estão sendo perdidos (como no caso brasileiro com as reformas do governo Temer).
Sua última mensagem para os trabalhadores foi para mantermos sempre uma visão a longo prazo para a construção do socialismo e do comunismo. Sem dúvida, suas palavras servirão de inspiração a todos nós militantes.
Alejandro Añez, militante da UJR de Florianópolis, Santa Catarina.