Em terra de Marighella, fascista não se cria

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Uma questão muito séria que vem chamando atenção é o crescimento de um movimento reacionário. Devemos estar muito atentos para isso, porque precisamos ter em mente que a cadela do fascismo estará sempre no cio e cabe a nós a combatermos. Vivemos um tempo de crise mundial, em que o movimento fascista avança em escala global. Vimos no último mês um movimento assumidamente nazista em Charlottesville (EUA), que contou com participação de 3 mil pessoas que marcharam a favor do nazismo, racismo, LGBTfobia, machismo, xenofobia e antissemitismo, e terminou com três pessoas mortas e muitas outras feridas.

Atualmente, um dos maiores objetivos da direita fascista brasileira é desmoralizar a esquerda utilizando dados infundados, mentiras, trazendo a ideologia autoritária com mais força ao Brasil, principalmente com o apoio ao fascista Jair Bolsonaro. A burguesia está reforçando a caça aos comunistas nas mídias sociais, televisão, jornais, livros, revistas e até em filmes, como o longa Lava Jato, a Lei é para Todos.

Recentemente vimos alguns casos em nosso país de membros importantes do Exército falando abertamente sobre a possibilidade de uma intervenção militar, como o que foi dito pelo general Antônio Hamilton Mourão. Para além disso, vimos alguns casos de intervenção militar autorizada pelo Estado burguês em algumas regiões do país, principalmente no Rio de Janeiro. Essas são situações preocupantes e que não devem ser subestimadas ou ignoradas por nós, comunistas.

Em Salvador, é possível notar que há uma crescente propaganda fascista a favor da intervenção militar. É perceptível a quantidade de faixas apoiando intervenção das Forças Armadas espalhadas por toda a cidade, sempre em locais de grande fluxo de pessoas. Entre as pichações, faixas e cartazes, há dizeres como “fora, comunistas” e “intervenção militar já”. No dia 21 de setembro, em frente ao Campo Grande, havia algo semelhante a uma blitz com quatro camburões do Exército, três da Polícia e mais quatro do Exército dando voltas na região. Havia cerca de 50 militares. Isso é algo preocupante.

Vemos também movimentos a favor da “escola sem partido” acontecerem com liberdade, movimentos de direita em portas de colégios fazendo propagandas desse projeto de censura que procura impedir que os professores discutam certos assuntos em sala de aula. Vemos pessoas marchando em apoio à ditadura militar em regiões centrais da cidade. Essas manifestações estão cada vez mais crescentes e em uma cidade onde a maioria da população é negra e a desigualdade social é alarmante, isso se torna mais assustador. O prefeito, ACM Neto, neto de Antônio Carlos Magalhães, homem que assassinou e torturou dezenas na ditadura militar, se posiciona indiferente ao que está acontecendo.

A União Antifascista da Bahia, construída recentemente, resolveu fazer uma ação direta no dia 2 de setembro e retirou uma faixa em apoio à intervenção militar que estava sendo colocada todo dia em frente ao Shopping da Bahia, na Avenida Tancredo Neves.

Como foi dito por Jorge Dimitrov, em seu discurso no VI Congresso Mundial da Internacional Comunista, em 1935, intitulado de O verdadeiro senhor do mundo é o proletariado, é necessário que os comunistas formem frentes antifascistas para combater radicalmente o avanço do conservadorismo e do nazi-fascismo no mundo.  Quando isso foi dito, o mundo inteiro vivia a tensão anterior à Segunda Guerra Mundial, quando o nazi-fascismo ganhava força em todo o mundo e a União Soviética foi uma das maiores responsáveis por esse combate, esmagando o lixo hitlerista e saindo vitoriosa.

A defesa do retorno da ditadura militar é algo preocupante, visto que muitas pessoas que resistiram foram assassinadas, torturadas, perseguidas, exiladas. Grandes heróis da luta revolucionária, como Carlos Marighella, Carlos Lamarca, Amaro Félix, Manoel Lisboa, Emmanuel Bezerra, Manoel Aleixo e muitos outros, foram assassinados cruelmente. Engana-se quem pensa que uma intervenção militar resolveria os problemas do Brasil. Já foi provado na prática e na teoria que na verdade não pretendem trazer mudanças, apenas manter a estrutura da ordem burguesa já estabelecida. É por isso que devemos compreender a necessidade de uma luta e de um combate radical ao fascismo.

A militância legal pode ser utilizada taticamente, mas temos que ter consciência de que por meio dela nunca poderemos libertar verdadeiramente a classe operária. Isso foi sintetizado perfeitamente por Carlos Marighella, assassinado por essa ditadura fascista, em sua frase que diz que é preciso “fazer a revolução sem pedir licença”.

Ícaro Vergne e Beatriz Dantas, militantes da UJR Salvador