Enfermeiros de Pernambuco lutam por maiores salários

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Apesar da crise econômica que assola o país, a saúde continua a ser uma grande fonte de lucros. Mesmo tendo sofrido uma grande queda no número de pessoas que têm plano de saúde (foram três milhões de pessoas que deixaram de ter plano de saúde nos últimos três anos devido ao aumento do desemprego), os lucros das empresas só cresceram: foram mais de R$ 20 bilhões de lucro no ano de 2017, segundo dados oficiais da Agência Nacional de Saúde (ANS).

E, como não poderia deixar de ser, esse lucro é repassado para os hospitais privados, que de tão lucrativos têm se transformado numa verdadeira rede empresarial, como fica claro com as compras de unidades hospitalares por multinacionais da saúde – particularmente em Recife temos a Rede D’Or com quatro dos maiores hospitais da região metropolitana, cujas ações pertenciam ao banco BTG e foram vendidas à CIG (fundo de Cingapura), em 2015; e o Hospital Santa Joana, que foi vendida à norte-americana United Health.

Porém, quando se trata de dividir os vultosos lucros com os trabalhadores, estes parecem sumir do mapa. A conversa é sempre a mesma de que o setor saúde está em crise e que não é possível dar aumento salarial para os funcionários. Mas os números são claros: a Rede D’Or teve um aumento de 19% nos seus lucros em 2017, num total de R$ 954 milhões; já a rede Hapvida teve um lucro de R$ 150 milhões apenas no segundo bimestre de 2018.

Os números deixam claro que o problema não é a crise. O problema é que os patrões só conquistam estes lucros justamente por não aumentarem os salários dos trabalhadores, por explorar seus funcionários com jornadas excessivas e sobrecarga de trabalho. O Sindicato dos Enfermeiros no Estado de Pernambuco (Seepe) está na luta para mostrar aos trabalhadores a verdade e lutar por melhores condições de trabalho e maiores salários, pois é às nossas custas que os patrões mudam de carro todo ano, moram nos bairros mais nobres da cidade e têm cifras altíssimas nas suas contas bancárias, enquanto os trabalhadores sofrem a verdadeira crise.

Por isso, estamos na luta por aumento real de salário na campanha salarial iniciada em setembro. Até agora, os patrões só oferecem reajuste abaixo da inflação e nenhum direito social a mais para os trabalhadores. Mas não descansaremos até conseguirmos reais conquistas para os enfermeiros da rede privada de Pernambuco e seguiremos organizando os trabalhadores para a luta.

Ludmila Outtes, presidente do Sindicato dos Enfermeiros de Pernambuco (Seepe)