Chega de fome e entrega para pagar a crise e o ajuste acordado por Macri com o FMI, a serviço do pagamento da dívida, e o saqueio da oligarquia latifundiária, os monopólios e bancos imperialistas.
- Não ao orçamento pactuado por Macri com o FMI
O massivo repúdio nas ruas do país demonstrou que o povo não está disposto a pagar com fome o jogo financeiro macrista e do Fundo.
O repúdio ao orçamento entreguista e causador de fome, pactuado por Macri com o FMI, percorreu todo o país, com massivas marchas e atos que o governo e os meios de comunicação oficiais ocultaram. Fizeram o possível para não mostrar a coluna da CCC, a CTEP e Barrios de Pie, de mais de 50.000 desempregados, precarizados e aposentados.
Veio da ocultação das 60.000 mulheres que realizaram em Trelew a maior mobilização da história da Patagonia. Se preparava uma gigantesca mobilização. Macri chantageou com a repetição do orçamento do ano passado, em pesos, e deveria fazer concessões a alguns governadores e setores sindicais: arquivou alguns pontos do orçamento, para garantir o quórum e os votos necessários para sua aprovação. Concessões que não mudaram, de fundo, o caráter causador de fome e entreguista da lei aprovada. Nem puderam impedir a massividade do protesto do povo nas ruas.
As câmeras de TV oficiais centraram nos “distúrbios”, elogiando a brutal repressão que prendeu manifestantes a dezenas de quadras do Congresso. Se buscou demonizar os trabalhadores do Estaleiro Rio Santiago, docentes, de Telam e demais setores de luta, particularmente contra os movimentos sociais. A rápida mobilização conquistou a liberdade. Ao operativo se seguiu um ataque racista desde o governo e as mídias oficiais, contra os irmãos imigrantes. É uma nova ofensiva contra o povo, porque o povo nas ruas é marca do julgamento ao ajuste e à entrega marcista.
- Não há trabalho porque Macri com o FMI nos afundou na crise
O ajuste e a entrega pactuados por Macri com o FMI é às custas do suor, da prisão e do sangue do povo.
A falta de trabalho não é, como dizem Macri, Bullrich e Pichetto, porque os imigrantes dos países irmãos “nos roubaram os postos”. É porque a política macrista afundou o país nesta crise social e econômica. A economia está caindo há cinco meses. Em setembro, a produção industrial caiu 8,1% (dados de Ferreres). Os bancos e os usurários (como Macri e seus sócios) estão em festa: enchem os bolsos com os juros da dívida do Banco Central e do governo, que pagam mais de 70% de juros, e os adiantamentos das contas correntes e descontos pagam até 83%. Nenhum país do mundo aguenta semelhante jogo financeiro.
O acordo de Macri com o FMI, que nenhum argentino conhece, é para pagar com os dólares que “nos empresta” a dívida com os bancos imperialistas e demais usurários. Assim nos afundam com um endividamento em dólares por até 100 anos, a serem pagos com o suor do trabalho barato e, como pretende Macri, com a prisão e o sangue.
É possível que Macri, e “opositores” como Pichetto, acreditem que o triunfo do ultra reacionário Bolsonaro como presidente do Brasil marca “o giro da direita” da América Latina. Desde já esse triunfo terá consequências sérias para a região. Por sua vez, nas eleições no México a direita foi derrotada. Poderia se acreditar que existe uma tendência ao voto de punição aos governos, como aconteceu na Argentina com a derrota de Scioli e vitória de Macri. Alfonsín, Menem e Cristina tentaram impor seus candidatos (Angeloz, Duhalde e Scioli), quando a economia estava em queda, mas foram derrotados. E a bronca contra Macri continua crescendo.
- Fora o G20!
Vem Trump, Xi Jimping, Putin, May e demais amos imperialistas do mundo, aos que Macri lhes abre as portas. O povo os repudia.
Ao grupo dos 20, conhecido como G20, se integram os chamados “países desenvolvidos”, que são as potências imperialistas que controlam: Estados Unidos, China, Rússia, Alemanha, França, Japão e a União Europeia. E os chamados “países emergentes”, que são nações dependentes desses imperialistas, com certo desenvolvimento econômico, como a Argentina.
No mundo cresce a disputa entre as potências imperialistas, aumentam os fatores de guerra convencional e as guerras comerciais, sobretudo entre Estados Unidos e China. É pouco o que se acorda no G20 e, para além dos discursos, quase nada se leva a cabo.
Esses países imperialistas assumem como moedas nossos recursos naturais, penetram com seus capitais para explorar nossos trabalhadores, vendem caro para nós o que fabricam com nossas matérias primas, destroem a indústria nacional, roubam nossas terras e liquidam com a soberania nacional.
A coleção de reacionários liderados pelo ianque Trump, seguida pelo chinês Xi Jimping, o russo Putin, a inglesa Theresa May e segue a lista. Macri é o abre alas, e assim nós vamos.
Nada de bom sai dessas reuniões, para nossos povos e nações. Um exemplo é o de Theresa May, que já tem agendada uma reunião com Macri. O ministro das relações exteriores argentino, Faurie, em entrevista com seu par inglês declarou: “Os ilhéus (kelpers de Malvinas) podem vir a se educarem, se cuidarem e fazerem negócios” para “gerar um vínculo com os povos, como uma nação que estamos no Atlântico Sul”. E ofereceu aos capitais ingleses investir em energia, infraestrutura, mineração, turismo e agronegócio. Puro entreguismo!
- O 30 e o 1, todos às ruas do país!
Macri demoniza o povo para justificar sua repressão frente ao repúdio do G20 nas ruas, e impor seu acordo com o FMI.
A ofensiva repressiva para tirar o povo das ruas é fundamental para Macri e seu acordo com o FMI: a fome e a entrega não passam sem repressão. Ademais, tem um objetivo imediato: demonizar o povo nas ruas, criminalizando o protesto, como Nelson Salazar e os presos de 24. Também faz tudo o que pode para impedir a paralisação nacional ativa de 36 horas. E quer legitimar a repressão contra o massivo repúdio aos imperialistas do G20.
A resposta a esses objetivos de Macri é trabalhar ativamente para a mais ampla unidade social e política, que mostre a vontade popular de seguir nas ruas contra o ajuste e a entrega, e repudiar a presença desses imperialistas que nos oprimem e saqueiam.
Trabalhamos para uma resposta nacional. Com a firmeza dos trabalhadores do Estaleiro Rio Santiago, a luta dos docentes de Moreno e a mobilização de 24 em todo o país. Como a mobilização que preparam os Cayetanos para o dia 7 de novembro. E seguimos o exemplo da marcha do 33º Encontro Nacional de Mulheres.
O PTP e o PCR, a CTEP e o Movimento Evita, e outras forças, unidos aos Cayetanos, e a ação política, teremos adiante esse grande desafio de contribuir a essa ampla unidade que torça o braço da política macrista.
É o caminho para que o povo nas ruas siga condicionando o cenário político antimacrista, criando as condições para a unidade política que torça o braço da fome e da entrega. Acumulando forças para conquistar outra política e outro governo popular, patriótico e democrático. Fortalecendo o PCR, ferramenta fundamental para o caminho revolucionário, multiplicando os esforços para seu crescimento e preparação para as tormentas que estão por vir.
Ricardo Fierro, Buenos Aires