Em apenas um dia, o Governo Federal liberou o registro de 31 agrotóxicos para comercialização e uso em lavouras e plantações. Oito destes estão classificados como “extremamente tóxicos”; cinco, “altamente tóxicos”; 13 “medianamente tóxicos”; e o restante (cinco), como “pouco tóxicos”. Além disso, 29 são matérias-primas para a produção de inseticidas.
Nesse cenário, não é difícil de perceber que, apoiados de primeira hora pelos latifundiários, Jair Bolsonaro e sua base governam privilegiando o setor do Agronegócio. Primeiro que, só este ano, sob o governo Bolsonaro, a liberação de agrotóxico subiu 42%, comparado com os primeiros quatro meses de 2018. Como se não bastasse, em abril, o governo, em conluio com a Bancada Ruralista, conhecida como “Bancada do Boi”, afirmou que cumprirá com a promessa de perdoar dívidas bilionárias do setor com o Funrural (Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural).
Coincidente ou não, ao mesmo tempo em que o governo propõe uma reforma da previdência que retira direitos básicos dos trabalhadores, como aumentar para 70 anos a idade mínima para obter o direito a um salário mínimo Benefício de Prestação Continuada (BPC) (linkar: https://averdade.org.br/2019/03/reforma-da-previdencia-e-injusta-e-desumana/), ele também quer perdoar dívidas dos grandes proprietários de terra com o Funrural, imposto de contribuição previdenciária, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção rural. Ou seja, quer dar mais privilégios para os grandes empresários do agronegócio, que nos envenenam a cada dia em busca de cada vez mais lucros.
Agricultura familiar alimenta e emprega mais
Para piorar toda essa situação, no início deste mês, o governo Bolsonaro suspendeu o financiamento para a agricultura familiar através da suspensão do repasse de verbas pelo BNDES para o Prona, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. A explicação foi que acabou o recurso disponível para investimentos do banco para o “Ano Agrícola 2018-19”.
Este fato ocorre com os perdões de dívidas e casos exemplificados acima, além de outros, como o pedido para o Banco do Brasil reduzir os juros dos empréstimos cobrados aos grandes capitalistas do campo. O pedido foi feito na abertura da “Agrishow”, feira do setor agropecuário, onde o atual presidente também afirmou que “a propriedade privada é sagrada e ponto final”.
Ao mesmo tempo que santifica o latifúndio, Bolsonaro ataca a agricultura familiar, que cumpre com o papel de produzir 70% dos alimentos consumidos no país e gerar 77% dos empregos no setor agrícola no Brasil. Assim, ao mesmo tempo que coloca a propriedade privada dos meios de produção do campo em um altar, joga ao relento a vida e segurança alimentar dos trabalhadores(as) brasileiros(as) dos campos e das cidades.
Daniel Romão, jornalista e militante da Unidade Popular Pelo Socialismo (RJ)
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