UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

O relato das famílias pobres e nossas reflexões de militantes

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Redação Sergipe


Foto: A Verdade

SERGIPE – O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas e a Unidade Popular pelo Socialismo de Sergipe, têm realizado uma vitoriosa campanha de arrecadação de cestas básicas e kits de higiene para as famílias sem teto cadastradas no movimento. Nas nossas entregas sempre conversamos com as pessoas para saber como a pandemia do Coronavírus e as medidas de isolamento social têm influenciado na economia de seus lares. Os relatos são chocantes. Os chefes de famílias são diaristas, artistas populares, domésticas, vendedores ambulantes, desempregados e etc. 

Nós, do MLB, UP, Movimento de Mulheres Olga Benario, juntamente com o Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Sergipe, estamos realizando uma nova campanha para as famílias do MLB e as trabalhadoras domésticas e diaristas. Também estamos desenvolvendo junto com O Movimento Nacional de População de Rua – MNPR, Pastoral do Povo na Rua, Movimentos Negros, Movimentos Hip-Hop, a Arquidiocese de Aracaju, os Brigadistas do Bem, a Comunidade Bom Pastor, arrecadação e distribuição de alimentos e roupas aos moradores em situação de rua. Além de pressionar a prefeitura de Aracaju (Edivaldo Nogueira) e o governo do Estado (Belivaldo Chagas) a tomar medidas responsáveis, como abrigos em escolas e prédios ociosos.


Foto: A Verdade

Alguns relatos:

O companheiro Valdir, vendedor de picolé, não está podendo sair de casa por causa do isolamento como combate ao COVID-19, tem filhos para alimentar e não sabe o que fazer para incorporar a sua renda. Dependeu da colaboração da campanha do MLB para comer esse mês. 

A cantora popular Patrícia Luz militante da UP sergipana, fazia shows nos terminais de ônibus e bares de Aracaju, com essa pandemia está impossibilitada de levar o seu sustento e dos 4 filhos. A UP realizou uma live como campanha de arrecadação de doações para ela e o MLB.

Elisângela tem uma vida sofrida, vive em constante contato com o tráfico e há 5 anos sofreu uma agressão de um ex-vizinho, que a assediava diariamente. Por não ter conseguido nenhuma aproximação com a companheira, resolveu tirar a sua vida. O agressor dizia que “Se ela não for minha não será de mais ninguém”, conta Elisângela. Num momento em que ela estava na porta o agressor veio com uma faca e a golpeou traiçoeiramente, os golpes romperam os tendões da mão e braço direito, perfuraram a barriga e um outro na coxa. Elisângela sofre desde então com depressão e a paralisia de parte dos movimentos da mão. Além de lutar pra conseguir se aposentar.

Cleisiane faz parte da grande Aracaju, reside na “Nova Nossa Senhora do Socorro”, está na luta com o Movimento, mas sofre necessidades por trabalhar com reciclagem de materiais dispensados na rua. Nesses tempos de coronavírus tem que sustentar 3 filhos e viver com a violência constante do lugar onde mora. Barracos feitos de madeira e plástico, com falta de saneamento básico e esgoto ao céu aberto. 

Foto: A Verdade

Outro caso, também em Nossa Senhora do Socorro é o de Walter, que teve um acidente de trabalho na perna e caminha com dificuldade. Faz parte da coordenação do MLB e é membro da Unidade Popular pelo Socialismo de Sergipe. Ele conta que recebia o benefício da aposentadoria, mas desde a entrada do desgoverno fascista de Jair Bolsonaro foi cortado e ele passa a amargar dívidas e dificuldade de se alimentar, junto a sua companheira e seus dois filhos. 

José Cícero é analfabeto, faz parte da coordenação do MLB e também é membro da UP de Sergipe. Recentemente foi demitido da empresa onde trabalhou por 10 anos. Justa causa, eles disseram. A verdade é que ele tinha feito uma cirurgia de hérnia, a segunda desde que trabalha no local. A empresa, sem nenhum compromisso com a vida dos trabalhadores, não quis arcar com o segundo resguardo e o demitiu, sem pagar os seus direitos corretamente. 


Foto: A Verdade

Reflexões sobre o nosso trabalho:

Esses e demais relatos nos comovem e nos fazem refletir profundamente sobre a situação do nosso povo, que sofre nos Bairros, nas Vilas e Favelas, jogados à margem e pisoteados pelo sistema capitalista. Os burgueses, classe que mantém esse sistema decrépito à base da repressão e superexploração dos trabalhadores, mesmo em tempos de pandemia tem revelado cada vez mais, o que prova a história e dizia Marx, eles são antagônicos à classe operária. 

No dia 27, os representantes do comércio, foram às ruas, também em Sergipe, reivindicar a abertura do comércio. Saídos dos seus apartamentos seguros, entraram em seus carros de luxo para solicitar o suicídio dos trabalhadores. 

O governo fascista de Jair Bolsonaro, que governa para os ricos, apoiou e compartilhou a campanha assassina e genocida, “O Brasil não pode parar”, indo de encontro com as recomendações de milhares de especialistas, inclusive da OMS. 

Os ridículos 200 reais que esse desgoverno havia proposto, a falta de caráter e competência de falas e shows públicos de barbárie como; “é só uma gripezinha”, demonstram a irracionalidade do fascismo e seu compromisso com os mais ricos e a morte dos mais pobres. 

Outra reflexão mais profunda ainda que devemos fazer enquanto militante é a do nosso trabalho junto às massas. Às vezes reclamamos que temos muito trabalho, ou que fazemos mais trabalhos que os demais companheiros, esperando aplausos e fazendo a luta política de maneira atravessada. Nesse momento de isolamento social e massacre ao nosso povo é que devemos perceber que não fazemos ainda muito trabalho, que ele precisa se multiplicar.

Dedicar nossas vidas a construir uma via revolucionária, iluminada pelo marxismo leninismo é tarefa urgente da nossa militância. Nos formar moralmente como comunistas, arrancar de nós a arrogância. Arregaçar as mangas e ir pra junto das massas. Só assim construiremos um governo popular, revolucionário dos trabalhadores.   

FORA BOLSONARO! POR UM GOVERNO POPULAR!

ABAIXO O FASCISMO! VIVA O SOCIALISMO!     

Arte de divulgação da campanha citada na matéria:

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