Isabella Alho
BRASIL – “Bora, pessoal, bater panela que a geladeira tá vazia! Vamo, meu povo, vamo tirar o Bolsonaro!”. Foi assim que Dona Marta, moradora da Ocupação Esperança, em Belo Horizonte (MG), convocou a vizinhança para o panelaço organizado pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e pela Unidade Popular (UP), na noite do dia 21 de abril.
Pontualmente às 20h, em dezenas de comunidades espalhadas por 13 estados do país, ouviram-se panelas batendo contra o governo e gritando “Fora Bolsonaro”.
O panelaço das periferias é resultado da revolta do povo diante de um governo que não consegue responder às demandas populares em meio à crise do coronavírus. “Eu tô revoltado com esse Bolsonaro, ele tá deixando a desejar na saúde, no SUS e na minha geladeira, que tá vazia”, disse seu Pedro, morador de Diadema, na Grande São Paulo. Outras pautas foram levantadas no protesto, como o congelamento dos aluguéis, o fim da fome e da carestia, a proibição de todos os despejos, a suspensão das prestações do “Minha Casa, Minha Vida” para as famílias pobres e luz e água de graça para o povo.
Prioridade do Governo Não é o Povo
O Governo Bolsonaro, segundo a Auditoria Cidadã da Dívida, tem R$ 4 trilhões em caixa para atender a todos esses direitos das periferias. Mesmo assim, preferiu destinar R$ 1 trilhão aos bancos, milhões às empresas privadas e apenas R$ 600 de auxílio aos trabalhadores. Pior: uma grande parcela da população nem conseguiu acesso ao auxílio emergencial. Há inúmeros relatos de problemas cadastrais, processos em análise, dinheiro que não pode ser sacado, aplicativo com defeito, etc. Não há nenhum telefone ou posto de atendimento presencial onde os trabalhadores possam resolver esses problemas.
Além disso, 39% dos domicílios brasileiros não possuem acesso à internet. Se considerarmos as famílias com a renda mais baixa, 70% dos domicílios não possuem acesso à internet. Ou seja, quem mais precisa do auxílio emergencial encontra dificuldades na hora de acessar o benefício.
Contudo, não é só a internet que falta. Nos bairros mais pobres também falta água. “Como vamos seguir as recomendações de saúde de lavar as mãos de 20 em 20 minutos se na minha casa não chega água?”, pergunta Eslane Paixão, moradora do bairro Uruguai, em Salvador. Como ela, outros 35 milhões de brasileiros estão sem água tratada e cerca de 100 milhões não possuem coleta de esgoto, principalmente nas áreas mais vulneráveis, nas favelas, periferias e bairros afastados (IBGE, 2019).
São nesses locais em que o MLB atua na luta pelo direito humano de morar dignamente e foi justamente aí onde o panelaço do dia 21 demonstrou a revolta do povo e a vontade de dizer “Fora Bolsonaro”, provando que o panelaço não acontece só em áreas centrais e de classe média.
O Panelaço é do Povo
O capitalismo, ao promover uma nova crise, joga a conta nas costas dos trabalhadores que, por sua vez, têm suas horas de trabalho aumentadas, salários diminuídos, condições cada vez piores no serviço. O fascismo é uma ferramenta do capitalismo para impor mais exploração sobre o povo.
De fato, como Flávio Bolsonaro vai continuar roubando dinheiro dos trabalhadores e lavando em imóveis no Rio de Janeiro enquanto aumenta cada vez mais a população de rua e o déficit habitacional? Como o governo Bolsonaro vai continuar doando milhões e milhões de reais aos bancos, empresas e hospitais privados ao mesmo tempo em que não fornece equipamentos de proteção aos profissionais da saúde do SUS e priva o povo de água, teto e comida?
Isso só é possível com um governo fascista, que persegue e assassina lideranças dos movimentos, censura dados públicos de mortes pelo coronavírus e convoca manifestações pela volta da ditadura militar.
“Enquanto os fascistas estiverem dirigindo o país, o capitalismo se tornará cada vez mais cruel. A boa notícia é que os dias deste governo fascista estão contados. A cada panelaço, a cada revolta popular, a cada manifestação, o Governo Bolsonaro fica cada vez mais fraco!”, defende Poliana Souza, da Coordenação Nacional do MLB.
Poliana tem razão. Precisamos derrotar o quanto antes o Governo Bolsonaro e colocar o povo no poder. Afinal, quem melhor do que Dona Marta, Seu Pedro ou Eslane para decidir o futuro do país? Quem melhor do que os trabalhadores, que dedicam suas vidas a construírem as riquezas para governar nossa nação? Só o povo salva o povo.