Redação RN
No dia 24 de Abril, a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), representando 16 das maiores operadoras nacionais, se recusou a manter os planos e serviços de saúde aos inadimplentes — isto é, aqueles sem condições de pagar — em nota pública. A decisão foi na contramão do acordo que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estava propondo desde 9 de Abril. Numa proposta buscando minimizar a crise no sistema de saúde, a agência tinha pedido que o atendimento médico permanecesse até o dia 30 de Julho e que as empresas oferecessem a renegociação de dívidas aos que não podiam pagar.
Para equilibrar as exigências, a ANS liberaria R$ 15 bilhões para o fundo das operadoras, mas a federação insistiu que a medida iria piorar a saúde financeira das empresas. Isso é uma demonstração clara de prioridades: no momento onde mais de 4 mil brasileiros morreram pela Covid-19, os grandes planos de saúde fazem cálculos para salvar seu financeiro.
Mais uma vez, os planos de saúde mostram suas limitações para cuidar do povo brasileiro. Ao se preocupar mais com o lucro e o desejo dos seus acionistas, as operadoras negam se engajar num plano coletivo. Assim notou a ANS — “as operadoras, em sua avaliação individualizada, entendem que não precisam recorrer às reservas técnicas para o enfrentamento da pandemia”, mostrando para nós que a extensa rede de hospitais privados não serve aos interesses humanos.
Por outro lado, a rede pública passou por um amplo processo de desmonte e corte de investimentos que é visualizado com a PEC 241 do teto de gastos. E isso também tem uma relação direta com os grandes planos de saúde que têm interesse político no sucateamento da saúde pública. Agora, vemos um cenário de calamidade com número de testes insuficientes, falta de leitos, respiradores e, impressionantemente até de EPI’s para os médicos no sistema público.
Esse conjunto de evidências explica o impacto do coronavírus no Brasil. Com o único sistema de saúde capaz de atender à população sem investimento e incapacitado e a rede privada interessada em ajudar apenas os endinheirados, vemos que a pandemia vai afetar muito mais o povo pobre. Esse é o reflexo de um sistema que é indiferente à vida humana e visa apenas lucrar com a saúde. A classe capitalista e as grandes empresas são os grandes autores disso.