UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sábado, 16 de novembro de 2024

Governo defende lucro em vez da vida

Outros Artigos

HIPOCRISIA – A flexibilização da política de quarentena vai contribuir para o crescimento no número de casos e mortes no Brasil. (Foto: Eduardo Frazão/Exame)
Thaís Furtado e Patrícia Egerland

FLORIANÓPOLIS (SC) – O rápido aumento de casos confirmados no país é reflexo da postura genocida do Governo Bolsonaro, que, desde o início, vem demonstrando descaso com o povo e sua completa submissão à grande burguesia e ao imperialismo norte-americano. Com afirmações falsas sobre a gravidade da Covid-19 e o desrespeito às orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) em relação ao isolamento social, Bolsonaro põe em risco a saúde e a vida de todos nós. 

Em Santa Catarina, o governador Carlos Moisés (PSL) decidiu, no início da pandemia, pela suspensão das atividades escolares, do transporte público, do fechamento de comércios e de todos os serviços não essenciais. Não tardou muito para que revelasse que a responsabilidade com a vida da população se tratava somente da aparência e que o real compromisso é com os interesses dos grandes empresários, do comércio e da indústria.

Após uma carta assinada por diversas associações comerciais e industriais, o governador autorizou a retomada parcial do comércio de rua e dos hotéis. Dias depois, academias, restaurantes, shoppings e cultos religiosos foram liberados, quando já eram contabilizados mais de mil casos no estado.

Uma característica bastante importante para a compreensão do alastramento dessa doença é que os sintomas aparecem cerca de 10 a 14 dias após o contágio. Isso explica o achatamento da curva no mês de março e o elevado pico que se encontra agora, semanas após a retomada ampla das atividades econômicas em todas as cidades catarinenses. Muitas das decisões tomadas em abril pelo governador e por prefeitos, que flexibilizaram as medidas de isolamento, são justificadas pela “baixa contaminação na região” e que, por isso, a volta gradual das atividades econômicas é possível, com “pouco risco para a população”, desde que “todos sigam as medidas de segurança” e “fiquem em casa”.

Aos trabalhadores e trabalhadoras fica a dúvida: como ficar em casa sem a garantia das mínimas condições necessárias para sobreviver? Pressionados pela iminência do desemprego e pela necessidade de sustentar a família, muitos trabalhadores são obrigados a voltar para seus postos de trabalho, correndo risco de contaminação.

À medida que o percentual de isolamento social diminuiu no estado, de 50% para 39%, o número de contaminados aumentou substancialmente. Estudo realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina e pela Universidade da Região de Joinville evidencia que a flexibilização das medidas de isolamento social no estado contribuíram para o rápido aumento do número de casos da Covid-19.

O caso da cidade de Blumenau ficou conhecido, quando a retomada das atividades de um shopping da região foi motivo de comemoração, com show e grande aglomeração à espera da abertura. Cerca de dez dias após esse episódio, Blumenau registrou um aumento de 95% de contaminação.

Outro estudo realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina⁴, em parceria com Univille e University of Waterloo (Canadá), aponta para o alto número de subnotificações no estado. A pesquisa indica que a estimativa em Santa Catarina seja de mais de 58 mil pessoas contaminadas, contrastando com os mais de cinco mil casos anunciados pelo governo catarinense. A discrepância se dá, principalmente, pela baixa testagem, sendo esta uma realidade em todo o país.

Em Itajaí, o hospital de campanha anunciado pelo governador teve suas obras e seu contrato suspensos por ordem da Justiça após a suspeita de superfaturamento no orçamento da obra, estimada em R$76 milhões.  

Em uma sociedade que prioriza o lucro ao invés da vida, a burguesia se organiza para, mesmo em meio a maior crise sanitária dos últimos 100 anos, lucrar ainda mais, à custa da vida de milhares de trabalhadores que constroem esse país.

Conheça os livros das edições Manoel Lisboa

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias recentes