Thaís Furtado e Patrícia Egerland
FLORIANÓPOLIS (SC) – O rápido aumento de casos confirmados no país é reflexo da postura genocida do Governo Bolsonaro, que, desde o início, vem demonstrando descaso com o povo e sua completa submissão à grande burguesia e ao imperialismo norte-americano. Com afirmações falsas sobre a gravidade da Covid-19 e o desrespeito às orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) em relação ao isolamento social, Bolsonaro põe em risco a saúde e a vida de todos nós.
Em Santa Catarina, o governador Carlos Moisés (PSL) decidiu, no início da pandemia, pela suspensão das atividades escolares, do transporte público, do fechamento de comércios e de todos os serviços não essenciais. Não tardou muito para que revelasse que a responsabilidade com a vida da população se tratava somente da aparência e que o real compromisso é com os interesses dos grandes empresários, do comércio e da indústria.
Após uma carta assinada por diversas associações comerciais e industriais, o governador autorizou a retomada parcial do comércio de rua e dos hotéis. Dias depois, academias, restaurantes, shoppings e cultos religiosos foram liberados, quando já eram contabilizados mais de mil casos no estado.
Uma característica bastante importante para a compreensão do alastramento dessa doença é que os sintomas aparecem cerca de 10 a 14 dias após o contágio. Isso explica o achatamento da curva no mês de março e o elevado pico que se encontra agora, semanas após a retomada ampla das atividades econômicas em todas as cidades catarinenses. Muitas das decisões tomadas em abril pelo governador e por prefeitos, que flexibilizaram as medidas de isolamento, são justificadas pela “baixa contaminação na região” e que, por isso, a volta gradual das atividades econômicas é possível, com “pouco risco para a população”, desde que “todos sigam as medidas de segurança” e “fiquem em casa”.
Aos trabalhadores e trabalhadoras fica a dúvida: como ficar em casa sem a garantia das mínimas condições necessárias para sobreviver? Pressionados pela iminência do desemprego e pela necessidade de sustentar a família, muitos trabalhadores são obrigados a voltar para seus postos de trabalho, correndo risco de contaminação.
À medida que o percentual de isolamento social diminuiu no estado, de 50% para 39%, o número de contaminados aumentou substancialmente. Estudo realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina e pela Universidade da Região de Joinville evidencia que a flexibilização das medidas de isolamento social no estado contribuíram para o rápido aumento do número de casos da Covid-19.
O caso da cidade de Blumenau ficou conhecido, quando a retomada das atividades de um shopping da região foi motivo de comemoração, com show e grande aglomeração à espera da abertura. Cerca de dez dias após esse episódio, Blumenau registrou um aumento de 95% de contaminação.
Outro estudo realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina⁴, em parceria com Univille e University of Waterloo (Canadá), aponta para o alto número de subnotificações no estado. A pesquisa indica que a estimativa em Santa Catarina seja de mais de 58 mil pessoas contaminadas, contrastando com os mais de cinco mil casos anunciados pelo governo catarinense. A discrepância se dá, principalmente, pela baixa testagem, sendo esta uma realidade em todo o país.
Em Itajaí, o hospital de campanha anunciado pelo governador teve suas obras e seu contrato suspensos por ordem da Justiça após a suspeita de superfaturamento no orçamento da obra, estimada em R$76 milhões.
Em uma sociedade que prioriza o lucro ao invés da vida, a burguesia se organiza para, mesmo em meio a maior crise sanitária dos últimos 100 anos, lucrar ainda mais, à custa da vida de milhares de trabalhadores que constroem esse país.